O Que Cristo é para os Cristãos
“. . . para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.” João 15:11
O gozo pode ser definido como sendo a satisfação em união com o amado ([Matthew Poole] por exemplo João 3:29). Ter este gozo ou esta satisfação íntima é uma ocupação constante e intensa no ser humano. O homem tem procurado o gozo nos quatro cantos do mundo e até mesmo nas limitações do espaço no universo. A realidade é que: o gozo verdadeiro, o júbilo íntimo é o fruto do Espírito Santo (Gal 5:22).
O homem foi feito para glorificar a Deus completamente. Quando o homem cumpre o seu dever para com Deus, tem gozo e prazer, a recompensa que Deus dá aos obedientes. O pecado destruiu o gozo que o homem recebia de Deus (Gên. 3:6-10). O coração do homem é enganoso (Jer 17:9) e o leva a procurar satisfação e regozijo na carne (Efés 2:2,3), pela concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I João 2:16). O homem procura o gozo em tudo, menos em Deus, e por isso continua vazio.
O gozo e a alegria verdadeira vem somente de Deus. O homem estando em Cristo pelo arrependimento do seu pecado e pela fé na morte de Cristo, segundo as Escrituras pode voltar a conhecer o gozo que é determinado como a paz que “excede todo o entendimento” (Fil. 4:7). Salomão procurou satisfazer-se com prazeres, bens, obras grandiosas, ouro e prata, música, conhecimento (Ecl. 2), mas só encontrou o gozo real temendo a Deus e guardando os seus mandamentos (Ecl. 12:13).
É verdade que o homem procura o gozo em muitos lugares mas nunca encontrará fora de Deus pois “no seu favor está a vida” (Sal 30:5) e este gozo é chamado de “a paz de Deus” (Col. 3:15) e é fruto de crermos de maneira correta na verdade (Rom 15:13). Se tivermos o gozo do Senhor, nosso gozo será completo.
É confortante saber que a Deus interessa que tenhamos o júbilo íntimo. Deus é tão pessoal que se interessa por nosso gozo, para que nosso gozo seja completo Ser salvo pela graça já é uma benção tal que levará uma eternidade para que a compreendamos e a gozemos. Ter a graça suficiente a cada dia em todas as aflições (II Cor 12:9) é uma benção que nos relembra o amor de Deus. Ter a benção da alegria e do prazer no nosso interior juntamente com outras bênçãos mostra mais do amor imenso que o próprio Deus em Cristo tem por nós.
Jesus confirmou o seu amor por nós e nos ministrou as verdades para continuarmos gozando deste amor em nossas vidas continuamente e isso não dá somente gozo a Ele mas também faz com que o nosso gozo seja completo. Que beleza de Cristo! O homem que tem o júbilo de guardar os mandamentos de Cristo é o mesmo que tem o seu próprio gozo por completo. O homem que insiste em entristecer o Espírito é destituído do gozo verdadeiro.
A. A Fonte de Gozo Verdadeiro
O gozo interno é fruto do Espírito de Deus (Gal 5:22). Nenhum lugar, pessoa, bem ou experiência no mundo pode fornecer o gozo verdadeiro. Por ser fruto do Espírito então é de Deus. A alma que sofre tribulações ou está procurando a satisfação interna sempre tem alívio quando fixa os olhos no Senhor (Sal 39:7). Esperar no Senhor é o caminho para se achar o descanso para um coração atribulado (Sal 27:14; Isa 40:31). Uma vez saboreada a alegria celestial que vêm por esperarmos completamente, pela fé, no Senhor podemos aceitar os problemas, as tribulações e as angústias que vêm em direção a nossa vida pois achamos a nossa “alta defesa” no Senhor (Sal 59:3-9).
Quando as tentações, as angústias, o medo, as provações e as dúvidas vierem em direção a sua vida, não procure descanso nos braços do homem, mas na pessoa de Deus (Jó 40:9, “Ou tens braço como Deus?”). Se o gozo interno é mesmo de Deus, então, nenhum lugar é melhor para olharmos senão na própria Palavra de Deus. Quando Jeremias achou as palavras de Deus disse: “logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração” (Jer 15:16). A palavra de Deus, quando aceita e praticada, tem um encontro agradável com a nova natureza no interior do crente. Essa união, da palavra de Deus com a nova natureza causa uma satisfação por completo e assim o “gozo está cumprido” (João 3:29).
É nesse encontro que acontece aquela “alegria que ninguém tira” (João 16:22) “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados nem as potestades, nem o presente, nem o provir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura” (Rom 8:38,39). Veja que esta esperança (Rom 15:4) está muito além de um sorriso solene maquiado no rosto ou a crença de que nenhuma tristeza há realmente no crente. Não é um desvio da realidade. É uma experiência efetiva e uma segurança íntima e, é, verdadeiramente, uma canção durante a noite que O SENHOR dá quando “um abismo chama outro abismo” (Sal 42:6-8).
