A Igreja Católica existe há um período de mais ou menos dois mil anos e através de sua história relata grande parte dos eventos históricos da humanidade. Trata-se de uma das instituições religiosas mais antigas que se mantém em atividade com grande influência nas relações espirituais, religiosas, sociais e políticas. Devemos lembrar que a história do Cristianismo bem como a história da civilização ocidental moderna perpassam pela história dessa Igreja.
Período da Antiguidade Cristã
O período que recebe o nome de Antiguidade Cristã é aquele que vai do ano 30 ao ano 692 e está dividido em duas fases. Uma delas vai do ano 33 ao ano 313 e tem como destaque a fundação, bem como a propagação da religião e as perseguições empreendidas contras os opositores. A primeira fase tem fim com o Édito de Milão.
Na segunda fase o que mais se destaca é a conversão promovida dos povos invasores e o desenvolvimento da doutrina. Nessa fase houve o aparecimento do Islamismo que trouxe grandes limitações para a expansão da Igreja Católica. Essa fase termina com a reunião do Concílio in Trullo.
Questão de Universalidade
O Cristianismo surgiu e se desenvolveu durante o Império Romano e aqueles que se tornaram cristãos sofreram com a perseguição do Sinédrio. Desde que foi criado o Cristianismo foi universal e esteve aberto aos gentios que estavam livres das prescrições da Lei Mosaica. Observa-se que o universalismo se manifestou desde o começo da Igreja de maneira diferente do caráter nacional do judaísmo.
Cristãos
Boa parte dos discípulos de Jesus tinham origem helênica o que explica terem uma mente mais aberta que os judeus de maneira que anunciavam mais o Evangelho aos gentios. Foi em Antioquia que a Igreja consolidou o seu caráter de universalismo e então os seguidores de Cristo passaram a ser chamados de cristãos. No começo a propagação do Cristianismo se deu muito mais num ambiente urbano do que num ambiente rural.
Perseguição aos Cristãos
Os cristãos foram perseguidos durante três séculos pelo Império Romano uma vez que a sua crença religiosa era entendida como um tipo de ofensa já que não permitia que seus fiéis cultuassem o soberano imperial. Mesmo com essa perseguição o Cristianismo conseguiu se propagar pelo Império.
Nessa fase de perseguição os locais seguros para fazer reuniões entre cristãos eram cemitérios subterrâneos e catacumbas. Com isso o Cristianismo acabou se tornando um tipo de sociedade secreta. Uma curiosidade é que a forma de saber se alguém era cristão nessa época era desenhar um peixe uma vez que a palavra grega ichtys (peixe) representava o anagrama de Iesos Christos Theou Hyios Soter (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).
Nero e o Édito de Milão
Na história das perseguições aos cristãos com certeza os feitos de Nero se destacam em especial o incêndio de Roma na noite de 18 para 19 de junho de 64. O objetivo central era destruir a crença cristã e a Igreja. Contudo, a perseguição não foi bem sucedida uma vez que após o Édito de Milão assinado em 313 pelos imperadores Constantino e Licínio os cristãos passaram a ter liberdade de seguir a sua crença.
Os bens foram devolvidos à Igreja que passou a ter direitos iguais aos da religião pagã. Foi então que os cristãos começaram a criar comunidades locais que eram chamadas de Igrejas que tinham como autoridade um bispo. O sucesso de Pedro – o apóstolo – bispo de Roma passou a ter o Primado sobre todo o conjunto de Igrejas. Podemos dizer que essa foi a primeira grande vitória da Igreja Católica.
Religião Cristã no Império Romano
Durante o século IV o Cristianismo passou de perseguido a tolerado, de tolerado e livre e de livre finalmente a religião oficial do Estado. Foi nesse período que o imperador romano fez a convocação das grandes assembleias de bispos, os concílios e finalmente a Igreja pode ter uma boa organização das suas estruturas territoriais.
A organização da Igreja Cristã do Mediterrâneo tinha como base cinco patriarcas que eram os bispos de Alexandria, Jerusalém, Constantinopla, Antioquia e Roma. As comunidades cristãs passaram então a ser sociedades cristãs. Uma religião que antes era composta de minorias se tornou a religião oficial do Império Romano.
