Ilha das Flores

O curta-metragem em estilo documentário “Ilha das Flores” foi escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado no ano de 1989. O trabalho realizado com a produção da Casa de Cinema de Porto Alegre ficou marcado na história do cinema nacional por mostrar o descaso da sociedade consumista de maneira contundente. O curta recebeu inúmeros prêmios.

Sinopse de Ilha das Flores

Nesse curta-metragem podemos acompanhar um retrato ao mesmo tempo contundente e divertido da maneira como funciona a sociedade de consumo. Para ter essa compreensão da mecânica da sociedade de consumo acompanhamos a trajetória de um tomate desde que ele é cultivado até o momento em que ele é jogado fora. Através desse acompanhamento podemos ver o processo de geração de riqueza e a criação das desigualdades que vão surgindo no meio do caminho.

É o Fim?

O documentário acompanha a trajetória de um tomate que depois de cultivado e vendido num supermercado acaba apodrecendo. Com certeza em sua casa é o fim da trajetória do tomate quando ele apodrece, no entanto, o que Ilha das Flores nos mostra é que na verdade não é bem assim. O tomate apodrecido é seguido até o seu destino final, o lixão, em que passa a ser alvo de disputa entre animais e seres humanos. O curta tenta mostrar que nesse momento porcos e seres humanos acabam não se diferenciando.

Avaliações

O documentário apresenta as relações desiguais e por vezes muito injustas que são criadas pela economia. Furtado já disse em algumas entrevistas que o texto do filme foi inspirado em leituras de obras de Kurt Vonnegut dentre as quais se destaca “Café da manhã dos campeões”.

O curta já foi classificado como sendo “materialista” por apresentar logo no início a frase “Deus não existe”. O mais interessante é que em contraponto a essa visão alguns críticos chegaram a classificar o filme como sendo do tipo religioso. Para a crítica europeia “Ilha das Flores” é um dos 100 curtas mais importantes do século passado.

Os Objetivos de Ilha das Flores

Um dos principais objetivos desse filme é fazer uma reflexão a respeito da forma como o lixo é tratado e compreender como as pessoas que estão na extrema pobreza sobrevivem tendo uma busca incessante por alimentos e alguma fonte de renda. O destaque do conteúdo desse curta-metragem é a maneira como são tratados os resíduos sólidos e a desigualdade social que é gerada por meio desse processo.

Pessoas Passando Fome

Nesse curta podemos acompanhar a dificuldade das pessoas que se encontram num lugar da sociedade em que necessitam de alimentos que são encontrados no lixo. A desigualdade social provoca o surgimento da necessidade de muitas pessoas procurarem no descarte do restante da sociedade algo para se alimentar.

Um Retrato

O documentário que é classificado como um dos melhores da história do cinema nacional tem como principal roteiro mostrar a realidade do tratamento dos resíduos sólidos do estado do Rio Grande do Sul. Embora esse filme seja de 1989 podemos observar poucas nos lixões do estado gaúcho e do Brasil como um todo.

Atualmente, o que se percebe é uma existência de mais consciência a respeito da reciclagem. Um filme que é muito interessante para apresentar aos estudantes questões como o tratamento dos resíduos – tema absolutamente atual – e a desigualdade social que existe em nosso país. O filme nos apresenta pessoas que tem a sua sobrevivência baseada no lixo que nós produzimos.

Apresentando o Documentário na Escola

Como tem apenas 13 minutos o documentário pode ser exibido na sala de aula para suscitar uma discussão com os seus alunos a respeito da coleta seletiva de lixo, a produção e gestão de resíduos nos grandes centros urbanos e a desigualdade social intensa que existe em nosso país.

Tema Atual

O documentário “Ilha das Flores” ainda tem uma temática atual pelo fato de não ter ocorrido muitas mudanças na forma como o lixo é tratado, mas também porque estamos num momento em que se fala muito a respeito de sustentabilidade e na importância do correto manejo do lixo. Quando o lixo passou a ser uma questão importante nas discussões já era uma questão difícil de ser resolvida e entendida.

Vivemos numa sociedade que produz muito lixo e que dificilmente conseguirá reduzir a produção desses resíduos, no entanto, ainda existem pessoas que não tem o que comer. Uma questão que nos apresenta um paradoxo em que existe uma produção maior do que pode ser manejada, mas que ainda apresenta falta de alimentos para alguns.

Apelo Consumista

Se na sociedade de 1989 o apelo consumista já era forte imagine agora que temos internet e estamos conectados o tempo todo. A verdade é que desde que o documentário foi lançado o consumismo apenas cresceu. Está cada vez mais complexo fazer o manejo de tantos resíduos uma vez que o consumo só aumenta.

Hoje em dia ainda temos o crescimento exponencial do lixo eletrônico que ainda não era um problema grande no final da década de 1980. Com o surgimento de computadores, tablets e celulares cada vez mais modernos mais aparelhos acabam sendo descartados. Já não tem espaço para tanta produção de lixo.

O consumo é um dos problemas-chave para resolver questões essenciais para o futuro do planeta como a grande produção de lixo. São questões ainda muito atuais que precisam ser discutidas e para quais é importante encontrar uma solução.

Um Filme Premiado

O filme “Ilha das Flores” recebeu importantes prêmios como o de “Melhor Filme” além de outros 08 prêmios do Festival de Gramado de 1989. No 40º Festival de Berlim o filme recebeu o Urso de Prata de curta-metragem, em 1990. Ainda em 1990 o filme recebeu o Prêmio Air France de melhor curta-metragem do ano.No ano seguinte, 1991, recebeu os prêmios Especial do Júri e Melhor Filme do Júri Popular do 3° Festival de Clermont-Ferrand, França. Também recebeu nesse ano os prêmios “Blue Ribbon Award” do American Film and Video Festival e o de Melhor Filme do 7º No-Budget Kurzfilmfestival.

Longe do que nome remete, Ilha das flores não é um destino turístico ou de uma agradável viagem, mas sim um curta metragem Brasileiro produzido por volta de 1989 e que mostrava a realidade do povo Brasileiro de forma irônica e única, e é considerado por muitos a melhor curta-metragem já produzida em território nacional.

O documentário visava transparecer a toda a sociedade o ridículo a que o ser humano vinha se submetendo na época, com a valorização total do ter em detrimento ao ser. Cada tópico foi abordado com tom sarcástico e bastante irreverente pra época o que acabava por ser mal visto por algumas pessoas, mas que ao final acabou alcançando o objetivo de ter um papel importante na conscientização quanto às causas sociais.

Ilha das Flores, sem dúvida alguma, foi um grande marco no Brasil e certamente merece todo o prestígio que tem até os dias de hoje.

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Categoria(s) do artigo:
Curiosidades

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