Tiradentes
Tiradentes é lembrado por ser um dos grandes heróis brasileiros, a sua história é em partes ensinada nas escolas, assim como a sua luta pela nação, mas nem sempre foi assim, durante o seu tempo Tiradentes foi visto como rebelde e por um grande período a sua memória foi esquecida, apagada e intencionalmente deixada de lado. É preciso entender que Tiradentes foi contra os interesses da coroa portuguesa, pois ele tinha como base de suas convicções os ideais de liberdade e independência que na época reinavam em muitas nações da Europa e na própria América onde na época a região mais ao Norte se libertava da dominação britânica e se tornava independente formando os Estados Unidos da América.
A coroa portuguesa que obviamente não queria perder a sua dominação sobre o Brasil, que era grande parte da sua fonte de renda, afinal eles roubavam produtos da nossa terra, levavam embora as nossas riquezas, o nosso ouro, as nossas pedras preciosas, lucravam sobre os produtos produzidos aqui, vendiam animais, arvores, pigmentação extraídas das vegetações brasileiras, além de matar e discriminar os habitantes nativos do Brasil, que eram os índios. É claro que para eles esse sistema de exploração estava bom, pois eles não tinham qualquer respeito pelo nosso país, eles só queriam ver o lucro no final de cada período.
Um movimento como o que Tiradentes ameaçou fazer acontecer por aqui, colocava em cheque quaisquer outros planos que tinham os portugueses e por isso era uma grande ameaça para eles. Por muito tempo, no entanto, os agentes da coroa sequer souberam sobre o movimento, eles descobriram por causa de uma traição de um dos participantes e “amigo” de Tiradentes, que contou todos os planos e quais os seus integrantes principais (os líderes), isso em troca de perdão das suas dívidas financeiras e impostos que devia para Portugal. Dessa forma Tiradentes foi descoberto e preso, assim como muitos de seus colegas também o foram em seguida.
Durante muito tempo o reinado português ainda foi forte no Brasil, pois o movimento o qual Tiradentes fazia parte, que era a Inconfidência Mineira aconteceu antes ainda da vinda da família real ao Brasil, quando tudo se tornou ainda mais explorado e escrachado por aqui. Após a volta da corte para Portugal, ainda houve o período do Brasil império, que na verdade nada mais foi do que mais um período sob a dominação dos portugueses, onde o país se afundou ainda mais nos problemas que já tinha e vinha acumulando ao longo do tempo.
O ponto é que enquanto houvessem portugueses no comando a nação, é claro que eles não iriam querer “manchar” a sua história e se comprometer exaltando a história de Tiradentes, enquanto houveram portugueses no comando do Brasil, Tiradentes foi tratado como um indigente, sem direito a nome, a história ou nada mais. Isso mudou quando o Brasil adentrou a sua fase como república, quando pelo interesse da união nacional e de criar uma identidade brasileira representativa, era preciso encontrar símbolos nacionais que transmitissem esse sentimento de pertencimento ao povo brasileiro. Foi aí que entrou novamente Tiradentes nos trilhos da história do Brasil, como herói e símbolo cultural, principalmente símbolo de Minas Gerais.
Rumos da Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira não foi um movimento que pensava nos menos favorecidos ou que tinha alguma consciência de classe, Tiradentes individualmente tinha um desejo e uma luta de tentar mudar algumas coisas, tal como fazer com que melhores investimentos fossem feitos nas cidades brasileiras, tal como investimentos em estrutura urbana e saneamento, ao invés do dinheiro ser todo mandado para Portugal.
Tiradentes inclusive tentou algumas vezes fazer com que os recursos recolhidos em taxas e impostos no Rio de Janeiro, fossem revertidos para a comunidade e para a cidade, mas não chegou nem perto de ter sucesso, pois os portugueses não se importavam nem um pouco se o povo que vivia aqui estava bem ou se estava com esgoto a céu aberto, contanto que as riquezas e o dinheiro continuasse chegando na sede do governo em Portugal, contanto que o dinheiro brasileiro continuasse comprando o luxo da corte portuguesa.
Tirando essa preocupação de Tiradentes, os outros integrantes do movimento, em sua maioria, não tinham uma consciência pelo país tão grande assim, o seu principal interesse, era que Portugal parasse de cobrar impostos abusivos sobre os seus trabalhos, sobre as suas produções, sobre as suas colheitas, etc. Afinal a grande maioria dos integrantes da Inconfidência Mineira, eram pessoas de posse, integrantes da classe média brasileira, donos de terra e donos de escravo, inclusive é importante citar que a questão da escravidão em nenhum momento foi considerada pelo movimento.
Tanto que o estopim que fez a Inconfidência Mineira crescer e se expandir foi o decreto do imposto da Derrama, que surgiu porque a coroa portuguesa não estava satisfeita com a quantidade de dinheiro que os brasileiros estavam mandando para Portugal, com a quantidade de produção de pedras preciosas e de ouro que estava sendo realizada. Esse imposto iria determinar que quem não tivesse dinheiro para pagar o que devia à coroa no dia da derrama, deveria dar o que tivesse, fossem os seus escravos, as suas propriedades ou o seu negócio.
O ponto é que quando a Inconfidência foi descoberta e seus líderes foram presos, incluindo Tiradentes, a coroa portuguesa resolveu suspender a derrama e assim esse imposto nunca foi colocado em pratica, mas fora isso não houve mais mudanças significativas na época. Os integrantes ficaram presos por mais ou menos 3 anos, até que foram julgados, alguns ganharam sentença de morte, o que foi refutado depois pela rainha Maria, com exceção de um caso, o de Tiradentes. Os outros receberam então oportunidade de exílio e a maioria foi mandada para a África do Sul.
Tiradentes foi o escolhido para ser morto, pois era o que tinha menos recursos entre todos os presos e porque eles tinham que escolher alguém para servir como “o exemplo”. Eles sendo o que tinha menos conexões políticas e menos recurso foi o bode expiatório. Tendo sido então enforcado e depois esquartejado, mas não morreu sem dizer o que pensava, é claro que saber as suas exatas palavras não é uma tarefa fácil, afinal muito foi feito para que ele fosse completamente esquecido pela história, mas segundo pesquisas, há três possibilidades de frases que ele disse antes de morrer, uma delas é “Seja rápido”, a outra é “Eu cumpri minha palavra e morro pela liberdade” e a versão mais aceita é que o que foi dito foi “Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria ao Brasil”.