As Obras e a Vida de José Saramago

Filho de trabalhadores rurais, Saramago cresceu em grande pobreza, em Lisboa. Após a trabalhar como mecânico e metalúrgico, Saramago conseguiu um emprego em uma editora de Lisboa e posteriormente, tornou-se jornalista e tradutor. Ele se juntou ao Partido Comunista Português em 1969, e publicou vários volumes de poemas, servindo também como editor de um jornal de Lisboa entre 1974 e 1975, durante o degelo cultural que se seguiu à derrubada da ditadura de António Salazar.

Uma reação anticomunista fez com que Saramago perdesse a sua posição no jornal, e do alto de seus 50 anos, começou a escrever os romances que acabaria por estabelecer sua reputação internacional como escritor.

As Obras Importantes

Um dos romances mais importantes de Saramago é Memorial do Convento, escrito em 1982; A história mostra Portugal do século 18 (durante a Inquisição) como pano de fundo, onde Saramago narra os esforços de um veterano de guerra com deficiência e sua amante para fugir de sua situação. Saramago alterna essa fantasia alegórica com descrições realistas e sombrias sobre a construção do Convento de Mafra pelas mãos de milhares de trabalhadores, pressionados em serviço por D. João V.

Outro romance memorável do escritor português falecido em 2010 é “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, escrito em 1984, onde Saramago justapõe os envolvimentos românticos de seu narrador, um médico e poeta que retorna a Portugal no início da ditadura de Salazar, com longos diálogos que examinam a natureza humana como revelado na história e cultura do seu país.

A prática de Saramago em definir parábolas para narrar antecedentes históricos, a fim de comentar ironicamente sobre as fraquezas humanas é exemplificado em dois romances: “A Jangada de Pedra” (de 1986 que virou filme em 2002), onde o autor explora a situação que resulta quando a Península Ibérica se “quebra” do continente europeu e se se torna uma ilha, e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” escrito em 1991, que postula Cristo como um inocente preso nas maquinações entre Deus e Satanás.

Os comentários irônicos do autor, ateu declarado, em O Evangelho Segundo Jesus Cristo foram consideradas agressivas e exageradas pela Igreja Católica Romana, que pressionou o Governo Português para bloquear a entrada do livro para concorrer em um prêmio literário em 1992. Como resultado do que ele considerou uma censura aos seus escritos, Saramago embarcou para um auto-exílio nas Ilhas Canárias, onde ficou para o resto de sua vida.

Outros romances de Saramago são o Manual de Pintura e Caligrafia, escrito em 1976, e muitas obras posteriores como Historia do Cerco de Lisboa, de 1989;  Todos os nomes, de 1997, O Homem duplicado de 2002, As intermitências da Morte de 2005, e A Viagem do Elefante de 2008.

Ensaio sobre a cegueira de 1995 é um dos seus grandes sucessos (que foi para o cinema pouco antes da sua morte, em 2008) e Ensaio sobre a lucidez, de 2004, são romances indispensáveis a qualquer um que goste do gênero. Em 2012, seu romance Claraboya, que tinha sido escrito na década de 1950, que ficou arquivada em uma editora portuguesa por décadas, foi publicado postumamente.

Saramago também escreveu poesia, peças de teatro, e vários volumes de ensaios e contos, bem como obras autobiográficas. Seu livro de memórias “Memórias Pequenas”, escrito em 2006 se concentra em sua infância. Quando ele recebeu o Prêmio Nobel em 1998, seus romances foram amplamente difundidos na Europa, mas continuaram menos conhecidos na América, porém o efeito da sua popularidade ficou grande e Saramago ficou conhecido no mundo inteiro. Ele foi o primeiro escritor da língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel.

Vida Sofrida

José Saramago nasceu em Azinhaga, uma pequena aldeia a nordeste de Lisboa, em 1922. Em 1924, a família de José mudou-se para Lisboa, onde, apesar de ser um bom aluno, teve que deixar a escola por razões financeiras. Eventualmente, ele começou a trabalhar como tradutor e jornalista para o jornal Diário de Notícias. Ele se casou com Ilda Reis, com quem teve uma filha em 1947. Em 1988, José Saramago casou-se com Pilar Del Rio, uma jornalista que também é a tradutora oficial de seus livros para o idioma espanhol.

O Estilo

Os romances de Saramago são estilisticamente originais em alguns aspectos. As premissas de seus romances são muitas vezes fantásticas: Em A Jangada de Pedra, a Península Ibérica quebra do resto da Europa; No Ano da Morte de Ricardo Reis, pseudônimo do poeta Fernando Pessoa sobrevive a ele por um ano, em Blindness, uma cidade sem nome que é atingida por uma praga de cegueira. Saramago também tende a escrever frases muito longas sem diálogo incorporado. Ele também resiste ao uso de nomes próprios, o que significa que a maioria de seus personagens não tem nomes.

Bibliografia

– Terra do Pecado, 1947
– Os Poemas Possíveis, 1966
– Provavelmente Alegria, 1970
– Deste Mundo e de Outro, 1971
– A Bagagem do Viajante, 1973
– Como Opiniões que tive 1974
– O Ano de 1993, 1975
– Os Apontamentos, 1976
– Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
– Quase Objeto, 1978
– Levantado do Chão, 1980
– Viagem a Portugal, 1981 


– Memorial do Convento, 1982
– O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1986
– A Jangada de Pedra, 1986 (A Jangada de Pedra, 1994)
– História do Cerco de Lisboa, 1989
– O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
– Ensaio sobre a Cegueira, 1995
– De Todos os nomes, 1997
– O Conto da Ilha Desconhecida, 1997
– A Caverna, 2001
– O Homem duplicado, 2003
– Ensaio sobre a Lucidez, 2004
– Don Giovanni o dissoluto Absolvido, 2005
– Como Intermitências da Morte, 2005
– Como Pequenas Memórias, 2006
– A Viagem do Elefante, 2008

José Saramago se foi em 18 de junho de 2010, com 88 anos e uma cabeça privilegiada. Sem dúvida, o que fica da sua obra é um legado da mais alta felicidade na escrita, além de obras simplesmente encantadoras. Por tudo que realizou em sua larga e vasta carreira, merece sempre ser lembrado como um dos maiores escritores de todo o mundo. Suas obras merecem atenção e destaque dos que apreciam a literatura, pois tem traços que somente Jose Saramago incluía nelas, numa maneira toda especial de escrita, como se fosse uma assinatura sua em cada página que escreveu. Para quem gosta, recomendamos ter pelo menos um Saramago na sua prateleira, vale cada centavo gasto.

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Curiosidades

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