Os movimentos literários que ocorreram no mundo durante os séculos alteraram drasticamente, em cada época, a maneira de enxergar o cotidiano e as coisas ao redor. Desde os primeiros contatos dos humanos com a arte, que podem ser evidenciados pelas pinturas rupestres, foi identificado o ar racional que os humanos possuíam, desde o início.
Depois, com a invenção da escrita, o modo de ver o mundo mudou e muito. Surgiram os livros, os poemas, os documentos que comprovavam uma descoberta (como a carta de Pero Vaz de Caminha, que escreveu à Coroa Portuguesa relatando o “descobrimento” do território que iria formar o Brasil), enfim. Foi uma verdadeira revolução.
E, com isso, muitos pensadores utilizaram a escrita para transmitir, durante os anos, os seus pensamentos e outras publicações. E, a partir dessas publicações, que os movimentos literários surgiram, cada um com uma característica. No nosso artigo de hoje, iremos falar sobre um dos movimentos literários mais recentes, que é o Modernismo, falando um pouco sobre as suas fases e outras informações interessantes sobre o movimento. Vamos lá?
O Modernismo
O Modernismo é definido como um movimento literário que teve como características principais as vanguardas artísticas provindas da Europa antes da eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial, tais como o futurismo e o cubismo. A língua artística europeia que foi trazida para o Brasil por meio do movimento condensou-se com elementos da cultura Brasileira, fazendo com que o modernismo mantivesse a tradição cultura do Brasil com as linguagens que eram tendências no continente europeu. Graça Aranha, um artista considerado pré-modernista foi um dos mentores do movimento, que iniciou na década de 1920, com a realização da mostra da Semana da Arte Moderna, que ocorreu em São Paulo.
Fases do Modernismo
O modernismo se divide em várias fases diferentes, cada uma contendo uma característica que pudesse definí-la. Confira, a seguir, tais fases.
Primeira Fase, que durou de 1922 a 1930
A primeira fase do modernismo é, como o próprio nome já sugere, o pontapé inicial para que o movimento começasse a ter espaço no país. Em 1922, foi realizada, em São Paulo, a Semana da Arte Moderna, nos dias 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal. Na época, o evento teve fortes apoios, como o do governador do estado de São Paulo na época, Washington Luís. A cada dia do evento, foi trabalhada uma vertente da arte: um dia para música, escultura, poesia, pintura e literatura. Os principais artistas que participaram dessa semana foram Anita Malfatti, Plínio Salgado, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcante, entre muitos outros.
Essa primeira fase do Modernismo também é chamada de Fase Heroica, por conta de uma corrente artística que tinha o compromisso de renovar as intervenções artísticas com base nas vanguardas europeias. A intenção dos artistas era fazer com que a cultura brasileira rompesse com os ideais passados de arte, passando a valorizar os ideais de liberdade formal, a reedição de textos antigos utilizando as novas formas de arte na linguagem, além de venerar o dia a dia da população, ou seja, dar um enfoque maior ao cotidiano. Os grupos artísticos antropofágicos e do verde-amarelismo, por exemplo, somente surgiram nessa época.
Quando foi realizada, em 1922, a Semana de Arte Moderna recebeu uma onda de críticas conservadores, sobretudo, da mídia, que acusavam os mentores da semana como “subversores da arte” ou, até mesmo, foram chamados de “débeis”. Apenas um jornal, o Jornal Correio Paulistano, que se mostrou a favor da realização da semana, lançando críticas àqueles que se colocavam em oposição à realização da semana.
É válido lembrar também que a Semana de Arte Moderna não foi reconhecida de imediato, tendo sido o momento considerado histórico mais tarde. Apesar de não surtir efeito de imediato, a onda modernista de 22 foi sentida até mesmo nas últimas décadas do século XX, principalmente, no tropicalismo, que foi um movimento da música brasileira que lançou vários artistas hoje renomados da música nacional, como Caetano Veloso e Roberto Carlos. Essa época foi propícia, também, para a absorção de outras culturas musicais estrangeiras, como o pop rock e o rock propriamente dito. Muitos desses artistas, também, sofreram com a repressão da ditadura militar, já que a época do surgimento do Tropicalismo coincide justamente com o início da ditadura instalada por meio de golpe militar (o movimento ocorreu entre 1967-1969).
Segunda Fase, que perdurou de 1930 a 1945
A segunda fase do modernismo, que iniciou em 1930 e terminou em 1945 é repleta de obras literárias com domínio da prova de ficção. Foi nesse período também que as novas formas de arte apresentadas na primeira fase do movimento começaram, de fato, a se espalhar entre os artistas, fato este que faz com que a segunda fase seja conhecida, também, pela alcunha de “Fase da Consolidação”, ou seja, os ideais modernistas passaram a ser difundidos e as suas estruturas começaram a ser edificadas na cultura do país. Nesse momento, onde o Brasil vivia sob o governo de Getúlio Vargas e viu o mesmo instituir um golpe de estado no país sob a argumentação que o Brasil estava ameaçado de um golpe comunista (o Plano Cohen), o modernismo seguiu sendo uma referência no mundo das artes, ainda mais, pela sua consolidação como tal. É válido lembrar que essa época era de enorme turbulência para todo o mundo, visto que o planeta estava em plena época da Segunda Guerra Mundial, que terminou, justamente, em 1945, quando a segunda fase do modernismo também se encerrou.
Terceira Fase, que durou de 1945 a 1960
A terceira fase, assim como a segunda ,iniciou-se imediatamente ao fim da antecessora, e a literatura notou tendências que já faziam parte da segunda fase, que é a prosa de origem urbana, regionalista e bastante intimista. Os poetas que fizeram carreira na fase anterior continuaram a aparecer nessa nova fase, já que a literatura evolui constantemente e os autores, também, se renovam.
A safra de poetas e outros artistas se auto intitularam como a “geração 45”, onde os membros de tal geração tomavam o cuidado de a poesia ser equilibrada e manter o tom sério, sendo que os artistas dessa época passaram a ser chamados de “neoparnasianos”.