A Igreja Ortodoxa (do grego όρθος, reto, e δόξα, doutrina), também conhecida como Igreja Católica Ortodoxa Grega ou Igreja Cristã Ortodoxa,é uma das principais Igrejas cristãs da atualidade com aproximadamente dois mil anos, contando como Igreja Primitiva, e aproximadamente mil anos, contando a partir do cisma, surgindo junto com a Igreja Católica Apostólica Romana.
A Igreja Ortodoxa vê a si mesma como a verdadeira igreja instituída por Jesus Cristo, e a seus líderes, sucessores dos apóstolos. Em que pesem diferenças teológicas, organizativas e de espiritualidade não desprezáveis, no todo sua doutrina é semelhante à da Igreja Católica; preserva os sete sacramentos, o respeito a ícones e o uso de vestes litúrgicas nos seus cultos (denominados de divina liturgia). Seus fiéis são chamados de cristãos ortodoxos.
A Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Apostólica Romana separaram-se no século XI. Por essa razão os ortodoxos não reconhecem a autoridade do Papa, não aceitam os dogmas proclamados pela Igreja Católica Romana em séculos recentes, tais como o da Imaculada Conceição e o da infalibilidade papal, e não consideram válidos os sacramentos ministrados por outras confissões cristãs.
Até o século XI, católicos romanos e ortodoxos têm uma história comum, que começa com a instituição da Igreja por Jesus Cristo e sua difusão pelos apóstolos. O Primeiro Concílio de Niceia, em 325, estabeleceu a Pentarquia, em que a Igreja foi organizada sob cinco patriarcas: os bispos de Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma, sendo o Bispo de Roma considerado o primus (primeiro) entre os patriarcas, embora muitos interpretem esse título como o primus inter pares (primeiro entre iguais). Porém, quando a residência do imperador romano e do senado foi transferida para Constantinopla (em 330 d.C), o Bispo de Roma perdeu influência em favor do Bispo de Constantinopla em relação às igrejas orientais. Ainda assim Roma continuou tendo uma autoridade especial devido à sua ligação com São Pedro.
Uma série de dificuldades complexas ocasionou um progressivo distanciamento entre Roma e os demais patriarcados. Primeiro veio a quebra da unidade política. Com a divisão do Império Romano (em 395), a queda do Império Romano do Ocidente (em 476) e o fracasso da tentativa de Justiniano de reunificar o império (a partir de 535), Oriente e Ocidente deixaram de estar sob o mesmo governo.
Mais tarde, com a ascensão do Islã, as trocas econômicas e os contatos por via marítima entre o [Império Bizantino], de [língua grega], e o Ocidente, de língua latina, se tornaram mais difíceis, e a unidade cultural entre os dois mundos deixou paulatinamente de existir. No século VIII, Roma colocou-se sob a proteção do Império Carolíngio. Criou-se assim uma situação em que as Igrejas em Roma e em Constantinopla estavam no seio de dois impérios distintos, fortes e autossuficientes, cada qual com sua própria tradição e cultura.
Essa situação ensejou uma escalada de divergências doutrinárias entre Oriente e Ocidente (em particular a inclusão no Credo Niceno-Constantinopolitano, pelo Ocidente, da cláusula filioque, considerada herética pelos ortodoxos) e a adoção gradativa de rituais diferentes. Ao mesmo tempo, acentuou-se a pretensão, por parte de Roma, de exercer uma autoridade inconteste sobre todo o mundo cristão, enquanto que Constantinopla aceitava somente que Roma tivesse uma posição de honra. Tais disputas levaram à ruptura, em 1054, que dividiu a Igreja entre a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa no Leste (Grécia, Rússia e muitas das terras eslavas, Anatólia, Síria, Egipto, etc.). A esta divisão a historiografia latina chama Cisma do Oriente, e a oriental e anglo-saxônica, Grande Cisma.
Funcionamento
A Igreja Ortodoxa é formada por diversas jurisdições eclesiásticas (como por exemplo a Igreja Ortodoxa Grega, Igreja Ortodoxa Russa) que professam a mesma fé e, com algumas variantes culturais, praticam basicamente os mesmos ritos. O chefe espiritual das Igrejas Ortodoxas é o Patriarca de Constantinopla, embora este seja um título mais honorífico, uma vez que os patriarcas de cada uma dessas igrejas são independentes. A maior parte das Igrejas ortodoxas, todas elas em comunhão umas com as outras, usam o rito bizantino.
Para os ortodoxos, o chefe único da Igreja, e sem intermediários, representantes ou legatários, é o próprio Jesus Cristo. A autoridade suprema na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, que se compõe de todos os patriarcas chefes das igrejas autocéfalas e os arcebispos-primazes das igrejas autônomas, que se reúnem por chamada do Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
A autoridade suprema regional em todos os patriarcados autocéfalos e igrejas ortodoxas autônomas é da competência do Santo Sínodo Local. Uma igreja autocéfala possui o direito a resolver todos os seus problemas internos em base a sua própria autoridade, tendo também o direito a remover seus próprios bispos, incluindo o próprio patriarca, arcebispo ou metropolita que presida esta Igreja.
A Igreja Ortodoxa reconhece sete Concílios Ecumênicos: Niceia, Constantinopla, Éfeso, Calcedônia, Constantinopla II, Constantinopla III e Niceia II.
A Igreja Ortodoxa
A autoridade suprema na Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, que se compõe de todos os Patriarcas chefes das Igrejas Autocéfalas e os Arcebispos Primazes das Igrejas Autônomas, que se reúnem por chamada do Patriarca Ecumênico de Constantinopla e sob a sua presidência, em local e data que ele determinar.
A autoridade suprema regional em todos os Patriarcados autocéfalos e Igrejas Ortodoxas autônomas é da competência do Santo Sínodo Local, que é composta dos Metropolitas chefes das arquidioceses sob a presidência do próprio Patriarca ou Arcebispo que convoca a reunião, marcando a data, o local e a ordem do dia.
Igrejas Ortodoxas Autônomas
Existem cinco Igrejas Ortodoxas Autônomas que funcionam de modo independente no que diz respeito aos seus assuntos internos, porém, sempre dependendo canonicamente de uma Igreja Ortodoxa Autocéfala. Na prática, isto significa que a «cabeça» de uma Igreja Autônoma deverá ser confirmada em ofício pelo Santo Sínodo de sua Igreja-Mãe.
As Igrejas Ortodoxas de Finlândia e Estônia são dependentes do Patriarcado Ecumênico, enquanto que a de Monte Sinai depende do Patriarcado de Jerusalém. A estas três Igrejas Ortodoxas Autônomas deveríamos acrescentar as outras duas Igrejas que Moscou outorgou autonomia: a saber: a Igreja Ortodoxa da China e a Igreja Ortodoxa do Japão, ambas filhas da Igreja Russa. Tais ações ainda não tiveram o reconhecimento oficial do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.