O debate entre mitologia e filosofia sempre existiu ao longo dos anos em diversos meios, como os acadêmicos, entre pensadores e veículos de comunicação específicos. Enquanto a mitologia é usada para explicar, com narrações fantasiosas de deuses e outros entes fantásticos, a origem das coisas e do mundo em uma perspectiva dogmática e que não aceita contestações, a filosofia propõe-se a analisar o todo a partir da lógica e da razão.
Mitologia e Filosofia
Ao mesmo tempo em que parecem ser antagônicas, estas duas vertentes do pensamento humano podem caminhar juntas.O pensamento ocidental é diretamente baseado nas culturas Clássicas, da Grécia e Roma Antigas. Nessas sociedades, os mitos tinham grande importância na propagação de conhecimentos e no ensino dos valores caros a elas.A mitologia, então, tinha como objetivos a dogmatização do povo e a explicação das origens do universo e do ser humano, abrangendo tanto aspectos concretos (os planetas, as estrelas, a Terra, o homem e a mulher, entre outros), como abstratos (sentimentos, rivalidades, entre outros).
As narrativas míticas eram contadas pelos poetas rapsodos, que possuíam uma tradicional autoridade e eram reconhecidos como portadores das verdades e das palavras divinas. Portanto, os mitos não admitiam questionamentos, já que eram propagados por autoridades no assunto.Quando do nascimento da filosofia, que tem por base o questionamento, a dúvida, a busca por conhecimento e a formação de um pensamento e de uma ideia a partir da lógica e da razão, mitologia e filosofia entram em um embate, pois nada poderia ser considerado como verdade incontestável sem antes passar por uma análise racional.
Mitologia e Filosofia
Enquanto a mitologia explicava as coisas a partir de um passado muito longínquo e de difícil prova de existência, utilizando-se de entes e feitos fantásticos nas criações, a filosofia buscava encontrar o processo lógico para as coisas serem como são e para pensar em como elas serão ou podem ser, preocupando-se com passado, presente e futuro como um só conjunto. A mitologia seria algo irreal a ser aplicado ao mundo real, mas que por muitos anos reinou como verdade absoluta e satisfez os povos aos quais ela foi aplicada e tida como verdade essencial.Esse embate perdurou durante muito tempo, iniciando-se com os filósofos pré-socráticos, passando pelos iluministas e positivistas. Só após a modernidade que mitologia e filosofia passam a conversar, pois muitos estudos nas áreas de antropologia, psicologia e sociologia mudaram os paradigmas da sociedade frente ao saber mítico.Assim, a filosofia passou a ser encarada como algo limitado, tendo a mitologia o papel de explicar aquilo que o conhecimento do homem não desvendou. Ao mesmo tempo, o conhecimento filosófico requer análise constante e jamais está acabado, necessitando de um esforço lógico que muitas pessoas não buscam. Desta forma, perde em valor explicativo para o conhecimento mais prático e inteligível da mitologia.
