Quando você vai escolher um livro para comprar, baixar ou emprestar olha a capa e o nome do autor? Lembre-se que já dizem por aí que não se deve julgar um livro pela capa e o mesmo acontece com o seu autor. Pois, quem sabe aquele livro que você não quis por não saber quem era aquele “Fulano de Tal” era na verdade mais uma obra do seu autor predileto.
Os escritores muitas vezes querem sair da sua linha editorial convencional ou mesmo testar a sua capacidade de vender livros mesmo sem se apoiar em sua figura conhecida e usam pseudônimos para assinar as obras. Não é de hoje que alguns autores pregam essa peça em seus leitores e nem vão parar. Conheça abaixo alguns pseudônimos de escritores famosos e dê mais atenção para os autores menos conhecidos.
Pseudônimos – “Suzana Flag” e “Myrna”
Escritor – Nelson Rodrigues
A bela Suzana Flag que tanto mexeu com a imaginação dos homens escrevendo romances um tanto picantes entre os anos de 1944 e 1948 era na verdade um homem considerado um grande escritor, Nelson Rodrigues. Nas tramas Suzana contava histórias a respeito de moças inocentes e virgens que se viam envolvidas com vilões cheios de marra e mocinhos que desejavam viver amores impossíveis.
Para que os leitores se sentissem mais envolvidos pela história Rodrigues assinava como Flag, uma mulher que segundo ele era bonita, filha de um canadense e uma francesa e fazia os homens da rua se virarem para observá-la. Certa vez Suzana recebeu um pedido de casamento pelo correio. O objetivo de Nelson era poder escrever esse gênero mais melodramático sem medo de ser feliz e de ter reprovações.
Myrna
Além de Suzana Flag, Nelson, criou ainda Myrna que foi criada em 1949 e que assinava uma coluna de (desa)conselhos amorosos. A personagem que era tida como uma mulher de verdade respondia perguntas de leitoras que estavam desiludidas com o amor. Em 2002 a Companhia das Letras reuniu os 43 textos de Myrna no livro “Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo”.
Pseudônimo – Mary Westmacott
Escritora – Agatha Christie
Os fãs do gênero romance policial tem em Agatha Christie a ‘Rainha do Crime’, foram mais de 80 obras publicadas e dois personagens icônicos criados, Miss Marple (a supervelinha) e Hercule Poirot (o detetive belga bigodudo).
Entretanto, Agatha que se descobriu escritora por acaso, cumprindo um desafio para mostrar que uma mulher poderia escrever sobre crimes, decidiu adotar o pseudônimo de Mary Westmacott para publicar outro tipo de livros, romances de época. Fora no total 06 livros desse gênero publicados sendo que o primeiro foi em 1930 e o segundo em 1956. Para a autora essa era uma forma de se expressar melhor com as palavras.
Pseudônimos – “Currer, Ellis e Acton Bell”
Escritoras – Charlotte, Emily e Anne Brontë
Os autores que aparecem na capa do livro “Poemas” de 1846 são os irmãos Currer, Ellis e Acton Bell que na verdade eram Charlotte, Emily e Anne Brontë. O motivo dos pseudônimos era que a sociedade da época era muito machista e para que o livro de versos fosse levado a sério as escritoras resolveram assinar como homens.
Mesmo com os pseudônimos masculinos a obra não fez muito sucesso e elas obiveram mais sucesso com suas obras lançadas posteriormente. Charlotte lançou “Jane Eyre”; Emily escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” e Anne lançou “Agnes Grey”. Todos os três são clássicos e foram assinados pelos nomes reais delas.
Pseudônimo – “Richard Bachman”
Escritor – Stephen King
O autor de livros de terror mais bem sucedido da história, Stephen King já tinha se consolidado nessa posição com obras como Carrie, a estranha (1974) e O Iluminado (1977). Foi então que ele pensou que poderia lançar mais de uma obra por ano se tivesse um pseudônimo e inventou Richard Bachman que tinha até uma foto, do agente de seguros Kirky McCauley.
O personagem tinha rosto e uma esposa, Claudia Inez Bachman. Foram cinco livros lançados com esse nome até que se descobrisse que na verdade quem escrevia era King. Os títulos atribuídos a Bachman foram Fúria (1977), A longa marcha (1979), A auto-estrada (1981), O concorrente (1982) e A Maldição do Cigano (1984).
Quando o pseudônimo foi descoberto foi como se Bachman tivesse morrido e ‘postumamente’ foram lançados Os justiceiros (1996) e Blaze (2007).
Pseudônimo – Lemony Snicket
Escritor – Daniel Handler
Nesse caso quem é famoso mesmo é o pseudônimo, Lemony Snicket, e não o autor de verdade Daniel Handler. Talvez você não o conheça pelo nome real, mas conhece a sua obra “Desventuras em Série” que conta com 13 volumes e que foi adaptado para o cinema em 2004.
O autor também tem obras com o seu nome real que tiveram bom reconhecimento pela crítica como The Basic Eight (1998), Watch your mouth (2000), Adverbs (2006). Tem ainda o livro “Por isso a gente acabou” de 2011 que será adaptado para o cinema.
Pseudônimo – Robert Galbraith
Escritora – J.K. Rowling
A criadora de um dos maiores sucesso literários e cinematográficos dos últimos tempos, J.K. Rowling, resolveu usar um pseudônimo para se testar como autora. Logo que acabou a saga de Harry Potter, a escritora, lançou “Morte Súbita”, um livro totalmente diferente que passou por grande pressão por isso.
Então surgiu Robert Galbraith que permitiu a ela lançar o romance policial “The Cuckoo’s calling”. Galbraith seria um policial aposentado que escreveria romances, porém, pessoas próximas a autora e um software que comparou os estilos de escrita acabaram com o personagem. O livro que não tinha vendido muito pulou logo para a lista dos mais vendidos quando os fãs descobriram que era da autora de Harry Potter.
Pseudônimo – “Victor Leal”
Escritores – Olavo Bilac, Aluísio Azevedo, Coelho Neto e Pardal Mallet
Entre os anos de 1890 e 1893 um escritor de nome Victor Leal fez grande sucesso na Gazeta de Notícias com obras como A Mortalha de Alzira, O Esqueleto e O Monte de Socorro. Apesar de ter uma caricatura sua no jornal que fazia as pessoas acreditarem que Victor era magro, narigudo e usava um chapéu de abas largas ele nunca existiu de verdade.
Esse pseudônimo foi utilizado por quatro autores que eram Olavo Bilac (poeta), Aluísio Azevedo (romancista), Coelho Neto (dramaturgo) e Pardal Mallet (jornalista). Os quatro precisavam ganhar dinheiro escrevendo literatura barata, mas não queriam estragar a imagem de letrados.