A década de 60 desde o início dava sinais de que não seria um período fácil para a política brasileira. Era 1961, quando o então presidente, Jânio Quadros renunciou o governo, um primeiro sinal do período turbulento e de grande agitação política que o país iria enfrentar logo a seguir.
Jânio Quadros renunciou ao governo deixando a vaga para o seu vice, João Goulart, popularmente conhecido como Jango. Seu perfil político era de um homem com grande tendência as ideias esquerdistas, tais que ele gostaria de desenvolver na política brasileira.
Podemos dizer que entre tantas as mudanças que João Goulart pretendia implantar no Brasil, as principais delas estavam ligadas ao setor bancário, ao sistema eleitoral, ao ensino nas universidades e a agricultura, com a reforma agrária. Seu plano era iniciar fazendo as reformas de base para que a desigualdade social no Brasil reduzisse.
O discurso de Jango, convencido de que era necessário diminuir as diferenças sociais, começou a preocupar a elite brasileira da época. O então presidente passou a ser visto como uma ameaça ao poder econômico dos ricos e a consequência, foram medidas tomadas para enfraquecer o seu poder, evitando assim, que ele levasse as suas ideias adiante.
Entre tantos movimentos para diminuir o poder de Jango, um dos mais “famosos” é a mudança de regime político. O Brasil passou a seguir o parlamentarismo nos anos de 1961 e 1962, o que significa que nesse período, as decisões cabiam ao Congresso e não mais ao presidente. O que tranquilizava a elite brasileira da época, bem representada entre os deputados, a grande maioria defendia o direito dos ricos. Somente em 1963, o regime de governo presidencialista voltou a prevalecer no nosso país, graças a uma decisão obtida através de um plebiscito.
As propostas de Jango continuavam a incomodar a elite, entre elas: o controle de dinheiro enviado para o exterior, a proposta de dar canais de comunicação para estudantes, a concessão de direito ao voto para os analfabetos (um grupo que representava a maioria da população brasileira naquele momento), etc. O Brasil também estava economicamente instável e para piorar, a instabilidade da política proposta pelo então presidente começava a se espalhar por todo o país. Tudo somado não foi muito difícil para “armar” o golpe de 64.
E foi exatamente o que aconteceu, exatamente no mês de março de 1964, os militares tomaram o poder das mãos de Jango. O início da ditadura militar aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, depois de um discurso do então presidente, recebido com muitos aplausos e entusiasmo do povo. Nesse discurso, Jango falava da reforma agrária da nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
A elite não pensou duas vezes em reagir as ideias de Jango. Imprensa, empresários, políticos da direita, o clero conservador, unidos realizaram em São Paulo, o que chamaram de a “Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade”. Cerca de 500 mil pessoas protestaram pelas ruas as declarações de Jango e as suas propostas, que consideravam uma tentativa de ultrajar a Constituição Brasileira e os princípios de democracia brasileiros.
Em 31 de março então, começou a tomada de poder por parte dos militares e no dia 2 de abril de 1964, João Goulart deixou Brasília e a presidência foi assumida por Ranieri Mazilli. No dia 4 de abril, Jango buscou exílio no Uruguai. Não demorou muito, no dia 9 de abril, os militares começaram a estabelecer as próprias regras, o Ato Institucional 1, tirando do governo o presidente e cassando o mandato de políticos. Ainda em abril, o Brasil teve o seu primeiro governante militar, assumiu a presidência o marechal Castello Branco, que ficou no comando até o dia 24 de janeiro de 1967.
Os Presidentes da Ditadura no Brasil
O marechal Humberto Castello Branco foi o primeiro presidente militar do Brasil. Ele assumiu logo depois do golpe, em abril de 1964 e ficou no governo até 24 de janeiro de 1967.
Logo de cara deu para ver que o golpe militar se transformaria em um regime ditatorial altamente repreensivo, isto é, quem tentasse se rebelar sofreria duras penas. Muitas pessoas perderam a vida porque questionaram os militares e outros brasileiros tiveram que fugir do próprio país para não ter o mesmo fim.
A ditadura remodelou toda a economia e a política do Brasil. O primeiro governo foi marcado pela centralização do poder. O presidente militar tinha total controle sobre os poderes Legislativo e Judiciário. Além disso, as eleições para governadores e presidente da República passaram a ser indiretas. Já na área da economia, uma das principais mudanças, foi o incentivo do governo brasileiro a entrada de investidores estrangeiros no Brasil.
O segundo presidente militar que o Brasil teve foi Costa e Silva, que governou de 1967 a 1969. Se existia alguma dúvida de que rumos o país ia tomar até então, isso acabou com a entrada de Costa e Silva, com ele, a ditadura se avançou rapidamente e ficou claro os seus objetivos. Com isso, acabou com o resto de democracia e liberdade que sobrou do primeiro governo militar.
Uma das primeira medidas de Costa e Silva foi intensificar a repressão da polícia militar com grupos e associações que se colocassem contra o governo. Quando se falava no retorno da democracia, o então presidente, justificava que não era possível por conta do avanço das oposições. Entre tantas das suas decisões radicais, está o fechamento do Congresso Nacional.
O terceiro presidente militar que o Brasil teve foi do general Médici, que durou de 1969 a 1974. Uma época de muita euforia no país, graças ao desenvolvimento e crescimento econômico que se observava com a estabilidade da economia. Esse governo ficou na história como aquele onde foram registrados os maiores índices de desenvolvimento da economia do Brasil. Por outro lado, foi marcado negativamente, pela dura repressão e pelo uso da tortura como método de castigar quem se colocava contra o governo militar.
De 1974 a 1979, era Geisel que estava à frente do governo. Um dos episódios que mais marcou esse governo foi a morte sob tortura sofrida pelo jornalista Vladimir Herzog, em outubro do ano de 1975. Além disso, a economia que por um momento demonstrou um grande crescimento, em 1974 estava declinando.
O último militar a governar o Brasil foi João Figueiredo, de 1979 a 1985, encerrando os 21 anos de ditadura. O primeiro passo, visando a redemocratização, foi a assinatura da Anistia, permitindo a liberdade dos presos políticos e dos exilados reentrarem no Brasil.