A arte paleocristã foi uma expressão artística simples e simbólica, originada das pessoas que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo. Essas manifestações artísticas ficaram conhecidas também como a arte cristã primitiva. A expressão de arte paleocristã surgiu após a morte de Jesus Cristo, quando os seus seguidores buscavam meios de propagar e espalhar os ensinamentos religiosos deixados por Jesus.
Essa arte marca um novo momento na história da arte, se destacando por ser simples no seu início e se consolidando como forte e robusta na idade média, devido ao grande poder da Igreja na época.
Histórico da Arte Paleocristã
O nascimento de Jesus Cristo dividiu a história em todos os sentidos, pois uma nova era, principalmente no âmbito espiritual, estava por vir e ameaçava aqueles que estavam no poder, que era o povo romano, através dos seus imperadores.
Com Jesus Cristo, em sua fase adulta, pregando a boa nova e o novo reino que havia de vir, os governantes romanos se sentiram ameaçados e iniciaram uma perseguição que culminou com a morte e crucificação de Jesus. No entanto, a perseguição continuou para as pessoas que seguiam e ensinavam os princípios cristãos. Jesus Cristo era transmitido através de símbolos, como, por exemplo, um círculo ou em outras ocasiões, um peixe, pois em grego a palavra peixe, pronunciada ichtus, compõe as iniciais da seguinte frase: Jesus Cristo de Deus Filho Salvador. Devido à ameaça de nova ordem religiosa e espiritual que surgiu, os romanos perseguiram a Jesus e a todos aqueles que o seguiam e propagavam os seus ensinamentos, os cristãos.
Durante esse período, os cristãos faziam as celebrações dos seus cultos e as suas orações nas cavernas e catacumbas na cidade de Roma. Nessas catacumbas foram encontradas diversas pinturas que simbolizavam os sentimentos das pessoas daquela época. Entre os símbolos pintados nas paredes, podiam ser encontrados: peixes, ovelhas, cordeiros e outros símbolos diversos. Esses desenhos traduziam as passagens da Bíblia, o próprio Jesus, o Pastor e os seus seguidores e etc.
Essas manifestações foram caracterizadas como o primeiro momento da Arte Paleocristã, e ficou conhecido como fase catacumbária, pelo fato das expressões artísticas ficarem localizadas nas catacumbas e cemitérios subterrâneos da cidade romana, tudo isso pelo fato dos cristãos serem perseguidos.
Os cristãos foram perseguidos pelos romanos por um período de aproximadamente 300 (trezentos) anos, foram perseguidos até o momento em que o imperador romano Constantino aceitou e reconheceu o cristianismo, acabando assim as perseguições aos cristãos. Esse momento de aceitação do Cristianismo foi o pontapé inicial para a abertura da segunda fase da arte paleocristã, que se caracterizou pela construção dos templos para oração e para as celebrações, as chamadas basílicas.
A construção de basílicas estava presente na arquitetura grega e na romana. Esse tipo de construção se destacava por suas dimensões enormes. A construção se caracterizava por ser um plano retangular que possuía uma área de 05 (cinco) mil metros quadrados apresentando 03 (três) naves que eram separadas por colunas e tinham uma porta na entrada ou fachada principal para que as pessoas acessassem os templos.
Nas basílicas, as expressões artísticas se destacavam pelos grandes mosaicos existentes. A arte dos mosaicos procurava transmitir e expressar as passagens bíblicas existentes no Antigo e no Novo Testamento. Os mosaicos também foram usados em mausoléus e sarcófagos, que eram usados pelos cristãos que possuíam maior número de posses.
A Arquitetura Paleocristã
A arquitetura paleocristã foi considerada simples e se destacava pelo uso de símbolos na representação das passagens bíblicas. Devido às perseguições romanas, os cultos eram celebrados em locais sem relevância arquitetônica, pois muitas vezes tinham que ser escondidos em catacumbas e cemitérios subterrâneos. Nos dias atuais podem ser visitadas as catacumbas de Santa Domitila e Santa Priscila.
A arquitetura paleocristã só começou a se desenvolver a partir do momento em que o imperador Constantino declarou a liberdade de culto, e os cristãos puderam construir seus templos em cidades como Roma, Milão, Ravena e etc. de forma que esses templos puderam acolher o crescente número de pessoas que se convertiam ao cristianismo, além de funcionarem como uma espécie de divulgação da religião que estava em ascendência e crescimento.
A Escultura Paleocristã
A escultura paleocristã procurava evitar a idolatria, por isso a representação de seres humanos em tamanho natural (muito comum na cultura grega e romana) foi renegado. As primeiras esculturas da arte paleocristã eram sarcófagos feitos de mármore. Essas esculturas foram feitas por volta do século III.
A escultura paleocristã se caracteriza mais pelo simbolismo do que pelas próprias formas da obra, eram baixos relevos que apresentavam pequena qualidade, no entanto procuravam transmitir toda a espiritualidade dos cristãos. As esculturas davam destaque à cabeça, pelo fato delas representarem o centro da espiritualidade das pessoas. As estátuas possuíam poucas unidades e a sua maioria representavam a figura de Jesus, o Bom Pastor.
A Pintura Paleocristã
A pintura paleocristã se caracterizava por ser simbólica, pelo fato de sua grande maioria terem sido executadas nas catacumbas e cemitérios subterrâneos. Ainda hoje podem ser encontrados alguns afrescos em muros de catacumbas, e os temas dessas pinturas estavam ligadas ao cristianismo. As pinturas representavam orações, pessoas, animais, símbolos cristãos, passagens bíblicas e cenas da vida religiosa vividas na época. A pintura paleocristã vai aperfeiçoando as técnicas e permite que as igrejas e as imagens tenham muitas cores, sendo estas intensas e vibrantes.
A Iluminura Paleocristã
A arte paleocristã era uma oposição à arte romana, que era pagã. O cristianismo tem as suas expressões artísticas baseadas nos textos bíblicos, e todos os manuscritos possuíam ilustrações e iluminuras, que possuíam grande importância no processo de propagar as sagradas escrituras.
Junto ao desenvolvimento de técnicas de iluminuras (pinturas decorativas), surgiu também o desenvolvimento de técnicas para manter os materiais manuscritos, que antes eram feitos de rolos de papiro. Este tipo de material não ajudava no processo artístico de ilustração, pois não auxiliava a conservação dessas obras. O problema dos rolos de papiro é que eles precisavam ser enrolados para serem guardados e esse processo causava o desgaste da tinta das ilustrações.
A partir do século II, quando surgiu o pergaminho, pode se guardar os papéis sem dobrar, foi o surgimento dos livros com encadernações em madeira e decoradas com metais e pedras preciosas, apresentando uma liberdade para o uso das ilustrações que não havia antes.
São pouquíssimas iluminuras que existem nos dias atuais, contudo as poucas obras nos permitem identificar uma grande variedade de cores e influência espacial e geométrica da pintura grega e da pintura romana. Uma das iluminuras mais conhecidas é o Genesis de Viena.
A arte paleocristã é muito importante para a história do Cristianismo, até porque não conta apenas a história de uma religião, mas de como um povo vivia em determinada época e em suas crenças e necessidades. Assim como outras artes, a arte paleocristã é história.