A educação japonesa tem destaque mundial como sendo um exemplo a outros países, a organização do país em geral é bem diferente do Brasil por exemplo e isso também é refletido na educação. Vamos saber mais como funciona o sistema de ensino no Japão?
Para começar a história da educação no país remota ao período da escrita chinesa lá no século IV,inicialmente só tinham acesso a educação as classes aristocratas, mas no Período Edo (período que iniciou no ano de mil seiscentos e três e foi até o ano de mmil oitocentos e sessenta e oito) a educação atingiu as classes populares, havia então escolas especificas para os samurais e também escolas para a classe em geral, que ensinava a escrita, a leitura e a contar, no final desse período era estimado que quarenta por cento da população do país já era alfabetizada. Após essa época houve Restauração Meiji (época em que se foi derrubado o governo anterior, fazendo uma mudança no governo, economia, religião e educação, colocando o país como a primeira nação asiatica a ter um moderno modelo de nação-estado), durante essa restauração houve a separação do ensino em escolas primárias, secundárias e universidades.
No ano de mil novecentos e quarenta e sete se tornou obrigatória a educação infantil e o ensino fundamental, que vai dos seis aos quinze anos de idade da criança, porém a maior parte da população continua seu ensino secundário e cerca de setenta e seis por cento ingressa nas universidades ou em cursos pós-secundários.
A educação no Japão começa nos três anos de idade, que é o jardim de infância (chamado de Yochien) ou ensino pré-escolar, esse ensino não é obrigatório porém a maior parte da população o frequenta, é certo afirmar que as crianças que o frequentam iram ter um melhor desempenho escolar nos próximos anos, assim é comum ver as crianças a partir dos três anos de idade começarem a ir para as escolas. Depois vem a escola primária (chamada de shougakkou), que vai dos seis aos doze anos de idade, no Japão cerca de noventa e nove por cento da educação é gratuita, essa fase é obrigatória, o currículo vai incluir a língua japonesa, estudos sociais, aritmética, ciências, e outras disciplinas como educação moral, artes, música, artesanato, trabalhos domésticos e língua inglesa. Depois vem o ensino fundamental (chamado de chuugakkou), que vai dos doze aos quinze anos, essa fase também é obrigatória, cerca de noventa e cinco por cento dessas escolas são publicas, nessa fase há um professor para cada disciplina e as aulas são mais dinâmicas, o currículo irá incluir língua japonesa, estudos sociais, matemática, ciências, música, artes, tecnologia e educação física, sendo complementado com outras disciplinas como trabalhos doméstico e industrial, educação moral e cidadania, prática de esportes.
A fase seguinte é a escola secundária (chamada de koukougakkou), essa fase que vai dos quinze aos dezoito anos não é obrigatória, porém estima-se que noventa e quatro por cento da população frequente essas escolas, essas escolas são sempre pagas, mesmo se forem publicas há um valor embutido, o currículo vai incluir língua japonesa, matemática, ciências, inglês, história e geografia, além de ter aulas de áreas especificas, sendo as mais populares as áreas de economia e industrial, também há atividades cívicas e economia doméstica. Depois vem a faculdade (chamada de Daigu), geralmente ela é cursada em quatro anos, o currículo irá depender da área de escolha do aluno, estima-se que setenta e seis por cento dos estudantes ingressem na universidade, ao terminar o ensino secundário os estudantes prestam uma prova final, que irá definir se eles irão conseguir ou não ingressar na faculdade.
O período letivo começa em abril, coincide com a época que florescem as cerejeiras famosas em todo o mundo, o ano será formado por três trimestres, de abril a julho, com uma pausa de seis semanas, voltando em setembro até dezembro, com uma pausa de duas semanas, voltando e janeiro até março, eles tem oficialmente trinta e cinco semanas de aula no ano. As aulas normalmente começam as oito horas e trinta minutos e vão até as quinze horas e cinquenta minutos, no primário as aulas tem duração de quarenta e cinco minutos com uma pausa de dez minutos entre elas, no ginásio as aulas passam a durar cinquenta minutos, eles também frequentam as escolas dois sábados por mês, das oito e trinta ao meio dia e trinta. Mesmo estando de férias, eles levam algumas tarefas para esse período, e frequentam a escola para eventos esportivos e culturais.
