Movimento Literário Modernista

O Modernismo foi um dos movimentos literários e artísticos de maior expressão no século XX. Grande parte do que foi produzido, no século passado, tem influência desse movimento que tinha como principal objetivo promover a quebra com o que era tradicional e desenhar uma arte verdadeiramente brasileira.

Linha do Tempo do Movimento Literário e Artístico Modernista

O Contexto Histórico

O Modernismo é o primeiro movimento artístico que não passa pelo processo de simples transposição de movimentos europeus para temáticas brasileiras. Porém, não se pode negar que esse movimento se baseou em outros movimentos de vanguarda da Europa como Cubismo, Dadaísmo, Futurismo, Expressionismo e Surrealismo.

Período Pré-Modernista (1902 a 1922)

Um dos marcos da fase pré-modernista é a exposição dos quadros de Anita Malfatti em 1917. As obras propunham uma pintura não-acadêmica seguindo a mesma linha da exposição, realizada em 1913, por Lasar Segall. Nessa época os escritores de maior destaque nacional eram nomes da literatura entendida como tradicional como Monteiro Lobato (que fez duras críticas a Anita Malfatti), Euclides da Cunha, Lima Barreto, Augusto dos Anjos entre outros.

Essa fase nos mostra que ainda havia algum resquício de influência de movimentos literário artísticos passados como o Parnasianismo, Realismo, Naturalismo e Simbolismo.

A Semana de Arte Moderna de 1922 – O Início do Movimento Modernista

Podemos dizer que a Semana de Arte Moderna de 1922 é o marco histórico do início do Modernismo. Contudo, esse momento tão importante começou a ser desenhado anos antes de 1922. O ano de 1917 marcou a história da arte pela aproximação dos dois maiores expoentes da primeira geração modernista Mário e Oswald de Andrade. Os anos que se seguiram até o ano da semana de arte foram marcados por importantes publicações literárias:

  • 1917 – “Há uma gota de sangue em cada poema” de Mário de Andrade sob o pseudônimo de Mário Sobral em crítica a Primeira Guerra Mundial.
  • 1917 – “A cinza das horas” de Manuel Bandeira.
  • 1919 – “Carnaval” de Manuel Bandeira.
  • 1921 – “Fantoches da Meia-Noite” de Mário de Andrade em que o autor faz a análise da poesia parnasiana que era o estilo oficial.
  • 1921 – “As Máscaras” de Menotti del Picchia.

No lançamento desse último título Oswald de Andrade diz que chegou o momento de acontecer a revolução modernista. O ano de 1922 foi um ano bastante simbólico para a realização dessa semana de arte porque comemorava o centenário da independência do Brasil. Um momento em que se mostrava urgente descobrir uma identidade nacional.

O Que Aconteceu na Semana de Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna foi realizada de 13 a 17 de fevereiro de 1922. Nesse evento os artistas que faziam parte do movimento aproveitaram para mostrar sua proposta de arte nacional. Essa apresentação foi feita para os intelectuais paulistanos com a chancela de importante pré-modernista, Graça Aranha. Devemos destacar que os envolvidos na organização do evento tinham como principal objetivo chocar os presentes para que houvesse uma discussão do que era a nova arte e a necessidade da busca de uma identidade nacional.

O local escolhido para receber a semana de arte foi o Teatro Municipal de São Paulo para gerar contraste entre o tradicional do espaço e a arte que estava sendo apresentada. O evento contou com pinturas e esculturas bastante transgressoras assim como uma apresentação de Heitor Villa-Lobos com roupa formal e chinelo e a declamação do poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira que era uma ávida crítica aos parnasianos e sua forma de fazer poesia.

As Três Fases do Movimento Literário Modernista

Primeira Fase – Fase Heroica (1922 a 1930)

Os escritores e outros artistas que participaram da Semana de Arte Moderna foram os protagonistas da primeira fase que teve como foco a busca pela renovação do senso estético e o desejo de não mais reproduzir movimentos artísticos europeus. Era essencial encontrar a brasilidade, isto é, o estilo brasileiro de fazer arte.

Características do Movimento Modernista da Fase Heroica

– Liberdade formal

Os escritores dessa fase se permitiram abrir mão de regras de escrita que antes eram muito rígidas. Os textos passaram a ter ausência de pontuação, a linguagem se tornou mais coloquial e até mesmo os poemas deixaram de ter uma forma pré-fixada. Os sonetos passaram a ser vistos com muito menos frequência.

– Cotidiano

A temática do cotidiano passou a ser mais abordada e valorizada.

– Textos passados

Os escritores dessa fase também se ocuparam de reescrever alguns textos do passado com foco no novo estilo imposto pelo movimento modernista.

Principais Escritores da Primeira Fase Modernista

  • Alcântara Machado
  • Cassiano Ricardo
  • Guilherme de Almeida
  • Manuel Bandeira
  • Mário de Andrade
  • Menotti del Picchia
  • Oswald de Andrade

Os nomes de maior destaque da primeira fase foram Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.

