Qual É O Fóssil Humano Mais Antigo Já Encontrado No Brasil?

Qual O Fóssil Humano Mais Antigo Já Encontrado No Brasil?

O fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil e em toda a América do Sul é a famosa Luzia, nome que carinhosamente ganhou esta mulher que provavelmente viveu entre o período de 12500 mil anos atrás e 13000 mil anos atrás. Acredita-se que Luzia seria uma mulher que morreu ainda jovem, já que a idade que tinha no período da sua morte era entre os seus 20 e 24 anos de vida, é possível fazer essa afirmação pela observação das estruturas corporais e também devido a testes avançados de tecnologia realizado em seu fóssil.

O seu nome popular “Luzia”, não é o nome oficial o qual ela recebeu pelos cientistas que a encontraram, muita gente não sabe, mas o primeiro, formal e oficial nome que esse fóssil recebeu foi bem mais cientifico, foi o “Lapa Vermelha IV Hominídeo número 1”. O seu nome Luzia veio depois, até mesmo como uma forma mais simples para que a grande população pudesse se referir a ela, de uma forma também que a deixa mais humana. A inspiração da escolha de Luzia foi um outro fóssil feminino que foi encontrado, a Lucy, no entanto, Lucy foi encontrada no continente africano, na região onde hoje é a Etiópia e ela é um tanto quanto mais velha que Luzia, já que a sua idade estimada é de mais ou menos 3,5 milhões de anos e ela pertenceria a um grupo predecessor de hominídeos.

O fóssil Luzia é muito importante para a história humana no Brasil e em toda a região sul do continente americano, pois quando foi encontrada ela fez com que fossem alteradas muitas teorias sobre o surgimento da vida humana em nosso continente, ela trouxe outras possibilidades acerca dos primeiros seres humanos por aqui, por isso em muitos campos da ciência, esse fóssil se tornou um divisor de águas. No entanto, não pense que já conhecemos Luzia há muito tempo, pois ela só foi encontrada na década de 70 do século passado, tendo hoje mais ou menos 50 anos do seu descobrimento.

Luzia

Luzia

O local da descoberta desse importante fóssil foi o estado de Minas Gerais, mais especificamente na cidade mineira de Pedro Leopoldo, uma pequena cidade com cerca de 60 mil habitantes e que se encontra na grande região metropolitana de Belo Horizonte, capital do estado. O local exato do descobrimento foi no sítio arqueológico de escavações nomeado Lapa Vermelha, ela estava no interior de uma gruta. O grupo de arqueólogos que a encontraram era formado por franceses e brasileiros, sendo que a líder do grupo era a renomada arqueóloga e professora Annette Laming Emperaire, uma francesa que já tinha muitos anos de experiência e atuação no ramo arqueológico.

A região do município de Pedro Leopoldo já tinha sido palco de escavações no passado, em especial no século XIX, quando foi em grande parte explorado pelo cientista, paleontólogo e arqueólogo dinamarquês Peter Lund, que após anos de trabalho mudou-se em definitivo para o Brasil, onde passou o resto de sua vida. Peter Lund passou grande parte de sua vida estudando grutas brasileiras e foi o responsável por fazer muitas descobertas de imensa importância para a sua área de atuação, tal como fósseis animais e fósseis humanos, dentre os animais encontram-se também alguns que já foram extintos em outros períodos do planeta, principalmente o Pleistoceno.  Quanto aos fósseis (crânios) humanos encontrados acredita-se que tenham vivido a aproximadamente 11000 mil anos atrás e foram achados em específico dentro dos limites da cidade de Lagoa Santa, no mesmo sítio arqueológico.

O Fóssil Luzia

O fóssil Luzia já chegou causando muita agitação no mundo cientifico, isso porque ela movimentou muitos os campos de debate sobre a possível colonização da América, existem algumas teorias diferentes que diferem em alguns aspectos, no entanto, uma das teorias mais aceitas é de que os povos americanos, em especial falando sobre os povos da América do Sul, são descendentes dos asiáticos, também chamados de mongoloides, mongólicos ou oriental asiáticos. A teoria se baseia em sua vinda para a América há milhares de anos atrás, em um período que pode ser de pouco mais de 20 mil anos a até cerca de 8 mil anos no passado.

Esse deslocamento populacional segundo os cientistas, ocorreu através da travessia no estreito de Bering, que é uma estreita faixa de mar que separa a América do Norte da Ásia, mais especificamente falando hoje sobre nações, essa região separa os Estados Unidos (estado do Alasca) da Rússia. Há milhares de anos atrás quando aconteceu esse deslocamento, as condições climáticas e naturais do planeta Terra eram bem diferentes, o planeta vivia em uma era do gelo, com isso obviamente o nível de gelo e calotas polares eram bem maiores do que qualquer coisa desse tipo que conhecemos nos dias de hoje.

Uma das consequências dessa idade do gelo, era a diminuição do nível de água do mar que existia nessa região, sendo assim a travessia pelo local se tornava muito mais fácil. O que impulsionou os povos ancestrais a atravessar, buscando novas terras, locais menos congelados, o motivo nós não sabemos, mas o fato é que aconteceu e esses povos foram pouco a pouco descendo ao longo da América, até chegarem na região da América do Sul. Quanto à Luzia já se acreditou que ela fosse descendente de povos africanos por causa de algumas especificidades e características de seu crânio, no entanto, hoje o mais aceito é que ela descende mesmo dos povos vindos da Ásia, mais especificamente de povos da Sibéria e do Norte da atual China.

Crânio de Luzia

Crânio de Luzia

Uma modificação que aconteceria a partir dessa teoria é que o famoso rosto de Luzia que estamos acostumados a ver, não seria bem daquela maneira, mas sim mais parecido com um rosto de características próximas aos indígenas e dos povos antigos siberianos, a nova releitura facial de Luzia já foi realizada, ela foi feita por Caroline Wilkinson, uma professora inglesa que foi uma antiga aluna de Neave, que fez a construção do rosto de Luzia da primeira vez.

Há uma discussão no mundo da ciência sobre a origem de fósseis encontrados na América, pois eles possuem tanto características mais próximas aos asiáticos, quando dos ancestrais africanos, mas como já dito, o que é mais aceito é a vinda dos mongoloides pelo estreito de Bering ao Norte e as mudanças em algumas características corporais, teriam se dado por adaptações naturais e genéticas ao longo das gerações, não tendo influência direta de povos africanos ancestrais.

Sobre Luzia, ela fazia parte do acervo oficial do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que infelizmente pegou fogo em uma tragédia que aconteceu no ano de 2018. O acervo perdido nesse incêndio, que aconteceu em decorrência de muitos anos de descaso com a instituição, é de valor inestimável para a ciência e para a história, não somente a história brasileira, mas a própria história da humanidade. Luzia especificamente foi encontrada nos escombros do incêndio, cerca de 80% de seu fóssil foi achado, mas seu estado de recuperação não é tão certo, uma vez que as altas temperaturas podem modificar consideravelmente o estado e a qualidade dos fósseis, no entanto, o crânio de Luzia ainda está entre nós.

O museu está fechado até a atualidade por causa do incêndio, mas foi anunciado que obras de restauração seriam iniciadas no ano de 2020, com previsão de reabertura no ano de 2022, a intenção das autoridades é que a reinauguração coincida com o aniversário de 200 anos da independência do Brasil, na data de 7 de setembro do ano de 2022. Com a reabertura do museu, o fóssil Luzia voltaria a ser exposto ao público, mesmo que não tenha sido recuperado em 100% de sua forma original de antes do incêndio.

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Curiosidades

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