O Hospício Cabañas fica em Guadalajara, a segunda maior cidade do México, e é um dos principais atrativos turísticos do lugar. Se trata de uma obra arquitetônica imperdível em uma visita ao país. Para se ter uma ideia do valor artístico deste monumento, ele está na lista do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1967.
A História do Hospício Cabañas Guadalajara
O Hospício Cabañas da cidade mexicana Guadalajara foi construído no início do século 19. Foi o bispo, da época, Juan Ruiz de Cabañas que ordenou a construção. O prédio foi erguido para abrigar uma Casa de Misericórdia, que serviria como abrigo e também para dar assistência a idosos, deficientes físicos, órfãos e doentes crônicas. Uma casa assistencial na época era de grande importância porque a cidade estava sofrendo com inundações, geadas e secas. Era um período muito difícil para a população mexicana.
A Casa de Misericórdia também passou a atender a família das pessoas que eram ajudadas pela instituição, assim como peregrinos pobres e até mesmo os homens que trabalharam na contrução do Hospício Cabañas.
Sobre a Arquitetura do Hospício Cabañas
O Hospício Cabañas tem uma arquitetura muito singular e não é por acaso. A história conta que antes do bispo Juan Ruiz, que ordenou a construção da Casa de Misericórdia, chegar em Guadalajara, ele conheceu o espanhol Manuel Tolsá na cidade do México. Um encontro com um dos grandes contribuidores da arquitetura mexicana, que já tinha participado da eleboração de grandes projetos. E foi ele quem elaborou o projeto do Hospício Cabañas e deixou que o seu pupilo, José Gutierrez fosse o supervisor da obra, com exceção da capela, que foi construída entre 1805 e 1810.
História de Guerra Durante a Construção do Hospício Cabañas
Enquanto o Hospício Cabañas era construído estorou no México a Guerra da Independência. Na ocasião, todos os prédios que ainda não tinham sido finalizados, passaram a servir como estábulos e quartel. No início eram os rebeldes que os ocupavam e depois passaram a ser usados pelas tropas monarquistas. Demorou um pouco para que a guerra terminasse, só em 1821 que o México se livrou do domínio espanhol. E em 1823, morria o bispo e levaram mais 6 anos para que a obra solicitada por Ruiz se concluisse. Era 1845, quando a Casa de Misericórdia foi inaugurada e recebeu o nome oficial.
As Características do Hospício Cabañas
O Hospício está localizado em um plano retangular ocupando 23,5 mil metros quadrados de área, mede 163 metros de comprimento e 145 metros de largura.
Pensando nos doentes que a Casa da Misericórdia tinha que abrigar, todas as partes de atendimento se concentravam na parte térrea, para facilitar o ir e vir dos doentes, das crianças e dos doentes. Só não ficava na parte inferior, a cozinha e a capela. Todos os outros cômodos se espalhavam em meio aos 23 pátios da construção.
Essas salas possuem uma arquitetura com uma característica particular, com as laterais um pouco arqueadas, em ambos os lados. Porém, uma das coisas que mais chamam a atenção é como são harmoniosos os espaços construídos com aqueles abertos, mesmona simplicidade do traçado e com a grande dimensão do complexo como um todo.
Uma curiosidade sobre essa importante obra arquitetônica é que a solução escolhida por Tolsá é inédita, que teve inspiração nos conjuntos como o do Hotel dos Inválidos de Paris e do Mosteiro do Escorial, na Espanha.
A Casa de Misericórdia Quase Se Tornou Quartel Por Uma Segunda Vez
Por pouco o Hospício Cabañas não foi usado por uma segunda vez como quartel, em 1858, isso só não aconteceu porque ele foi entregue às Irmãs de Caridade. Nesta época, também ficou decidido que todos os órfãos daquele lar poderiam adotar o sobrenome Cabañas.
No ano de 1872, os registros dizem que moravam no Hospício Cabañas um número superior a 500 pessoas. E neste mesmo ano, um outro fato marcou o lugar, as freiras foram expulsas. Os anos foram passando sem a ajuda das religiosas e em 1880, sem receber ajuda financeira, a instituição foi obrigada a abrir mão de uma boa parte das pessoas que viviam ali, os moradores se reduziram pela metade. Só passado 3 anos desse episódio é que o governo do estado de Jalisco, decidiu enviar verbas para o Hospício Cabañas e o número de abrigados foi crescendo, chegando a 442 em 1887 e em 1910 a 672.
Outras Ajudas Que O Hospício Cabañas Recebeu Para Dar Continuidade As Suas Atividades
Depois de um período sem receber auxílio de ninguém, que acabou levando a diminuição dos moradores do Hospício Cabañas, a situação foi melhorando, principalmente por causa da ajuda do muralimos mexicano.
Nos anos de 1930, a instituição tornou-se uma obra ainda mais importante, graças a ordem do governo Jalisco, de que artistas famosos, como por exemplo, José Clemente Orozco, realizassem murais nos edifícios públicos de Guadalajara. Esse período importante para a arte do México ocorreu entre os anos de 1936 e 1939. O Hospício recebeu nada menos do que 53 obras na época, todas com características multiétnicas ressaltando a sociedade mexicana. Aliás, todas os murais criados no Hospício estão entre as obras mais importantes do autor. Em destaque, o “Homem de Fogo”, que foi pintada em uma altura a cerca de 30 metros do pavimento em um teto curvado. Essa obra é considerada uma das mais importantes porque se mostra uma solução “brilhante” para o problema de perspectiva, dado os traços da parede, não lineares.
As Atividades do Hospício Cabañas Foram Suspensas Em 1980
Os pacientes que moravam no Hospício Cabañas não ficaram desabrigados, foram transferidos para outras instituições para receber o mesmo tipo de tratamento. Foi assim que as atividades do Hospício foram encerradas em 1980.
Em seguida, o prédio foi fechado para reforma e reaberto não mais como uma Casa de Misericórdia, mas como um lugar cultural, nasceu o Instituto Cultural Cabañas. Desde então, o ex-Hospício passou a abrigar salas de cinema, museu, espaços para receber peças teatrais, outros para apresentações de música e dança, escolas de artesanato e também de artes. Além disso, a sede da Secretaria de Cultura de Jalisco foi transferida para o histórico edifício, que se transformou no principal polo da cultura da cidade mexicana de Guadalajara.