Os Manifestos Modernistas da Fase Heroica

Embora o movimento modernista estivesse propondo a ruptura com os movimentos artísticos europeus aproveitou uma de suas mais importantes lições que consistia em criar manifestos e revistas para divulgar as suas ideologias artísticas. Conheça os principais manifestos da primeira fase do movimento modernista:

Movimento Pau-Brasil

Esse movimento serviu como base para o movimento Antropofágico que veio logo em seguida e que teve em Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral os nomes de maior destaque. O objetivo central era difundir uma postura mais primitiva para a poesia com a rejeição da formalidade anterior.

Movimento Antropofágico

O nome mais importante desse movimento foi Oswald de Andrade e aprofundou o que foi proposto no movimento Pau-Brasil. O cerne da questão era encontrar uma nova linguagem literária que fosse brasileira.

Movimento Verde-Amarelo

Também conhecido como Grupo da Anta por usar o animal como seu símbolo foi um movimento de oposição ao Pau-Brasil. Para os integrantes desse movimento era importante promover o destaque de questões ufanistas e nacionalistas. Os principais nomes desse grupo eram Plínio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia.

Revistas

As revistas que mais se destacaram na primeira fase do modernismo foram a Klaxon que foi uma publicação usada para veicular informações referentes aos artistas modernistas e a revista Antropofágica que tinha o objetivo de divulgar o movimento homônimo.

Segunda Fase – Fase de Consolidação (1930 a 1945)

Didaticamente a segunda fase do Modernismo começa em 1930 que foi quando Carlos Drummond de Andrade começou a introduzir novos elementos modernistas em sua poesia. Nessa fase as proposições dos modernistas de 22 já tinham se estabelecido e até mesmo se tornado normais de maneira que surge a necessidade de uma busca por novos significados e novas conquistas.

O contexto histórico dessa fase do modernismo é muito importante para entender os novos contornos desenhados. O mundo passo por um momento de grande pessimismo diante de um cenário de guerra que demonstra que quando o conflito eclodir será bem pior que o da Primeira Guerra Mundial. O olhar dos escritores e poetas modernistas então se voltam para um cenário repleto de sofrimento e agruras de nosso país: o Nordeste e seus personagens.

Características da Poesia Modernista da Segunda Fase

  • Liberdade temática
  • Gosto pelo cotidiano
  • Linguagem informal
  • Escrita não acadêmica

Principais Nomes da Poesia Modernista da Segunda Fase

  • Carlos Drummond de Andrade
  • Cecília Meirelles
  • Jorge de Lima
  • Murilo Mendes
  • Vinícius de Moraes

Características da Prosa Modernista da Segunda Fase

  • Protagonista – Figura sofrida em muitos romances são nordestinos que sofrem com a seca e a fome.
  • Denúncia social – A literatura passa a ser usada como ferramenta de denúncia das injustiças sociais.
  • Linguagem em estilo brasileiro.
  • Foco nos fatos.
  • Regionalismo – Essa característica reflete a busca do encontro com o seu próprio eu que foi feita por muitos escritores dessa fase.
  • Romance urbano – Outra temática recorrente nessa fase.
  • Narrativas surrealistas.

A Bagaceira

O romance “A Bagaceira” do autor José Américo de Almeida foi publicado no ano de 1928 e para muitos historiadores é o marco dessa segunda fase do modernismo que teve na prosa o seu maior destaque e mostrou uma forte tendência pela busca de romances em estilo documentário.

Vidas Secas

A obra de Graciliano Ramos é uma das mais importantes da literatura brasileira e uma representante dessa fase, sua publicação se deu no ano de 1938. Uma família em busca de fugir da seca em busca de melhores condições de vida nos é apresentada numa linguagem tão concisa e focada nos fatos que faz referência a própria seca que os personagens estão tentando deixar para trás.

Principais Nomes da Prosa Modernista da Segunda Fase

  • Érico Veríssimo
  • Graciliano Ramos
  • Jorge Amado – Criou personagens baianos inesquecíveis como Gabriela Cravo e Canela.
  • José Lins do Rego – Escreveu importantes romances que retrataram o ciclo da cana-de-açúcar.
  • Rachel de Queiroz – Primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras.

Terceira Fase (1945 a 1960)

A terceira fase do modernismo começa com o final da Segunda Guerra Mundial e o início da tensa Guerra Fria. No Brasil o país acabou de sair da ditadura de Getúlio Vargas e vive um momento de crescimento e modernização na era JK. Alguns estudiosos de literatura consideram que esses autores são pós-modernistas.

Características da Prosa Modernista da Terceira Fase

  • Apuro linguístico – Essa característica representa uma quebra com a proposta dos modernistas de 1922.
  • Romances urbanos.
  • Romances regionalistas – Com certa renovação em relação a fase anterior.
  • Reinvenção da linguagem – Característica forte na obra de Guimarães Rosa.
  • Mergulho em literatura psicológica – Visto muito nas obras de Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles

Principais Nomes da Prosa Modernista da Terceira Fase

  • Ariano Suassuna
  • Clarice Lispector
  • João Cabral de Melo Neto
  • João Guimarães Rosa
  • Lygia Fagundes Telles
  • Mário Quintana
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Categoria(s) do artigo:
Literatura

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