Definição e História da Psicologia Social

Psicologia Social Definição E História

A Psicologia social é um dos ramos da psicologia, tal ramo estuda como as pessoas pensam, agem, como influenciam e também se relacionam com outras pessoas.

Definição da Psicologia Social

O estudo da psicologia social surgiu para estabelecer uma relação entre a sociologia (e ciências sociais, como geografia, história, antropologia e ciência política) e a psicologia, tendo como seu principal objetivo estudar o comportamento dos indivíduos quando estão em interação com os demais indivíduos em sociedade.

A psicologia social pode ser definida como o estudo que visa analisar o condicionamento dos processos mentais que são impostos para se viver em sociedade, e também como a convivência social irá se manifestar na vida do indivíduo, e o influenciar.

Para exemplificar usando a palavra de alguém da área, é possível citar a fala de Aroldo Rodrigues, um psicólogo brasileiro (que foi um dos primeiros a escrever sobre esse tema), em que ele define a psicologia social como “a psicologia social é uma ciência básica que tem como objeto de estudo as manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação. A influência dos fatores situacionais no comportamento do indivíduo frente aos estímulos sociais”.

No geral, a área busca entender a interdependência entre os indivíduos, como os encontros sociais irão exercer influência na interação social. Para analisar tais coisas, é preciso analisar o encontro social, com tais interações como: processo de socialização, a comunicação, as mudanças de atitudes e as atitudes, a percepção social, os grupos sociais e o papel de do indivíduo dentro desses grupos.

Ilustração Sobre Psicologia Social

Ilustração Sobre Psicologia Social

É possível definir ainda duas vertentes da Psicologia Social, sendo elas a Psicologia Social Psicológica, e a Psicologia Social Sociológica, a primeira procura explicar coisas como o comportamento, sentimentos e pensamentos do indivíduo na presença de outras pessoas, sendo tal presença real ou imaginada, já a segunda procura entender melhor qual é a experiência que o indivíduo adquire a partir da convivência com os diferentes grupos sociais em que ele está inserido. Ambos estão relacionados, sendo a primeira vertente mais focada nos processos individuais, e a segunda visam os processos que emergem de diversos grupos.

Mesmo antes do estabelecimento da Psicologia Social essas dúvidas já rondavam a humanidade, principalmente no aspecto filosófico, sendo sempre uma questão debatida a forma com que os homens se relacionavam, as interações sociais, e as disposições psicológicas que produziam e moldavam o comportamento individual. É tarefa da Psicologia social o que já era questionado há tempos, que é explicar o patrimônio psicológico hereditário da espécie humano, procurando entender a extensão da influência da sociedade em nós.

A área de aplicação da Psicologia Social são as massas ou multidões, além de diversos fenômenos coletivos, como o terrorismo, o fanatismo, a bifobia, a lesbofobia, a transfobia, a homofobia, o racismo, o linchamento, ou ainda a utilização de propagandas e marketing, além de outras técnicas de dinâmicas em grupos (como dinâmicas em empresas ou terapia em grupo). A partir da perspectiva do que é estudado é possível estabelecer uma equivalência, entre as psicologias que são apresentadas como sociais, como, por exemplo, a psicologia comparada, psicologia dos grupos, das multidões, psicologia dos povos, psicologia social, psicologia institucional e psicologia comunitária.

Os Temas Abordados Dentro Da Psicologia Social

A psicologia social possui uma temática abordada bem ampla e variada, alguns de seus temas que constituem o seu objeto de estudo pode se falar da identidade. A identidade social ou o grau da identificação das pessoas, e a forma que elas compartilham características com os grupos é um dos fatores mais estudados na psicologia social. A identidade social é que determina o comportamento das pessoas, sendo que quando ela se identifica muito com um grupo, a sua identidade corresponderá aos valores e normas do mesmo.

Livro de Psicologia Social - Arnoldo Rodrigues

Livro de Psicologia Social – Arnoldo Rodrigues

Outro tema amplamente abordado na psicologia social são os estereótipos, que são a imagem que temos de outros grupos ou outros indivíduos. Essa imagem é geralmente algo simplificado e generalizado, que só serva para avaliar igualmente todos os membros de um determinado grupo, sem haver distinções precisas entre eles. Um exemplo de estereótipo pode ser o de considerar os espanhóis preguiçosos, os portugueses burros, os roqueiros mal humorados, e assim por diante, a partir desse estereótipo, quando uma pessoa interage com alguém desses grupos, já o faz achando que a pessoa possui essa característica, mesmo sem realmente conhecê-lo.