Nas escolas japonesas não há funcionários para limpeza, são então os próprios alunos que mantem a limpeza e organização, desde o ensino primário alguns alunos são escolhidos como monitores para organizar e manter a ordem, os alunos são divididos em pequenas equipes e a eles são distribuídas tarefas como limpar a sala, o corredor e os banheiros, dessa forma os alunos são incentivados desde cedo a trabalhar em equipe, além de se preocupar com o ambiente em que estão, essa regra irá incentivar a entender o valor tanto do trabalho próprio como do trabalho alheio.
Os primeiros anos dos estudantes na escola, até mais ou menos os dez anos de idade, não são feitos provas, apenas alguns testes, eles utilizam esse período para a formação pessoal e moral dos alunos, nessa época eles são ensinados a respeitar as pessoas e os animais, a cuidar do meio ambiente, a trabalhar em grupos, a ser generoso, a buscar sempre a verdade, é uma fase de formação de carácter importante.
O uso de uniforme é obrigatório em praticamente todas as escolas, cada escola tem seu uniforme porém geralmente eles são parecidos, os femininos tem um estilo marinheiro, chamado de seifuku, composto por saia pregada, camisas e blazers, gravatas em alguns casos, meias até os joelhos de uma mesma cor. Já o uniforme masculino é chamado de gakuran, ele geralmente segue o estilo militar, sendo composto por calça social, camisa, gravata e blazer. Os tons variam de preto a azul marinho. Até algumas universidades possuem uniformes. Existem tanto os uniformes para o verão como para inverno, e uniformes específicos para a pratica de esportes. Essa regra tem função de manter a disciplina entre alunos, além de manter a unidade escolar, as escolas exigem que o aluno apresente um uniforme limpo e bem passado.
O almoço é feito na própria sala de aula, onde alunos e professores comem juntos, dessa forma há uma aproximação entre eles, não há refeitórios, a comida é preparada por uma equipe de cozinheiros em conjuntos com médicos especialistas, fazendo as refeições serem saudáveis e funcionais. São os próprios alunos que servem o almoço para os demais, dividindo também em equipes, os alunos são incentivados a comer de tudo, e repreendidos se deixam sobras nos pratos, antes de começarem as refeições eles agradecem a comida que possuem.
Aulas extracurriculares são comuns no Japão, desde aulas particulares dos conteúdos que eles aprendem em sala de aula, sendo feitas nos períodos após as aulas, até aulas ministradas pela própria escola como a arte da caligrafia japonesa e da poesia, quase todos alunos frequentam essas aulas, conhecida como shodô, a arte consiste em num pincel de bambu umedecido em tinta e desenhar os símbolos no papel de arroz. A arte da poesia é chamada de haiku, e pretende representar a natureza e o ser humano como um só. Nessas aulas as crianças aprendem a valorizar a cultura milenar japonesa. Além disso elas também tem aulas dos mais variados instrumentos musicais, além de atividades domésticas e cultivar hortas por exemplo, outras aulas comuns são de dança, como ballet ou de lutas como o karatê, e esportes como beisebol e natação. Como a maioria dessas aulas é grátis, quase todas crianças frequentam, passando a maior parte dos seus dias na escola. Além disso dentro da escola há clubes, geralmente de artes, cultura ou esportes, esse ultimo em especial é muito valorizado, podemos ver pelo sucesso dos japoneses nas olimpíadas por exemplo, eles são incentivados desde muito jovens a praticar diversos esportes.