Com o passar do tempo os bispos passaram a ter funções civis muito significativas e com isso a escolha do clero ganhou mais peso e os nobres e imperadores passaram a fazer escolhas. Nesse período muitas figuras de vida civil expressiva passaram a ser transformados em bispos. Podemos citar como exemplo Santo Ambrósio que era governador da Alta Itália e se tornou bispo de Milão.
Doutrina da Trindade
O século IV ainda teve a realização do Primeiro Concílio de Niceia (325) e o Primeiro Concílio de Constantinopla. Foi estabelecida então a doutrina da Trindade que então fixou o “Credo niceno-constantinopolitano”. Importantes conceitos do Cristianismo foram definidos em outros concílios.
Os Padres
Historicamente podemos dizer que os anos de maior destaque dos padres ocorreu entre os séculos IV e V, contudo, o século VII também é incluso no que se chamou de “Idade dos Padres”. Dentre os principais nomes do Oriente estão Santo Atanásio (que teve como principal bandeira a defesa da fé contra o arianismo), Eusébio de Cesareia e Gregório de Nisa.
Já no Ocidente os principais padres foram Santo Agostinho (que se consagrou por ser autor das “Confissões”) e Eusébio Jerônimo que ficou conhecido como São Jerônimo. Dentre os padres que tiveram grande importância no decorrer da história da Igreja estão Gregório Magno e São Leão Magno. No ano de 636 faleceu o último grande padre do ocidente, Santo Isidoro de Sevilha.
Monasticismo
Foi nesse período que nasceu o monasticismo, o objetivo era procurar por um imitação de Cristo que fosse o mais perfeita possível. Depois de algum tempo o ascetismo cristão passou a ganhar formas de afastamento do resto do mundo.
O principal nome desse período foi Santo Antão. Temos ainda a figura importante de São Bento de Núrsia que criou os dois primeiros mosteiros e que estabelecer o que se chamou “Regra” copiada para o monasticismo.
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A despeito de a “universal assembleia dos primogênitos inscritos nos céus” ter se iniciado lá na remota origem do homem, foi somente no dia de pentecostes que temos o reconhecido “nascimento da Igreja”. Nessa data a Igreja começou sua história com um movimento de alcance mundial, ocorrido cinquenta dias após a ressurreição de JESUS e dez dias após sua elevação.
Vamos encontrar nas páginas da Bíblia a questão do “fundamento” da Igreja de CRISTO, no seguinte texto:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (I Coríntios 3:11).
Esse texto nos mostra que, diferentemente das religiões e movimentos humanos que se fundamentam em filosofias, em doutrinas, em liturgias e práticas diversas, a igreja de CRISTO está fundamentada na própria pessoa de JESUS CRISTO. Qualquer outro tipo de fundamento é rejeitado por DEUS. JESUS é a Rocha sobre a qual está edificada a Sua igreja.
No Budismo, temos os cinco pilares como fundamento da religião budista. O seu fundador, entretanto, morreu e seu túmulo está entre os homens. Cada religião humana, cada grupo religioso fundamenta sua fé sobre um grupo de princípios expressos em dogmas e práticas. Entretanto, com relação à Igreja, esta está fundamentada sobre uma Pessoa – JESUS CRISTO.
CRISTO é comparado à uma pedra angular, como o fundamento de uma grande construção, qual seja a casa espiritual de DEUS, onde cada ser humano que experimentou a regeneração produzida pelo poder transformador do Evangelho de CRISTO é uma “pedra viva”.
Nessa grande construção mística, os apóstolos e os profetas são tidos como os construtores, como colaboradores de DEUS na construção de Sua casa. Eles, de acordo com a Bíblia, lançam o fundamento. Ou seja, são os apóstolos (que por influência do romanismo, chamamos de missionários) que pregam as Boas Novas (O Evangelho). São os responsáveis por anunciarem que DEUS enviou Seu Filho para Salvador da humanidade.
Por Carlos Alberto Bächtold – Foz do Iguaçu, PR.