Algo que é muito estudado pela psicologia social e está bem relacionado aos estereótipos, são os preconceitos, esses são atitudes que são preconcebidas e fazem com que tomemos decisões rapidamente. São julgamentos que fazemos baseados em informações incompletas e distorcidas, e que são totalmente negativos. Os preconceitos são direcionados para uma raça, classe social, etc. E não possuem evidências nenhuma de que são julgamentos corretos, muito pelo contrário, há evidências de que os preconceitos não fazem bem a vivência em sociedade.

Mais um tema que pode ser citado é o conjunto de valores de uma pessoa, suas diretrizes que são impostas pela sociedade, eles geralmente possuem um consenso social e variam entre as diferentes culturas. Os valores são extremamente importantes, e em muitas culturas eles são considerados sagrados, mesmo que haja a possibilidade deles ser irracional, quem os segue não os deixarão de lado.

Esses são apenas alguns exemplos, porém a psicologia social estuda muitas outras coisas, como os processos interpessoais e grupais, o conformismo, a obediência, os movimentos sociais ao longo dos anos, a agressão e violência na sociedade, o trabalho em equipe, a socialização, a liderança, dentre outros.

Confira agora as categorias fundamentais dentro da Psicologia social:

O campo de ação da psicologia social é o encontro social, a interdependência entre os indivíduos e a interação social, sendo o analisado o comportamento em todos os contextos do processo da influência social, podem se destacar como tópicos os seguintes: Interação pessoal/ pessoas. Interação pessoa/ grupo ou grupos sociais. Interação grupo/ grupo com enfoque em grupos nacionais, locais e regionais.

Nas relações interpessoais será estudado: as influências recebidas, os conflitos e comportamentos divergentes, a autoridade, as hierarquias, o poder, o pai, a mãe, e o papel da família em distintos períodos históricos e também em culturas diversas, a violência doméstica contra a criança, a mulher, o homem e o idoso.

Papel da Família na Sociedade

Papel da Família na Sociedade

Também serão investigados os seguintes fatores psicológicos que rondam a vida social: os sistemas motivacionais como instinto, o status social, os estereótipos e estigmas, a liderança, a identidade e os valores éticos, a alienação, a dialética da inclusão e exclusão social, a produção do sentido e a teoria das representações sociais.

A psicologia social analisa os fatores sociais que envolvem a psicologia humana, sendo eles: estilo de vida, papéis sociais, preconceitos, moral, ideologia, opiniões, atitudes e as mudanças das atitudes, processo de socialização e motivação.

Essa divisão feita acima é didática, sendo a que é ensinada nas universidades, muitos desses temas e conceitos são abordados por outras disciplinas, dentro das ciências biológicas ou sociais, cada pesquisador irá delinear a sua pesquisa se aproximando do problema de interesse, além dos citados, podemos falar de outros temas, como: saúde mental, interfaces contemporâneas, justiça, multidões ou massas, dinâmicas dos movimentos sociais, as questões sociopolíticas, a psicologia das classes sociais e as relações de poder, as relações de raça, gênero e idade, o trabalho e as ações sociais, a agressão humana, e os efeitos dos diferentes tipos existentes de liderança.

História da Psicologia Social

A história da Psicologia Social acompanhou diversos movimentos ideológicos e pelos conflitos do século que se passaram como a luta do capitalismo contra socialismo, o nazismo e diversos outros movimentos.

O pioneiro no assunto foi o cientista Gustave Le Bon, um francês. Foi no ano de 1895 que ele apresentou seu primeiro trabalho, que era sobre Psicologia das Multidões, em tal trabalho ele apesenta a proposição básica para o entendimento da psicologia social, que aponta que quando as pessoas formam um grupo, independente das suas semelhanças ou dessemelhanças, seu caráter, modo de vida, inteligência, ocupações, eles são colocados em uma espécie de mente coletiva, que os fazem pensar, agir e sentir de uma maneira diferente daquela pela qual eles agiriam de forma isolada. Foi a partir dessa proposição que Sigmund Freud, no ano de 1921 começou os seus estudos sobre Psicologia de Grupo.

Gustave Le Bon

Gustave Le Bon

Carl Gustav Jung introduz o conceito de inconsciente coletivo, considerado por ele o que seria o substrato ancestral da psique humana, interpretando de forma nova a anomia, e os governos totalitários. Tanto Freud como Jung analisava a psique dos governantes em comparação com as individuais, além da cultura ou civilização, relacionando a tal ciência com a antropologia. Etnólogos como Ruth Benedict, Malinowski, Margaret Mead e Lévi-Straus estudaram a relação entre a psicologia e a etnologia, tomando como ponto de partida as teorias de psicólogos e psicanalistas.

