Barth Fredrik Etnicidade E O Conceito De Cultura

O mundo é bastante complexo, e muitas pessoas podem comprovar tal fato. Com a presença de diversas pessoas, etnias e culturas, é fácil imaginar que, com uma população de mais de 7 bilhões de pessoas, os costumes não são os mesmos, muito menos as culturas religiosas e gastronômicas. De um lado do globo, enquanto o hambúrguer é uma sensação, do outro o sushi faz a moda entre as pessoas. E, quem ganha com isso são as pessoas, logicamente, as pessoas dos países de origem de tais iguarias e, também, as pessoas de outros locais do planeta, que, por conta dessa grande influência cultural, acaba tomando para si. Por exemplo, muitos brasileiros gostam de frequentar o McDonald’s, por conta dos lanches, e, outras, já preferem frequentar lugares que são especializados em comida japonesa. Isso tudo só foi possível com a globalização, ou seja, troca de informações e mercadorias entre os países.

Apesar dessa grande troca de comunicação entre os países, muito têm se discutido sobre os conceitos de etnias, para que esses não se perdessem com o avanço da cultura de outros países, geralmente desenvolvidos, sobre os menos desenvolvidos. Isso acontece, geralmente, com os países do ocidente, e a “ocidentalização” está cada vez mais presente em países do oriente médio e da África, o que causa uma série de debates e outras pesquisas, querendo descobrir até onde as consequências desse fenômeno poderiam alcançar.

Muito foi-se discutido sobre os conceitos de etnicidade, sobretudo por especialista como Barth Fredrik, e esse é o tema desse artigo, que irá tratar sobre o que é a etnicidade e qual é a posição de Barth sobre esse fenômeno, bem como algumas informações complementares.

A Definição De Etnicidade

A etnicidade pode ser definida como uma comunidade de pessoas que compartilham dos mesmos gostos e cultura, uma mesma língua e um mesmo sistema de escrita. Para que sejam considerados grupos étnicos, é necessário que os costumes e crenças se diferenciem um do outro, a fim de que possa ser declarado, de fato, que são grupos distintos. No entanto, esse conceito pode ser utilizado, também, para conseguir definir uma pessoa perante o seu grupo étnico, incluindo o seu viver e a sua função num grupo social e, também, perante ao restante da sociedade.

Muitos especialistas alertam para o fato de que o conceito de etnicidade não seja empregado de forma comum, isso é: uma pessoa magra num grupo de pessoas magras não pode ser considerada parte de uma etnia, e isso pode ser colocado também para uma pessoa obesa em um grupo de pessoas obesas.

Uma das ferramentas mais decisivas, utilizadas para definir a etnicidade de uma pessoa é, justamente, a cor da pele. Vale lembrar que a definição da etnicidade da pessoa e de sua cor de pele vale, especialmente, para as minorias étnicas. E que essas minorias correspondem, logicamente, às relações de riqueza e de poderio influenciador.

Um dos principais motivos para a existência do sentimento de etnicidade é, justamente, a grande repressão social que ocorreu no planeta na época das Grandes Navegações, quando os Europeus, preocupados com o rumo que a economia do continente estava tomando, saiu aos mares, depois de relatos que existiam terras novas à oeste da Europa. Chegaram por aqui com intenções claras de exploração, tanto é que escravizaram e aniquilaram boa parte da vida nativa das Américas, seja diretamente ou indiretamente, por conta das doenças. Depois de anos sobre os mandos e desmandos dos europeus, muitos nativos começaram a se revoltar com a situação, passando a se defender contra isso por meio de atitudes que passaram a se caracterizar como o resgate às origens, e por conta disso, passou-se a estudar esse efeito sobre os parâmetros de etnicidade.

Principalmente na porção Norte da América, muitos grupos étnicos diferentes, mesmo comas desavenças presentes, decidiram se reunir em um ou mais dois líderes, para reivindicar uma luta contra o que eles chamavam de desmoralização dos seus costumes, com a crescente imposição das culturas europeias em seu cotidiano, solicitando, imediatamente, o retorno e suas culturas, que os seus antepassados foram impedidos de continuar em favor das culturas europeias.

No Brasil, movimentações semelhantes a essa já ocorreram, também, em repressão contra a colonização portuguesa, que perdurou por mais de 300 anos em solo brasileiro.  Quando se deu da colonização portuguesa no Brasil, muitas tribos indígenas, como os “tupi-guarani”, começaram uma série de resistências, mas muitas vezes, sem ter envolvimento de violência, somente com o uso de religiosidade e cultura, o que não agradou nem um pouco os colonizadores portugueses. No entanto, tal resistência muitas vezes é erroneamente comparado como um conflito armado.

Como de costume, tais movimentos foram rapidamente combatidos, pois a coroa portuguesa não poderia sonhar em nenhum momento com um rebuliço dessa consciência em sua colônia pois, se a ideia fosse difundida por aqui, era bem possível o crescimento de um sentimento de raiva e independência, o que poderia estragar os planos da coroa portuguesa.

Fredrik Barth e a Etnicidade

Fredrik Barth, nascido na Alemanha, no ano de 1928, poucos anos antes do Partido Nazista chegar ao poder sob o comando de Adolf Hitler, foi um importante sociólogo, que fundamentou a sua carreira no estudo das diferentes etnias existente e seus impactos no mundo moderno. Enquanto vivo, publicou diversas obras que tinham por objetivo explorar todos os lados da etnicidade, e como elas poderiam colaborar para manter um certo isolamento das outras etnias. O livro “Grupos Étnicos e Suas Fronteiras” é um exemplo disso, onde o autor aborda quais são os motivos para existir as fronteiras étnicas, bem como as consequências disso para a sociedade em geral.

Ele ainda percebeu, durante suas pesquisas para a confecção da publicação que as pessoas inseridas etnicamente num grupo buscam sempre andar de acordo com as diretrizes de tal grupo, evitando realizar algo que desagrade e cause a reprovação da parcela da sociedade no qual ele está inserido.

O sociólogo morreu em 2016, na Noruega, aos 87 anos, deixando uma vasta obra sobre os efeitos da etnicidade no mundo, promovendo o debate em diversas universidades.

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Categoria(s) do artigo:
Antropologia

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