Tiradentes é um dos nomes mais conhecidos de um movimento separatista que surgiu durante o período do Brasil Colonial, na capitania de Minas Gerais. Ele fazia parte da Inconfidência Mineira, tal movimento tinha a intenção de retirar o poder da Coroa Portuguesa sobre a capitania, já que essa abusava do poder que possuía.
Quem foi Tiradentes?
O nome completo de Tiradentes era Joaquim José da Silva Xavier, ele nasceu no ano de 1746, no mês de abril, na Fazenda do Pombal. Ele tinha seis irmãos, seu pai era Domingos da Silva Santos um português que havia casado com a brasileira Antônia da Encarnação Xavier.
Sua família tinha boas condições de vida, mas seus pais faleceram quando ele era ainda bem jovem. Primeiro foi sua mãe e depois seu pai, quando Tiradentes tinha apenas 11 anos de idade. Ele ficou sob a tutela de seu tio, que era cirurgião dentista, e acabou perdendo as propriedades que pertenciam aos seus pais.
Tiradentes então passou a trabalhar como minerador e mascate, logo depois, aprendeu mais sobre farmácia e a profissão de dentista, o que acabou lhe dando o apelido pelo qual ele ficaria conhecido.
Já adulto ele passou a trabalhar para o governo no reconhecimento de terrenos e possível exploração dos seus recursos. Ele entrou para a tropa da capitania de Minas Gerais, e então se tornou o comandante da rota entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foi assim que ele conheceu os organizadores do movimento da Inconfidência Mineira.
A Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira
No início da década de 1780 começaram a surgir diversas contradições às medidas portuguesas em Minas Gerais. Nessa época, Minas Gerais era a capitania que rendia a Coroa mais lucros no Brasil, devido à exploração de minerais em suas minas, principalmente o ouro.
Com a exploração intensa, as minas começaram a se extinguir, no entanto, Portugal desejava receber cada vez mais impostos sobre o que era extraído no país. Inicialmente era cobrado 20% de tudo que fosse extraído, ou seja, um quinto.
Logo o quinto não começou mais a satisfazer o reino português, primeiro eles criaram Casas de Fundição para que todo ouro passasse por lá, depois, foi estabelecida uma cota anual da quantidade de imposto que deveria ser pago, independente de quanto havia sido extraído, e caso essa cota não fosse atingida, criaram um sistema chamado Derrama, que dava o poder dos militares portugueses invadirem as casas para conseguir o ouro até atingir a cota.
Acontece que essa cota anual veio em conjunto com uma cobrança feito por “cabeça”, ou seja, todos pagavam um valor exato de ouro. No caso dos donos de escravo, ou seja, a burguesia, o imposto era pago por cada escravo que eles possuíam isso acabou fazendo com que os de mais posses também fossem obrigados a pagar um valor maior a Portugal.
Tudo isso culminou em um movimento elitista, que foi organizado pela elite da sociedade, como estudiosos, militares, padres e comerciantes, já que esses se sentiam bem afetados pelas medidas instituídas por Portugal.
Além disso, o movimento também foi influenciado por fatores externos, como a Independência dos Estados Unidos e as ideias iluministas que vinham tomando conta do continente europeu.
Em meados do ano de 1780 era certeiro que a Derrama iria ser cobrada, já que Minas Gerais acumulava uma dívida que vinha desde o ano de 1762. A organização do movimento decidiu que deveria agir no dia que essa fosse cobrada, já que assim eles teriam apoio popular e conseguiriam, a partir da revolta, a concessão de suas vontades por parte de Portugal.
Os Inconfidentes tinham uma lista de reivindicações, como: criar uma República presidencialista a partir de eleições diretas, se desvincularem completamente de Portugal, criar Universidades em Minas Gerais e novas indústrias. Eles acreditavam que após a Independência de Minas Gerais, o resto do Brasil seguiria o mesmo caminho. O movimento não era contrário à escravidão.
