A Relação da Escola x Classe Social

A estrutura da escola no Brasil é muito discutida e principalmente criticada no que diz respeito as condições das escolas públicas. Para alguns estudiosos estamos vivendo uma “grande crise”, porém, passando por um momento de reestruturação na educação como um todo.

A Relação da Escola x Classe Social

A Relação da Escola x Classe Social

Para quem defende que é necessário fazer uma reestruturação da escola como um todo é preciso começar da relação entre a instituição, o aluno e o professor, que é o ponto chave para se conseguir um bom resultado ou não.

Essa relação do aluno com o professor é “uma peça fundamental” defendem, porém, é bem mais complexa do que julgamos, pois envolve diversas circunstâncias. Do processo da aprendizagem, passando pela forma como se organizam, como a mensagem chega ao aluno, o material didático e muito mais. Além disso, ainda existe a relação humana e nesse contexto a classe social pode ter um papel determinante.

Os Alunos de Classes Sociais Distintas Recebem o Mesmo Ensino?

A resposta para a pergunta se alunos de classes sociais diferentes recebem o mesmo ensino é bem óbvia para todos nós. Evidentemente não existe essa paridade entre alunos e é bem simples responder essa pergunta, basta observar a qualidade das escolas públicas, aquela que deveria atender, principalmente, os alunos cuja família tem baixa renda.

É evidente que uma escola pública não oferece um ensino de qualidade, pois quem pode pagar uma escola privada para o filho, o faz, mesmo que isso signifique abrir mão de outras coisas ou uma despesa que pesa no orçamento. Há também que opta pela melhor escola, que evidentemente é a mais cara.

Atualmente, no Brasil, não seria incorreto afirmar que o valor que se paga para uma escola determina a qualidade do ensino. A pública, a custo zero (que na verdade não é, pois são os impostos que a população paga que devem ser investidos nela, então não é exatamente gratuita) é péssima, como raríssimas exceções; a privada com preços de mensalidades mais acessíveis tem um ensino razoável e as com mensalidades caríssimas são as melhores.

Sendo assim, não seria incorreto dizer que a relação da escola com a classe social é bem simples: quanto mais alta a classe social melhor a escola vai oferecer e quanto mais baixa for, pior a escola vai oferecer.

Então, a escola poderia estar dividindo o ensino em três grupos: o primeiro para o aluno pobre que seria apenas aquele de dizer que frequenta uma escola e quando aprende alguma coisa fica como “prêmio”. O segundo no meio da pirâmide aprende alguma coisa e pelo o que paga está dentro do suficiente. O terceiro vai para a escola particular e será o grande profissional do futuro, pois terá toda a estrutura que o permite de chegar lá.

Em raras exceções, ficamos felizes de ver, pessoas que nadam contra a maré. São tão determinadas que não se deixam levar pelo o que é imposto nessa “estrutura escola x classe social”, dependem mais de si mesmos do que da escola e chegam onde não poderiam com o que foi oferecido pela metade.

A Inversão Quando é Hora de Encarar o Vestibular

Outra prova de que a escola pública não cumpre o seu papel, como se não bastassem todas as evidências, incluindo pesquisas que mostram claramente o quanto determinadas instituições são ineficientes, está na faculdade pública.

A faculdade pública que ao contrário da escola pública oferece um ensino de qualidade, acaba servindo para atender exatamente os alunos que estudaram nas escolas particulares. Uma matemática simples, eles estão mais preparados e superam com maior facilidade o vestibular, assim como conseguem seguir as aulas também. Os alunos que passaram todo o período escolar que antecede a faculdade em escolas públicas não está preparado para enfrentar o vestibular e muito menos o ensino da nova etapa da vida, pois falta o principal, a base.

Escola x Professores x Alunos

Quando falamos de escola de qualidade ou não estamos querendo falar exatamente o que? O que falta para uma escola pública para ser tão boa quanto uma particular? Seria um prédio bonito, cadeiras confortáveis, carga horária maior, pode ser que sim, são elementos que ajudariam. Porém, acima de tudo, ensino de qualidade.

Não adianta ter uma escola nova, bem pintada, com portões bonitos, quando o conteúdo não é bom. Será mesmo que todos os professores da rede pública de ensino estão preparados para assumir a sala de aula?

Alunos podem estudar sentados na grama de um jardim, mas se o conteúdo for de qualidade e quem o tiver passando souber fazê-lo, eles serão vão aprender. Aliás, é fundamental que os professores envolvam os alunos. Uma aula chata é prejudicial, pois faz com que quem assiste não tenha o menor interesse.

Falar de escola, de falta de qualidade é tudo muito complexo, envolve uma série de questões que deveriam ser revistas, incluindo o baixo salário dos professores.

Dados da Escola Pública no Brasil

Se nas escolas particulares está tudo muito bem e isso significa que a divisão de classes é evidente também na educação, não podemos dizer o mesmo das instituições públicas.

Em junho de 2013, uma pesquisa revelou que somente 0,6% das escolas públicas no Brasil tinham a infraestrutura necessária para serem consideradas ideais. A pesquisa revelou ainda, que o mínimo, como energia elétrica, água encanada, cozinha com infraestrutura era uma realidade de 44% das escolas.

Quando divulgada, os próprios organizadores da pesquisa se disseram “chocados” quando viram os resultados, piores do que eles imaginavam.

Aqui mais uma vez se evidencia as diferenças de classes sociais nas escolas. Os próprios pesquisadores afirmam que não tinham dúvidas de que na zona rural, isto é, de renda mais baixa, a infraestrutura seria precária, porém, que não achavam que seria “tanto” como encontraram.

Péssimo sinal duas vezes: primeiro por julgar que seria “normal” encontrar baixa infraestrutura na zona rural e segundo, porque a situação encontrada foi a pior possível.

A pesquisa que visava somente analisar a infraestrutura foi dividida para incluir as escolas nos seguintes grupos: infraestrutura elementar ( energia e esgoto, por exemplo), infraestrutura básica (computadores, impressora, sala da direção), infraestrutura adequada (laboratório, biblioteca) e infraestrutura avançada (com estrutura para atender alunos com necessidades especiais).

A Relação

Durante mais de 40 anos estudiosos da sociologia estudam a relação existente entre o desempenho escolar de uma criança e o grupo social a qual seus pais pertencem. Grande parte das conclusões indica que os estudantes de classes sociais mais populares não têm a mesma chance de sucesso do que aqueles que pertencem à classe média.

Entretanto, como se explica o sucesso obtido nas escolas por alunos de família desfavorecida? E o paradoxo também ocorre… Como explicar o aluno cuja família é bem abastada e, contudo, tem uma vida escolar fracassada?

Segundo o pesquisador francês residente em nosso país, Bernard Charlot, que aprofundou suas pesquisas na área em meados de 1980 quando ainda residia em Paris, tanto o sucesso quanto o fracasso do aluno em relação ao seu aprendizado dependem do tipo de relação existente entre o aluno e o conhecimento ou o desenvolvimento cognitivo. Em outras palavras, a apreensão do conhecimento pelo aluno equivale, em gênero e grau ao sentido que o conhecimento tem com o seu cotidiano e com seus projetos de vida.

Por Carlos Alberto Bächtold

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Categoria(s) do artigo:
Ensino

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