Na época medieval existiu um movimento literário denominado de Trovadorismo. O Trovadorismo pode ser considerado como o primeiro grande movimento literário que aconteceu na língua portuguesa, com o desenvolvimento de inúmeras obras.
No período de ocorrência do Trovadorismo, a Igreja possuía grande influência tanto no aspecto político e econômico, quanto no cultural, artístico e literário.
Desta forma, o mundo possuía uma visão teocentrista, onde Deus era o centro de todas as coisas existentes no mundo. O homem desta época era bastante religioso e se colocava a disposição da vontade divina em todos os acontecimentos de sua vida.
A Igreja e a visão teocentrista influenciavam tudo, inclusive as produções artísticas e literárias, que eram produzidas em galego – português, uma das línguas muito utilizadas na época e eram conhecidas pelo nome de cantigas.
As Cantigas
As cantigas eram as produções literárias oriundas do Trovadorismo. Com relação à temática, as cantigas estavam ligadas aos sentimentos dos cavaleiros feudais que lutavam nas cruzadas e outras tinham o intuito de descrever ironicamente os hábitos da sociedade portuguesa.
Desta maneira, as cantigas foram divididas da seguinte maneira:
a) Cantigas Líricas (de Amor e de Amigo);
b) Cantigas Satíricas (de Escárnio e de Maldizer);
As Cantigas Líricas
As cantigas líricas foram às primeiras obras da literatura portuguesa. Como nessa época não existia a impressão, os poemas eram orais e tinham acompanhamento de instrumentos musicais, para a execução de uma melodia.
Devido a esse fato as cantigas líricas recebiam os nomes de cantigas ou trovas, e eram feitas através de pequenos versos, sem obrigatoriamente seguir as normas de versificação.
Segue abaixo os tipos de cantigas líricas:
a) Cantigas de Amor
As cantigas de amor tem como tema a declaração de amor de um homem (normalmente os nobres e os cavaleiros medievais) a uma mulher. Nesse tipo de cantiga o amor era o tema central, expresso da seguinte forma:
- Através da cantiga o homem expressa o amor platônico a sua amada, pois esta não corresponde a esse sentimento por uma serie de fatores muito difíceis de serem vencidos para que o amor seja concretizado: a mulher é casada, a mulher é mais rica que o homem e outros fatores;
- Como o amor é impossível de acontecer, o autor se contenta em apenas ver a amada, e se isso não for possível de acontecer, ele prefere a morte;
- A mulher amada é idealizada e cultuada como um ser divino;
- A mulher amada recebe o tratamento de Senhora;
Nas cantigas de amor, diferente da sociedade da época, a mulher aparecia como um ser superior, pois o homem se fingia inferior em uma ação de vassalagem.
As cantigas de amor por demonstrarem um amor platônico e impossível de acontecer, geralmente expressam sentimentos como: solidão, tristeza, desejos não realizados, sofrimento e etc.
b) Cantiga de Amigo
Na cantiga de amigo o eu – lírico é feminino, isto é, o autor tem uma visão feminina das coisas e do mundo.
No entanto, uma das curiosidades é que as cantigas de amigo eram elaboradas por homens, pois neste período, as mulheres não tinham o direito ao estudo e a alfabetização.
No entanto, os autores conseguiam compreender e penetrar de maneira perfeita a alma feminina, de forma que expressavam as visões das mulheres nas cantigas de amigo.
Nesse tipo de texto a palavra amigo tem o significado de namorado e o tema principal dessas cantigas era a lamentação feminina pela ausência do seu amado.
Nas cantigas de amigo os temas eram abordados da seguinte forma:
- As cantigas de amigo tinham como tema o desabafo das mulheres com relação a vida delas na sociedade, que naquela época erma bastante duras;
- Nas cantigas de amigo normalmente o autor desabafava do amor que as mulheres tinham pelo amigo ou namorado, da saudade, do ciúmes e da falta de liberdade para a realização dos encontros;
- Os desabafos contidos nas cantigas de amigo geralmente eram direcionados para outra mulher, para Deus e para algum elemento natural (arvores, mar, céu e outros);
Tal como as cantigas de amor, as cantigas de amigo também tinham conteúdo triste e melancólico.
As Cantigas Satíricas
As cantigas satíricas possuem origem popular, e nelas os autores procuravam expressar os assuntos discutidos nas ruas pela população como um todo.
Nas cantigas satíricas, os autores procuravam retratar os usos, costumes e tradições da sociedade portuguesa, em todos os seus níveis (Igreja, Reis, Mundo boêmio e outros).
Nas cantigas satíricas, existiam dois tipos: as cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer, que possuem pequenas diferenças.
Nas cantigas de escárnio a critica é feita de forma indireta, enquanto na cantiga de maldizer a critica é explícita e direta.
Segue abaixo a diferenciação entre as principais cantigas satíricas:
a) Cantigas de Escárnio
Nas cantigas de escárnio os autores faziam sátiras de maneira indireta, fazendo uso de duplo sentido e não fazia menção direta a pessoa satirizada, isto é, o nome dessa pessoa não aparecia na cantiga.
Nas cantigas de escárnio eram cheias de ambiguidades, trocadilhos e jogos de palavras, onde se destacam a ironia e o sarcasmo nas obras dos autores.
Segue abaixo um exemplo de cantiga de escárnio:
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…
Autor: João Garcia de Guilhade
b) Cantigas de Maldizer
Nas cantigas de maldizer, os autores faziam criticas diretas, e nessas sátiras chegavam a fazer uso de palavrões e agressões verbalizadas. As cantigas de maldizer são mais agressivas.
Nas cantigas de maldizer era usada uma linguagem extremamente pesada e chula, e muitas vezes eram abordados temas como: prostituição, adultério, imoralidade dos religiosos e outros assuntos.
Nesse tipo de cantiga, o nome da pessoa que era satirizada poderia aparecer de maneira explicita e não acontece o uso de duplo sentido.
Segue exemplo de uma cantiga de maldizer:
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
Autor: Afonso Eanes de Coton
As cantigas (tanto as líricas quanto as satíricas) eram normalmente musicadas, onde os trovadores (espécie de compositores das trovas ou cantigas) cantavam as cantigas e eram acompanhados por instrumentos musicais diversos. Muitas vezes as cantigas além de cantadas e acompanhadas por instrumentos musicais eram também dançadas.
Normally I do not read post on blogs, however I wish to say that this write-up very pressured me to check out and do so! Your writing taste has been surprised me. Thank you, very great article.
I just want to say I am just all new to blogging and site-building and seriously savored you’re web page. Very likely I’m likely to bookmark your website . You certainly have impressive writings. Cheers for revealing your blog site.