No Japão não é comum haver ônibus escolares ou cada pai levar seus filhos nas escolas, ao invés disso eles geralmente vão sozinhos, ou em pequenos grupos de estudantes, os pais algumas vezes se posicionam em locais com um pequeno risco, como a travessia de uma rua, para auxiliar o grupo, somente se a escola for muito longe de casa eles acabam pegando transporte publico ou usando bicicleta, como o país tem taxa muito baixa de criminalidade, os país confiam em deixar seus filhos irem sozinhos, como forma de faze-los alcançar maior independência pessoal. A mochila usada por eles é chamada de Randoseru, ela foi feita com um modelo que não prejudica a coluna dos alunos, e tem durabilidade de anos, sendo resistente a sol e chuva, geralmente ela tem alto preço e é costume que os avos deem a mochila para os netos no ingresso deles no ensino fundamental.
As regras são extremamente rígidas, por esse motivo a frequência é de quase cem por cento, atrasos são extremamente mal vistos. Além disso as meninas não devem pintar as unhas ou os cabelos, usar maquiagens ou acessórios, o uniforme deve sempre estar limpo e alinhado, e os meninos devem sempre manter o cabelo curto. Nessas escolas não se aceita que a pessoa se destaque por características físicas, eles preferem que todos sejam parecidos e formem uma unidade escolar. Há relatos de professores que tingiram os cabelos de alunos de preto após eles aparecerem com cabelos de outras cores. Para nos parece bastante absurdo, porém eles não prezam pela individualidade do ser, pelo menos dentro da escola.
Os pais podem visitar as salas de aula num dia especifico, chamado de Jyugyou Sankan, a atividade consiste na participação dos pais no aprendizado dos seus filhos, dessa forma eles conseguem ver como é o ensino, é considerado uma data muito importante. Um outro acontecimento, chamado de Katei houmon, é quando os professores visitam as casas dos alunos, para nos parece absurdo e até engraçado, mas esse evento tem uma função muito séria, além de conhecer o ambiente familiar, o professor pode detectar possíveis problemas ou sofrimentos pelo qual o aluno tenha passado.
A competitividade é um ponto notável no ensino, o país vem tentando reformular a educação la e mudar um pouco isso, um ponto que incetiva muito essa competitividade são os vestibulares, eles ocorrem tanto para o ingresso do ensino médio como na universidade, alguns estudantes fazem até uma espécie de cursinho se pretendem entrar em instituições de maior renome. A fase da faculdade é ainda mais difícil e estressante, pois cada faculdade tem uma pontuação minima para ser possível ingressar nela, eles costumam usar a expressão “inferno das provas” pois realmente é um período de grande estresse tanto para os alunos como para a família.
Quando chegam na universidade, eles tem um pouco de “paz”, após ter passado tantos anos se dedicando de forma desgastante aos estudos, eles consideram esses anos os mais fáceis da vida acadêmica, fora que depois da universidade eles ingressaram na sua vida profissional, e eles levam essa fase muito a sério.
A qualidade do ensino no Japão é invejável, no total cerca de oitenta e sete por cento dos alunos estudam em escolas publicas, mas essas escolas tem mesmo assim uma taxa paga pelos pais, com o valor bem mais baixo que os das escolas particulares, mas o ensino das escolas públicas é tão bom quanto o das outras, ele é o país com maior índice de igualdade na educação se comparado a países com organização similar. Uma explicação é a distribuição de professores igualmente capacitados para todas as escolas, dessa forma não há uma diferença no ensino. Para os japoneses a falta de oportunidade é um problema tanto do governo como da sociedade, a ideia de meritocracia não é forte lá, ou seja, aqueles com menores condições financeiras tendem sim a ter oportunidades parecidas com os com mais condições, isso ocorre por que é analisado a demanda real da escola, professores mais preparados vão para aquelas que realmente necessitam e por incrível que pareça, o Japão investe menos em educação que outros países, mas o investimento ocorre de forma funcional, as estruturas das escolas não são exageradas, o quadro de funcionários é pequeno. Um outro fato é que os professores tem autonomia para desenvolver os planos de ensino, e compartilhar ideias com outros professores, porém o ministério da educação e cultura, esportes, ciências e tecnologias, faz vistorias regulares.