Entender de onde viemos, em quais circunstâncias fomos criados e, principalmente, entender para onde vamos é primordial na vida de qualquer ser humano. Isso porque, somos seres movidos pela dúvida. E, quanto mais buscamos sanar alguns questionamentos de nossa vida, mais questionamentos aparecem, e é assim que a humanidade vive.
É fato que estamos habitando esse planeta há “pouco” tempo. Isso é dito, pois, os primeiros ancestrais humanos começaram a aparecer “apenas” há 200 mil anos atrás. Isso é pouco tempo, considerando uma escala de anos onde o planeta Terra surgiu há mais de 4,6 bilhões de anos atrás. Além disso, se formos analisar a nossa evolução até o que somos hoje, o tempo de estadia no planeta é ainda mais curto: os primeiros homo sapiens que viriam a ter a mesma quantidade de raciocínio como a nossa só apareceriam há 50 mil anos atrás.
Podemos perceber também que, para que possamos está vivendo nesse planeta hoje, foi preciso que nossos ancestrais se organizassem e lutassem pela sua sobrevivência, começando como seres nômades, ou seja, que não tinham um local fixo para residir, buscando alimentos e caças em qualquer lugar que aparecesse, até passar por um processo onde o homem viu que era possível a dominação de espécimes para consumo próprio, bem como a prática de agricultura e piscicultura, iniciando a era dos humanos sedentários e que perdura até os dias de hoje. Nessa época, também, desenvolveu-se a capacidade e a noção de propriedade, quando os seres humanos começaram a negociar uns com os outros sobre alimentos em excesso que um tinha e o outro não, tendo como base a troca entre produtos, para que ambas ficassem satisfeitas. As noções de comércio começaram praticamente aí.
Enfim, algumas pessoas acham que não é importante conhecer a fundo a história da humanidade, que é necessário foco no presente para tentar adivinhar como é o futuro. No entanto, essa afirmação é muito errada de se fazer, já que, sem olhar para trás e ver o que aconteceu e o que deu certo e errado, o futuro de toda a raça humana, inclusive dos animais e diversos seres vivos seria bastante ameaçadora. Por isso, a importância de se conhecer a nossa história, para que não repitamos casos de insucesso ou outros problemas que vieram a causar danos à sociedade.
E, por falar em sociedade, não podemos nos esquecer que cada uma delas possuí um costume, uma comida diferente ou formas distintas de exprimir a sua religião ou vontade pessoal. A isso, damos o nome de cultura, e ela pode variar muito de um grupo para o outro. E, como podemos depreender, uma cultura possui pontos muito complexos que só uma análise rasa não é passível de ser compreendida por completo. Por isso, existem diversas teorias com o propósito de ajudar a explicar o desenvolvimento de certas culturas, como é o caso do difusionismo.
O Difusionismo Cultural
O difusionismo nada mais é do que uma teoria que busca explicar o surgimento de uma cultura em um povo ou sociedade específica, utilizando diversas chaves históricas para dar veracidade às suas suposições. O foco principal dessa teoria é dizer que uma certa cultura ou um costume ou uma invenção muito importante surgiu apenas em uma região do mundo, e não em várias simultaneamente. Em resumo, isso quer dizer que uma cultura ou uma invenção X só foram “inventadas” uma vez, sendo explicada a sua presença em locais distantes da origem da invenção com a troca de experiência entre os povos.
Para exemplificar ainda mais, vamos tomar como exemplo a invenção da roda, essa que virou um dos maiores marcos da humanidade de todos os tempos. Seguindo essa teoria, a roda foi inventada em uma cultura de forma singular. Depois de sua estabilização e aperfeiçoamento, tal técnica foi passada para outras culturas por meio de intercâmbio de conhecimento, rendição militar, negociação ou, até mesmo, imitação. Se for seguido dessa maneira, significa que as tecnologias avançariam bem lentamente, sendo que essa teoria não se aplica somente em questões do tipo: podem ser aplicadas também às crenças religiosas, artes ou outra característica humana que possa ser material e transmitida entre as pessoas.
Esse assunto era febre no início do século XIX, tendo duas escolas principais à frente dessa linha de pensamento, sendo que uma delas era alemã e a outra britânica. Ambas desenvolviam trabalhos para poder comprovar a afirmação de troca de culturas, bem como faziam parte de diversas comissões especializadas no assunto.
Se ainda não ficou claro para você o que significa o difusionismo, preste atenção no exemplo a seguir, desta vez, falando sobre o difusionismo cultural: seguindo o raciocínio utilizado a seguir, pensemos, um pouco, sobre a nossa cultura de fazer feijoada, principalmente, no frio. Como todos nós sabemos, essa é uma receita tradicional que foi trazida pelos negros que aqui vieram servir obrigatoriamente como escravos. Misturando os restos de carne de porco que não eram consumidos pelos senhores de engenho, os negros pegavam feijão e cozinhavam juntamente com esses pedaços considerados “não nobres”, e cozinhavam no meio do feijão para que ele conseguisse adquirir um pouco do sabor da carne.
Basicamente, sabemos que os negros que vieram para cá para serem escravos eram provindos da África. E, portanto, é bem provável que a receita que passaria a se chamar “feijoada” foi inventada por aquele continente. O que aconteceu em território brasileiro foi somente uma mudança de nomes, passando a incorporar a feijoada como um prato nacional. Mas, a teoria difusionista falaria somente que o Brasil foi um “recebedor” de mercadoria, não o inventor, cuja receita foi criada em seu país de origem e só foi trazida ao Brasil como uma forma de aproveitar melhor os pedaços de carne que era desperdiçado.
Existem várias linhas de investigação que fazem com que o difusionismo, cada vez mais ganhe sentido. E muitas pessoas começaram a ver isso de maneira positiva, já que passariam a ter opiniões contundentes sobre o que é e como surgiu a cultura brasileira. Pode ter certeza que muitos ficarão maravilhados ao entender mais sobre essa teoria.