A poesia marginal brasileira e seus poetas, um momento de nossa história literária (com algumas produções teatrais e artísticas, também), ficaram conhecidos também como “geração mimeógrafo”, por conta da utilização do mimeógrafo para a reprodução e divulgação das poesias elaboradas no período e que, conforme logo veremos, caracteriza também a situação histórica em que as poesias eram elaboradas, bem como os ideais que estavam por trás delas.Este movimento cultural e literário que ficou conhecido como poesia marginal ocorre na década de 70, momento da história nacional em que se destaca, como fator principal, a ditadura militar que tomava conta de nosso país e, mais especificamente, a censura em que era realizadas nos meios de comunicação de um modo geral.
Este movimento poético foi, então, uma forma de libertação da ditadura e de suas formas de censura da sociedade e cresceu justamente como uma forma alternativa para ter acesso à cultura. Para tanto, era utilizado o mimeógrafo, uma vez que os poetas o utilizavam para reproduzir suas poesias e a espalhavam pelas ruas, sem que para isso tivesse que passar pelos órgãos de censura do governo.
Além desta razão, para a utilização da denominação referente ao mimeógrafo, a poesia também era considerada marginal por esta razão, uma vez que a produção de textos e poesias ocorriam à margem do que era oficializado, sem passar pelo governo ou pelas editoras e livrarias sob as quais tinha controle.Como outros movimentos que ocorreram em nossa história, é comum a constatação de algumas características formais, sobre o estilo da escrita, bem como de características matérias, com temas em comum entre os expoentes do movimento. A poesia marginal é um movimento peculiar, frente a isto, uma vez que se torna difícil reunir características próprias precisas, devido a suas expressões plurais.Como um possível feixe unificador deste período, podemos enfatizar a busca da libertação, em oposição à ditadura e à repressão política, bem como o estabelecimento de uma forma de expressão cultural paralela à vigente e designada pelas instituições da época.
Já as influências do período, que são plurais, são trazidas pelos períodos anteriores, principalmente o Modernismo, o Tropicalismo e a contracultura.Por conta do período e das condições em que estas poesias eram elaboradas, bem como da preservação da liberdade, as poesias quebravam com o formalismo e prezavam pelo coloquialismo, buscando uma maior aproximação da sociedade e de seu cotidiano.A obra que podemos destacar e que muito caracteriza a época é o livro intitulado “26 Poetas Hoje”, do ano de 1975 e organizado por Heloísa Buarque de Hollanda, reunindo diversas poesias sob a forma de antologia, com formas e temáticas diversificadas. Dentre os autores componentes, podemos destacar: Ana Cristina César, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal), Rodrigo Lisboa e Cacaso.