A literatura é algo surpreendente, pois arrebata nossos pensamentos e corações a lugares que nunca nossas pernas nos levarão.
O mundo de sonhos e alegrias que as letras nos trazem é muitas vezes mais atraente e interessante que o mundo real, da correria, do ônibus lotado, do assalto no semáforo, das incertezas amorosas, mas o dia-a-dia acaba sendo tema recorrente de muitos autores, principalmente aqueles que as relatam com acidez e bom humor, transformando histórias corriqueiras em verdadeiras obras primas.
As Crônicas têm esse papel, de contar a vida de pessoas normais, diante de situações que podemos até nos ver nelas, o gênero de literatura mais brasileiro possível, inclusive, as Cem Melhores Crônicas Brasileiras viraram livro, publicado pela Editora Objetiva, selecionadas com muito bom gosto por Joaquim Ferreira dos Santos e têm feito a alegria dos amantes da Língua da Portuguesa e da leitura.
Nesse imperdível livro estão reunidas as cem melhores crônicas brasileiras, e contam com diversos autores, de todos os tempos, contemporâneos ou não.
No livro, temos dividido pelo tempo e por autores, dos anos de 1850 a 1920 contamos com uma seleção grandiosa de escritores como, Olavo Bilac, João do Rio, Machado de Assis, José de Alencar e Lima Barreto.
Entrando na década de 20 até 1950, contando com a vivacidade e ousadia modernista vemos Vinicius de Moraes, Alcântara Machado, Oswald de Andrade, Rubem Braga, Graciliano Ramos, Mario de Andrade, Humberto de Campos e a maravilhosa representante feminina Rachel de Queiroz.
A partir dos anos 50 ainda temos a participação de alguns mesmos autores, com as novidades de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, o sensualismo e a exposição da verdade com Nelson Rodrigues, Sérgio Porto, Mario Filho, Stanislaw Ponte Preta e Luis Martins.
Em 1960 desponta no livro, Millôr Fernandes e aquela que se tornou imortal na memória de seus leitores, que tanto a admiravam e entendiam seu senso crítico e até cruel da vida familiar e sentimental, Clarice Lispector.
Dos anos 70 até 2000 há ainda vários representantes que continuam na ativa até hoje como Chico Buarque, que inspirou toda uma geração e continuará a envolver em suas letras muitas outras gerações e com ele Luiz Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Mário Prata, Lygia Fagundes Telles, e muitos outros.
As crônicas selecionadas têm seus mais variados temas e títulos e discorrem sobre o amor, a traição, as tristezas e ainda outros temas.
Machado de Assis escreve “O nascimento da crônica”, Antonio Prata, com muito bom humor, “ Bar ruim é lindo, bicho”, Rachel de Queiroz fala sobre as desventuras em “Talvez o último desejo”, ainda temos Mário de Andrade com “A Sr.ª Stevens”, Humberto de Campos fala sobre o casamento em “A Mosca Azul”, e vários títulos que despertam o prazer de ler e também em saber que o Brasil é um verdadeiro baú com preciosidades que não aprendemos a ler na escola, mas nunca é tarde.