Independência de Minas Gerais
Apesar do planejamento da Revolta, um dos membros dos Inconfidentes acabou delatando os outros para que conseguisse o perdão das suas dívidas com Portugal. Isso fez com que a derrama fosse suspendida, e os membros do movimento começassem a serem perseguidos.
Tiradentes tentou se esconder no Rio de Janeiro, mas acabou sendo entregue por um dos seus amigos, que conheciam o seu paradeiro.
Fim da Inconfidência e Julgamento
Diversos membros do grupo foram presos, cerca de 33 homens. O julgamento deles durou três anos, e a leitura da sentença teve duração de 18 horas. Alguns dos homens foram condenados a pena de morte, já outros ao degredo, que é o exílio eterno para o continente africano.
Um dia após a sentença ser aplicada, D. Maria I escreveu uma carta de clemência que alterava todas as sentenças para o degredo, exceto a de Tiradentes, que continuou com a pena de morte.
D. Maria I
A sentença contra Tiradentes tem um teor extremamente social, dentre os Inconfidentes ele era o que tinha menos posses, e provavelmente isso fez com que ele fosse escolhido como um exemplo para outras pessoas que tivessem o desejo de se revoltar contra o rei português.
Morte: Onde Tiradentes Foi Enforcado E Esquartejado?
Tiradentes foi sentenciado ao enforcamento que ocorreu no dia 21 de abril do ano de 1792. A sua morte ocorreu no centro da cidade do Rio de Janeiro, antes, ele precisou caminhar entre a cadeia e o patíbulo onde ocorreria a sua morte.
A procissão a qual ele foi submetido tinha a intenção de amedrontar a população, para que ela não desejasse se revoltar. Ele foi executado em praça pública, em meio a diversos telespectadores. O local exato é o Largo da Lampadosa, mas a Praça Tiradentes é o considerado para sua homenagem.
Não bastando a execução, os portugueses esquartejaram o seu corpo, ainda no Rio de Janeiro. Algumas partes do seu corpo foram separadas para serem distribuídas entre o caminho da capital até Minas Gerais, o tronco do corpo foi enterrado como indigente.
Seus braços e pernas foram distribuídos ao longo das cidades até chegar a Vila Rica. As cidades escolhidas foram às mesmas pelas quais ele havia passado fazendo seu discurso revolucionário e instigando a população contra a Coroa Portuguesa.
Já a sua cabeça foi erguida em um poste no centro de Vila Rica. Apenas um dia após ela ser exposta no local, foi roubada e até hoje se desconhece o seu paradeiro.
A casa que ele morava foi destruída, e suas terras foram salgadas, para que não pudesse ser plantado nada ali, seus familiares foram humilhados simplesmente por ter parentesco com ele.
Legado de Tiradentes
A Inconfidência Mineira em si é conhecida como um dos principais movimentos separatistas durante o Brasil colônia, e Tiradentes acabou sendo o principal nome que lembra esse movimento, já que mesmo não sendo o seu idealizador, ele foi o que sofreu a sentença mais dura.
Acredita-se que toda a encenação que a Coroa Portuguesa fez ao redor da sua morte, como a procissão e distribuir os pedaços do seu corpo em diversas cidades, acabou criando uma revolta na população e também fazendo com que ele permanecesse na memória deles, devido à crueldade com a qual foi tratado.
Quando o Brasil conquistou a Independência, ele passou por um tempo esquecido, já que o Brasil continuou sendo uma monarquia. No período da República ele foi reconhecido como uma pessoa importante para o movimento de Independência do Brasil, e começou a ser traçada a sua biografia. A sua figura foi elevada a alcunha de herói nacional.
Existe no Rio de Janeiro uma Praça em sua homenagem, chamada Praça Tiradentes, outra de mesmo nome está localizada em Ouro Preto, antiga Vila Rica, onde sua cabeça foi exposta. Foi criado um Museu na cidade para conhecer mais sobre o movimento que ele participou.
Tiradentes é considerado Patrono Cívico no Brasil, e o dia da sua morte se tornou feriado nacional, sendo ele lembrado como uma figura muito importante.