Nos finais do século XIX foi quando a psicologia passou a se desenvolver mais como uma disciplina científica, se afirmando agora como uma ciência natural. Por volta do século XIX foi que ela nasceu na Europa, alguns anos mais tarde ela passa a existir em outros países, como nos Estados Unidos.

Alguns consideram que a psicologia social surgiu no ano de 1859, quando Steintahl e Lazarus lançaram a revista “Grande Enciclopédia Soviética”, revista que colocava a psicologia social como um ramo da psicologia. Já outros consideram que ela surge no fim do século XIX a partir de um processo de em que a sociologia começou a se relacionar com a psicologia.

No geral, não há um consenso exato de quando nasceu a Psicologia social. A Sociologia burguesa tende a querer justificar a ideologia do capitalismo com a psicologia social, mas ela não está somente relacionado a ideologia, elaborando também informação científica e ocupando-se de problemas reais.

Alguns consideram que a psicologia social tomou dois caminhos distintos, sendo um que atende a politica das classes dominantes, e o outro tenta atender as necessidades relacionadas a psicologia. Já outros acreditam que ala surge graças a várias Ciências Sociais obterem êxitos, mas reconhecendo que os interesses ideológicos e os interesses da burguesia também influem sobre ela.

História da Psicologia Social no Brasil

No Brasil surge por volta de 1900, quando Nina Rodrigues começou seus estudos etnopsicológicos, O animismo fetichista dos negros africanos e As coletividades anormais. Estudos esses que revelam o confronto entre a psicologia e a etnografia, tudo foi obtido a partir de observações precisas e interpretado pela psicologia clinica da época. Para Nina Rodrigues o principal obstáculo para possível progresso da sociedade estava no problema de integração entre as populações africanas e europeias.

Diversos outros autores brasileiros passaram a seguir a mesma linha de pensamento, interpretando de forma psicológica a instabilidade de caráter no resultado do choque de duas culturas, pressupondo um racismo biológico. No ano de 1923, Gilberto Freyre surge com uma nova interpretação com seus estudos.

Gilberto Freyre

Gilberto Freyre

Arthur Ramos foi convidado a ministrar o curso de psicologia social na Universidade do Distrito Federal no Rio de Janeiro, no ano de 1935, tendo ele um trabalho com tal título. Ele também abordava o assunto de maneira clássica, analisando as relações psicológicas dos indivíduos em sua vida social, e também a influência do grupo que ele pertencia em sua personalidade. Arthur Ramos tinha experiência medica em um hospital psiquiátrico da Bahia, e por isso, ele tinha consciência que havia problemas de saúde mental e da relação entre culturas.

Aroldo Rodrigues é um dos maiores nomes da psicologia social brasileira nos últimos anos, ele aborda temas relacionados a experimentos cognitivos, como por exemplo, propagandas.

Além dele, há também Silvia Lane, que é uma sócio histórica e marxista. Ela foi uma das professoras, junto de Aniela Ginsberg, que fundou o Programa de Estudos Pós-Graduandos em Psicologia Social, na PUC- SP, sendo o primeiro curso de mestrado ou doutorado existente no Brasil, isso ocorreu entre os anos de 1972 e 1983. Silvia Lane também foi presidente da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) entre os anos de 1980 e 1983, criando a partir do seu ótimo trabalho, diversos seguidores famosos.

No ano de 2013 oi criado o IPA (Instituto de Psicologia Avançada) na cidade de Ribeirão Pedro, município de São Paulo. Foram investidos em sua criação cerca de R$ 700 mil reais, possuindo capacidade de atender até 50 pessoas.

Pessoas Que Obtiveram Destaque Nos Estudos Da Psicologia Social

Vamos conhecer alguns nomes importantes da Psicologia Social:

  • Floyd Allport: Nasceu no dia 22 do mês de agosto do ano de 1890, nos Estados Unidos, e se tornou Psicólogo e professor universitário. Ele é conhecido como o fundador da psicologia social como uma disciplina cientifica.

    Floyd Allport

    Floyd Allport

  • Muzafer Sherif: Nasceu no dia 29 do mês de julho do ano de 1906, era turco e depois passou a viver nos Estados Unidos. Ele desenvolveu uma experiência chamada “Caverna dos ladrões”, onde ele dividiu diversos garotos em dois grupos, para analisar os preconceitos nos grupos sociais. Sendo ele um dos colaboradores da teoria realista do conflito e a teoria do julgamento social, desenvolvidas a partir de tal estudo.

