Os protestos no Brasil em 2013 surgiram inicialmente com o intuito de combater o aumento abusivo nas tarifas dos transportes públicos. As manifestações populares se concentraram em Manaus, Fortaleza, Natal, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. A grande parcela da população apoiou, principalmente por causa da repressão policial. A classe política repudiou os protestos e nomeou seus colaboradores de criminosos, marginais, vândalos e delinquentes.
Rapidamente, protestos semelhantes começaram a mobilizar outras cidades do Brasil e do mundo, e que adicionavam outros temas para questionamentos e cobranças. Tanto os protestos nacionais como internacionais, tiveram grande repercussão na imprensa internacional. Desde do impeachment de Fernando Collor em 1992, não se via mobilizações como as que ocorreram a partir de junho de 2013.
Causas:
- Aumento abusivo nas tarifas de transportes públicos;
- Transportes públicos insuficientes e de péssima qualidade;
- Repressão/Violência policial sem motivos;
- Serviços públicos de péssima qualidade (no geral);
- Gastos públicos exorbitantes com grandes eventos esportivos internacionais (Copa das Confederações 2013 e Copa do mundo 2014) e;
- Corrupção política e impunidade.
Principais Objetivos:
- Desmoralizar e desmascarar a mídia tendenciosa;
- Diminuir o valor ou extinguir as tarifas de transporte público;
- Exigir um sistema de transporte público de qualidade;
- Melhoria na gestão de gastos governamentais e;
- Impedir aprovação de projetos desnecessários como “Cura gay”, PEC 37 e PEC 33, pelo Congresso nacional.
O governo brasileiro então anunciou uma lista de medidas que atendiam algumas das reivindicações, e o Congresso nacional votou uma série de concessões, como por exemplo: Tornar a corrupção política um crime hediondo; A PEC 37 foi arquivada; O voto secreto em votação de cassações foi proibido e; Os aumentos das tarifas dos transportes foram revogados em várias cidades (preços anteriores).
Os brasileiros seguiram a propagação viral de protestos em outros países, como a “Primavera Árabe” (mundo Árabe),” Occupy Wal St” (Estados Unidos), e “Los indignados” (Espanha).
Fatos e Datas
Alguns não sabem, mas as primeiras manifestações relacionadas aos aumentos e qualidade de transportes públicos, ocorreram em agosto de 2012, em Natal (Rio Grande do Norte). A prefeitura inesperadamente adicionou 20 centavos na tarifa no dia 27, e dois dias depois a população tomou as ruas (aproximadamente duas mil pessoas). Mesmo com a repressão militar, no dia seguinte as manifestações continuaram e mais pessoas participaram, e consequentemente houve conflitos diretos. Depois de muita pressão popular, em 6 de setembro os vereadores revogaram o aumento. Em 13 de maio de 2013, houve novamente um aumento, e novamente os cidadãos lutaram nas ruas. Em 2013, as manifestações começaram em Porto Alegre e em Goiânia antes dos aumentos, ganhando força após os reajustes.
As manifestações nacionais que começaram em junho de 2013, foram organizadas online, através do Facebook e principalmente Twitter, pelo Movimento passe livre (MPL), que sempre esteve focado em solucionar o aumentos das taxas.
Logo no início, nem a mídia nem a população deram muita importância, isso só mudou com a continuação dos protestos e com os crescentes casos de violência gratuita por parte da polícia.
A cidade de São Paulo foi a pioneira, pois o aumento atingiu também os usuários do metrô, que desde 2012 sofriam com os valores abusivos. Em 13 de junho, os protestos chegaram em Natal, Porto Alegre, Teresina, Maceió, Rio de Janeiro e Sorocaba. No mesmo dia, 10 mil pessoas protestaram em Fortaleza, contra o descaso da segurança pública e a exploração da criminalidade no estado cearense.
Depois que muitos protestantes pacíficos e jornalistas foram violentados sem motivo, a manifestação nacional entrou numa fase mais pacífica, com maior apoio e cobertura da mídia, e maior número de pessoas de todas as idades e classes sociais.
No dia 17 de junho, cerca de 300 mil brasileiros foram para as ruas em 12 cidades, com poucos focos de vandalismo e brigas com a polícia, entre os dias 17 e 21, as manifestações foram diárias. Em 19 de junho, governantes de São Paulo e Rio de Janeiro disseram – em tom de represália – que a reversão dos valores dos transportes públicos atingiria outras áreas, como saúde e educação. Em 20 de junho, mais de 1 milhão de pessoas em 120 cidades foram pras ruas e se voltaram para questões envolvendo a PEC 37, PEC 33, “cura gay”, ato médico e gastos com a Copa das confederações 2013 e Copa do mundo 2014.
Em 11 de julho, houve a quarta greve geral do Brasil (desde a independência), organizações trabalhistas, movimentos sociais e partidos de esquerda protestaram em frentes das instalações da Rede Globo São Paulo, realizando assim o “1º grande ato contra o monopólio da mídia”.
O movimento nacional foi apelidado de “Revolta do vinagre”, pois os manifestantes eram previamente orientados de que sempre deviam estar portando um recipiente com vinagre. O vinagre seria uma proteção contra gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Muitas pessoas foram detidas por causa disso, destacando ainda mais as condutas erradas por parte da polícia.
Cidades mais participativas: Manaus (100 mil pessoas); São Paulo (100 mil pessoas); Vitória (100 mil pessoas); Rio de Janeiro (300 mil pessoas).
Protestos e Futebol
Brasília: O estádio Mané Garrincha foi alvo de muita revolta, pois teve orçamento inicial de R$696 milhões, e custou aos cofres públicos R$1.778 bilhões.
Minas Gerais: Avenidas de Belo Horizonte foram bloqueadas por protestantes nas proximidades do estádio Mineirão, principalmente em dias de jogos.
Fortaleza: Protestos nas proximidades do hotel onde a seleção brasileira estava hospedada, e do estádio Castelão, no dia do confronto com a seleção mexicana.
Pelé: Em um vídeo gravado pela TV Tribuna (uma das afiliadas da Rede Globo) – posteriormente divulgado na internet – Pelé declarou que os brasileiros deveriam esquecer as manifestações e apoiar a seleção brasileira de futebol. O fato gerou indignação até de outros mitos do futebol nacional, Romário por exemplo, fez uma declaração afirmando que Pelé deveria calar a boca.
Ronaldo Nazário: Ronaldo também foi alvo de duras críticas, ao ter uma declaração de 2011 amplamente relembrada, na ocasião ele declarou que “com hospitais não se faz copa do mundo”. Romário novamente demonstrou insatisfação, e inclusive gravou um vídeo com a participação de sua filha, que é portadora de Síndrome de Down.
Em junho de 2013, protestantes de Brasília ocuparam a Esplanada dos Ministérios, e subiram na rampa e no teto do Congresso Nacional. As imagens desse dia ficarão marcadas para sempre e com certeza irão inspirar a nova geração brasileira em sua lutas futuras.
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Curiosidades