Indústria Cultural

Quando passou o século XIX para o XX, a parte ocidental do mundo passou a conviver com uma forma diferente de produção cultural. A produção numa escala maior, implantada por Henry Ford, passou a se estender por outros setores. O desenvolvimento da tecnologia possibilitou no aparecimento de formas novas de expressões artísticas e a consolidação de relações novas entre a arte e o público.

Indústria Cultural

Indústria Cultural

Por exemplo, o cinema é uma expressão dessas. Uma determinada gravação de sequência de cenas ao ser copiada, a mesma poderá ser reproduzida por infinitas pessoas nos lugares mais remotos do mundo. É fato que tal possibilidade de chegar há muitas pessoas é positiva.

Entretanto, muitos filósofos observaram que ali existia algo não tão afirmativo nessa realidade nova. Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), filósofos alemães, notando esse momento novo da arte, criaram o termo “indústria cultural”.

A Indústria Cultural

O termo Indústria cultural é usado para indicar essa forma de se fazer cultura, usando a mesma lógica da produção industrial. Quer dizer que a produção da arte passou a visar lucro, dinheiro. Por exemplo, para que se consiga lucrar com o cinema é necessário produzir um filme que seja do agrado de um numero maior de pessoas. Dessa maneira, formam-se determinados padrões, como o mocinho e o vilão, os finais felizes, as histórias de amor. De forma habitual, toda cultura fica unificada e não existe espaço para o diferente.

Toda essa padronização acontece ainda no mundo da música. Um artista ou um ritmo de sucesso rapidamente é clonado, não dando escolha aos ouvintes, pois tudo é bastante semelhante. Outra dificuldade é que não existe mais espaço para que se possa criar.

Em se tratando da música, a composição deve estar conforme a vontade do produtor musical, do dono da gravadora e ainda do empresário. Se observarmos bem, a coerência da produção artística é tal e qual a da produção industrial, na qual as pessoas fazem apenas uma parte sem saber como se faz todo o processo. É fundamental vender sempre muitos álbuns, e o que menos importa é a qualidade da música veiculada.

Essa indústria cultural, que produz a cultura para o povo, acaba fazendo um círculo vicioso. Quem define o tipo de arte a ser consumida é a indústria; e uma fatia do público que ainda não se revoltou com os modelos impostos acaba perdendo a competência de julgar e de enxergar algo bom.

Através disso, a indústria cultural acaba produzindo mais opções de qualidade duvidosa e o público passa a assimilar essa arte. Esse sistema resulta numa arte de qualidade inferior e em pessoas sempre com um padrão inferior de gosto.

No entanto, há um conjunto de amigos de Adorno e Horkheimer, como Walter Benjamin, o filósofo, que observava uma coisa boa no fato da arte poder chegar a muitas pessoas. Para ele existe uma arte mais democrática.

A probabilidade de fazer cópias da produção é a possibilidade de fazer com que a cultura chegue a um numero maior de pessoas. A fotografia permite que se veja uma obra de um museu que está do outro lado do mundo, sem que a pessoa precise se deslocar até o lugar. O cinema permite a mesma coisa. Mesmo o cinema e a fotografia sendo uma fração do olhar daquele que estava atrás da câmera é plausível que se leve levar esse fragmento do mundo às demais pessoas.

Além do mais, com o progresso da tecnologia, é admissível que mais pessoas possam ter acesso aos meios de produção cultural. Não foi visto por Benjamin o mundo de alta tecnologia com que nos deparamos todos os dias, mas o que ele tencionava pode ser notado. O preço mais baixo da tecnologia admitiu que vários artistas pudessem gravar em improvisados estúdios em seus quartos e em suas garagens. Uma dessas ferramentas é o computador que proporciona uma abertura ao mundo, trazendo maior democracia ao acesso cultural.

Ainda que seja uma peça importante na constituição da consciência popular, a Indústria Cultural nem de longe apresenta produtos que sejam artísticos. Até porque tais produtos não são representativos de um tipo de classe (inferior ou superior, dominados e dominantes), e são dependentes exclusivamente do mercado. Essa ideia ajuda na compreensão de que maneira atua a Indústria Cultural.

Apresentando produtos que geram uma compensatória e passageira satisfação, que agrada às pessoas, ela se impõe sobre estes, dominando-os e deixando-os sem uma capacidade crítica. A indústria cultural, escondendo as forças de classes, apresenta-se como poder único de dominação e transmissão de uma cultura de submissão.

Ela se torna o caminho que leva as pessoas num universo caótico e que, em razão disso, desarticula, desativa, qualquer rebeldia contra o sistema. Isso demonstra que a falsa felicidade ou satisfação trazida pela Indústria Cultural termina impedir ou por desmobilizar qualquer tipo de crítica que, de certa maneira, era o principal objetivo da arte (como na época renascentista). Ela modifica os homens em seu foco e não deixa que se forme uma autonomia consciente.

Juntando como um todo a sociedade, com um número inferior de evasão, se torna difícil a quebra de um sistema de produção tal. Os que se entregam a essa forma de indústria fazem apenas falar de maneira diversa a mesma coisa. Entretanto, certa crítica pode ainda ser observada naqueles que provocam uma forma de arte que gera efeitos estéticos avessos à padronização ofertada pela indústria. Ainda assim, é uma experiência que se coloca à margem do contexto, pois não apraze àquelas pessoas habituadas com um modelo estanque.

Com um dos participantes da Escola de Frankfurt, na qual se desenvolveu a Teoria Crítica, o próprio Adorno, ergueu uma forma musical avaliada nos parâmetros das músicas eruditas e clássicas, porém, com uma aparente horrenda melodia àqueles ouvidos afeiçoados aos tons musicais tradicionais.

Sua ideia era a de exatamente desabituar a concepção daquela informação tradicional de harmonia e de ordem (pois sua canção apenas parecia sem harmonia, quando na verdade era completamente arranjada e ordenada– dodecafônica) na qual prevalecia a cultura burguesa vigorante naquele tempo.

Indústria Cultural é um termo criado pelos sociólogos e filósofos alemães Max Horkheimer (1985- 1973) e Theodor Adorno (1903-1969), ambos faziam parte da Escola de Frankfurt. Esse termo aparece na obra Dialética do Esclarecimento do ano de 1947. Neste capítulo os autores observam a função e a produção da cultura no capitalismo. Os autores criaram esse termo de Indústria Cultural para determinar a conversão da cultura em mercadoria. Esse termo não faz referência aos veículos como jornais, televisão, rádio, entre outros, mas sim ao uso dessas tecnologias por alguns da classe dominante, para a divulgação de suas idéias conformistas e controle da população. A produção intelectual e cultural começa a ser guiada pela probabilidade de consumo mercadológico com a mais ampla face do capitalismo.

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Curiosidades

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