    Muzafer Sherif

    Muzafer Sherif

  • Solomon Asch: Nasceu no dia 14 do mês de setembro do ano de 1907, na Polônia, mais tarde passou a viver nos Estados Unidos. Ele dedicou seus estudos a influência social. Ele possui diversos estudos, sendo um dos mais conhecidos o estudo sobre a conformidade, onde diversas pessoas tinham que responder questões sobre linhas, que era de tamanhos diferentes entre si. Ele analisou que os participantes davam as respostas erradas para estar de acordo com as respostas dos demais. Além da conformidade também criou trabalhos sobre formação de impressões e sugestões de prestígios.

    Solomon Asch

    Solomon Asch

  • Kurt Lewin: Nasceu no dia 9 do mês de setembro do ano de 1980, nasceu na Polônia, mas viveu na Alemanha e nos Estados Unidos. Ele é conhecido como um dos fundadores da psicologia social moderna, além da psicologia organizacional e da psicologia aplicada. Kurt fez diversas contribuições para a criação da teoria da Gestalt (teoria que afirma que para se compreender as partes é preciso primeiro compreender o todo), além disso, formulou a teoria de campo, a partir do estudo do conceito da distância social, tal teoria afirma que é impossível conhecer o comportamento humano fora do seu ambiente.

    Kurt Lewin

    Kurt Lewin

  • Ignacio Martín-Baró: Nasceu no dia 7 do mês de novembro do ano de 1942, na Espanha, era um padre Jesuíta, psicólogo social e filósofo. Ele foi assassinado em El Salvador, por ser jesuíta. Para ele, a psicologia precisa estar relacionada com as condições sociais do individuo, além das condições históricas e do território onde ele reside. A partir disso é possível ver as aspirações das pessoas. Ele é considerado o criador da psicologia social da libertação (que analisa a pobreza, a desigualdade, a violência, a injustiça e a exploração do povo latino americano).

    Ignacio Martín-Baró

    Ignacio Martín-Baró

  • Stanley Milgram: Nasceu no dia 5 do mês de agosto do ano de 1933, nos Estados Unidos. Ele era psicólogo e passou a conduzir diversos experimentos, que são por muitas vezes contestados em relação a sua ética. Um de seus estudos, sobre obediência e autoridade, fazia com que um dos indivíduos aplicasse choques elétricos em outro participante, quando havia uma figura de autoridade, conhecido como Experimento de Milgram. Outro experimento muito famoso seu é o experimento dos pequenos mundos, também chamado de “os seis graus de separação”, que tinha a ideia de provar que o mundo é pequeno, e que com seis laços de amizade podemos ver que duas pessoas quaisquer, do mundo todo, estão interligadas.

    Stanley Milgram

    Stanley Milgram

  • Serge Moscovici: Nasceu no dia 14 do mês de junho do ano de 1925, na Romênia, e depois passou a viver na França. Ele se tornou um grande psicólogo social na França, onde estudou as representações sociais, indicando que o conhecimento sempre é reformulado a partir do momento que os grupos tomam posso do mesmo, com isso, ele é distorcido, não tendo mais a sua forma. Também possui diversos estudos sobre a influência das minorias.

    Serge Moscovici

    Serge Moscovici

  • Philip Zimbardo: Nasceu no dia 23 do mês de março do ano de 1933, nos Estados Unidos. É um professor universitário e também um psicólogo, que ficou conhecido pelo seu experimento chamado de prisão de Stanford, onde ele reuniu um grupo de alunos e os dividiu entre os que seriam os prisioneiros e os que seriam os guardas, e simulou uma prisão no porão da faculdade, com os dias na prisão foi notado que o comportamento dos participantes era provocado pela situação em que estavam e não pela sua personalidade. No ano de 2003 ele obteve o Prêmio IgNobel, pela tese em que descrevia os políticos como Uniquely Simple Personalities. No ano de 2005 recebeu pela sua vida de pesquisas sobre condições humanas, o Prêmio Havel Foundation Prize.

    Philip Zimbardo

    Philip Zimbardo

  • Albert Bandura: Nasceu no dia 4 do mês de dezembro do ano de 1925, no Canadá. É um psicólogo e professor universitário de psicologia social. Realizou um experimento onde fez com que alguém agredisse um boneco, e logo essa pessoa foi imitada por crianças, para provar que a violência dos meios de comunicação influência os telespectadores. Ele criou a teoria da autoeficácia, além de fazer diversas contribuições na área da psicologia social, psicoterapia, psicologia cognitiva e pedagogia. Com 43 anos se tornou presidente da Associação Americana de Psicologia, sendo o mais jovem a ocupar tal cargo.

    Albert Bandura

    Albert Bandura

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Categoria(s) do artigo:
História

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