O júbilo íntimo no coração vem de Deus e da Sua Palavra, não de nós. Mas, não vêm automaticamente. Vêm de Deus quando obedecemos a Sua Palavra (Rom 15:4). Assim se obedecemos a Bíblia com fé e amor a Deus a alegria de Cristo se completa em nós (João 17:13). Somente quando estamos “cheios do conhecimento da Sua vontade” podemos realmente “andar dignamente diante do Senhor” “corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da Sua glória, em toda a paciência, e longanimidade com gozo” (Col. 1:9-11). Você já conhece esse gozo?
A sabedoria de Deus estar além do nosso entendimento (Rom 11:33) significa que Ele sabe fazer com que a nossa alegria seja pura e completa. Ele pode usar “várias tentações” (Tiago 1:2-4) que vêm a nós com a sua permissão, mas vêm mesmo de Satanás que usa a fraqueza da nossa carne para nos tentar (Jó 1:8-12; 2:1-6; Tiago 1:13-16).
As provas que Deus nos dá e as aflições que Deus nos permite operam caraterísticas em nós que nos deixam exercitados por elas “sem faltar em coisa alguma” (Tiago 1:4). Deus usa as ocasiões de várias tentações e “encaminha os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.” (II Tess 3:5). Quando as “varias tentações” vêm a você corra a Deus, de onde vêm a misericórdia e a graça em tempo oportuno (Heb 4:16). Se as tentações levam você a procurar a Deus então você encontrará o gozo verdadeiro, pois ele vêm de Deus.
Deus também em amor sabe usar “a correção” que “ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça” (Heb 12:11). Por isso o conselho é: “Filho meu, não rejeites a correção do SENHOR, nem te enojes da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.” (Provérbios 3:11,12). A correção faz com que o homem de Deus esteja pronto para toda a boa obra (II Tim 3:16,17).
Tendo experiência com a Palavra e tendo sido exercitado pela correção, o homem de Deus terá produzido nele “um fruto pacífico de justiça” (Heb 12:11) que é o gozo verdadeiro. Você tem sido corrigido pelo Senhor? A fonte de gozo verdadeiro. Não despreze a correção do SENHOR pois vêm com amor para o nosso bem (Rom 8:28,29).
Deixe que a correção te impulsione a procurar o caminho certo na Palavra de Deus sendo conformado a imagem de Cristo, que é vista na Palavra, você terá assim o gozo verdadeiro e a sua vida terá o crescimento que convém. Quando vierem as tentações, procure o escape . Quando vierem as provas, procure a graça de Deus. Quando vier a correção, aprenda a obedecer perfeitamente.
B. A Utilidade do Gozo Verdadeiro
Lembre se que o gozo verdadeiro vem de Deus (é fruto do Espírito, Gal 5:22). Há grande utilidade se trouxermos este fato à memória nas horas de profunda necessidade por que Deus não muda, (Mal 3:5; Heb 13:5) é eterno (I Tim 1:17) e a Sua palavra permanece para sempre. Depois que a carne do homem tiver secado e a sua glória tiver caído (I Ped 1:23-25) a fonte do gozo verdadeiro continuará com força e sabedoria.
Há várias aflições e perseguições, que vêm a nossa vida e Satanás está sempre querendo derrubar o fiel em Cristo pois “não ignoramos os seus ardís” (II Cor 2:10; I Ped 5:8,9), e nessas circunstâncias é útil o gozo verdadeiro. Quando os discípulos se depararam com a possibilidade de não ter mais junto deles a pessoa de Cristo o gozo verdadeiro veio a eles, através da promessa que Cristo é o caminho, a verdade e a vida (João 14:1-6).
A fé de Deus descansava na sabedoria de Deus na pessoa de Cristo que trouxe a paz e o júbilo interno aos discípulos. Quando o medo do terror da noite vêm, ou a seta que voa de dia ameaça, ou quando vier a peste que anda na escuridão ou quando a mortandade assola ao meio dia, quando olhamos para o esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” (Sal 91:1-6). Quando você tem o Senhor e anda com Ele, também terá os benefícios do gozo verdadeiro nas horas de indecisão e de imprevistos.
O gozo verdadeiro também mostra o seu proveito nas horas de tristeza. Quando Maria e Marta perderam o irmão Lázaro pela morte, as palavras de Cristo vieram para as confortarem. A promessa era: “se creres, verás a glória de Deus” (João 11:40) mesmo ao lado do sepulcro do irmão Lázaro. O gozo verdadeiro não depende das circunstâncias para existir, daí o seu proveito.
O gozo verdadeiro vêm de Deus, Aquele que venceu a morte em Cristo (I Cor 15:57) e não há nada maior que “poderá nos separar do amor de Deu, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rom 8:39). Se estes fatos não trazem conforto aos nossos corações nas horas amargas e se não produzem em nós o gozo verdadeiro quando passamos pelo vale da sombra da morte, então, não há utilidade nenhuma no gozo verdadeiro.
Nestas horas Deus está conosco e leva-nos a crer nEle nos enchendo “de todo o gozo e paz” (Rom 15:13). Foi este gozo que segurou a Jó, daí ele ter declarado: “Ainda que Ele me mate, nEle esperarei” (Jó 13:15). Não achou Jó a utilidade do gozo verdadeiro?
E você? Também tem achado tal vantagem?
Por Carlos Alberto Bachtold