A antropologia começou a se expandir e a se consolidar ao redor do mundo nas primeiras décadas do século vinte, até um pouco depois da Segunda Guerra Mundial. Nesse ínterim, foram fundadas diversas redes, fundações e acordos internacionais, o que promoveu uma maior relação geopolítica entre as nações e o fortalecimento das relações que já existiam anteriormente.
Nessa situação, a antropologia ganhou espaço como algo isolado das demais disciplinas, o que ainda não tinha sido observado antes. Além disso, ocorreu um crescimento no número de instituições para o estudo da antropologia e para a promoção de seu crescimento e de sua multiplicação. Desde os primórdios dessa ciência, a hegemonia se deu sempre por uma das três origens antropológicas: a britânica, a norte-americana e a francesa. Após esse período outras nações começaram a se lançar e a se expandir ao redor do mundo, como a antropologia japonesa, a antropologia russa e a antropologia mexicana, por exemplo. Isso foi algo muito bom, uma vez que a antropologia está sempre alinhada com as questões transnacionais e com as relações internacionais.
Uma grande diferença entre essas três principais vertentes da antropologia é o fato de que enquanto as antropologias britânica e americana estão relacionadas ao entendimento do corpo humano e da mente humana, relacionando os pensamentos e suas atitudes, a antropologia francesa se concentra na representação do ser humano perante o mundo e o ambiente em que está inserido, além de estar ligada, por muitos anos, à filosofia. Em contrapartida, a antropologia americana se ligou por muito tempo à física e às relações concretas do corpo humano com relação ao meio em que ele está inserido.
A antropologia americana está relacionada ao chamado impulso evolucionista, de Morgan e aos impulsos culturalista e relativista, de Franz Boas. Essa vertente destaca e valoriza a diversidade cultural, observando os comportamentos dos indivíduos dentro do ambiente em que vive e da cultura da sociedade em que está inserido. Há a observação das personalidades dos seres humanos frente as imposições culturais e sociais, além daquilo que o indivíduo pode e tem a capacidade de produzir a partir das circunstâncias em que se encontra. Além disso, há também a avaliação de como as culturas podem se misturar e interagir entre si, de acordo com a miscigenação entre etnias e entre nacionalidades. Foi essa vertente antropológica que criou o termo “aculturação”, o que põe em destaque as questões das minorias culturais e seus problemas sociais, como a questão dos negros, dos indígenas e dos porto-riquenhos que vivem nos Estados Unidos da América.
Já a antropologia britânica foi criada como uma parceria entre Bronislaw Malinowski e Alfred Radcliffe Brown, sendo que o primeiro se relaciona com questões ante evolucionista e, o segundo, com questões estruturais da sociedade. Segundo eles, o estudo da sociedade deve ocorrer de maneira independente do que ocorreu em seu passado, isto é, deve ser feito a partir do que está sendo observado naquele momento. Ademais, a sociedade deve ser estudada, ao máximo, com seus caracteres próprios, tentando excluir as interferências e as possíveis influências tanto do passado como de sociedades vizinhas. Esse estudo deve ser, sobretudo, empirista, o que faz com que esse pensamento se oponha ao racionalismo e ao idealismo de origem francesa.
Com relação a antropologia de origem francesa, conforme já citado anteriormente, ela se preocupa com as questões filosóficas e também sociológicas. Após meados de 1930 ela começou a evoluir, fazendo com que aparecesse a etnografia francesa. Sendo assim, começou a ser estudado questões que representam os seres humanos, como a mitologia, a religião e seus efeitos históricos sobre os indivíduos, a literatura, a mentalidade dos indivíduos ao longo dos anos e o que pode interferir nesse quesito. Uma questão importante sobre a antropologia francesa foi a chamada renovação metodológica, que é uma impulsão do seguimento de Lévi-Strauss e seu estruturalismo, dentro das teorias marxistas da sociedade.