Cultura: Museus
Os museus são alguns dos pilares mais importantes da cultura no mundo atual, isso porque eles fazem parte do processo de manter a história e a cultura viva. Os museus são locais onde objetos de valor social, cultura ou histórico são mantidos, a fim de preservar importantes conhecimentos para as próximas gerações. São lugares de extrema importância para as sociedades modernas, inclusive hoje há uma possibilidade muito interessante em relação a alguns museus, pois há aplicativos que oferecem uma experiência de tour por dentro deles, sem precisar sair de casa, é claro que não é a mesma coisa, mas para quem não tem oportunidade de ir até o local, pode ser uma experiência muito enriquecedora.
Os museus não são muito valorizados aqui no Brasil, esse problema não é atual, ele vem de muitas gerações e é causado também por causa de um déficit que acontece na educação e no ensino brasileiro, quando a educação de base não traz incentivos ao conhecimento cultural, ao aprendizado da própria história de um povo, consequentemente se forma uma geração de pessoas sem interesse e sem conhecimento sobre qual é a sua história e sem saber o que já passamos. Um dos maiores problemas é que se forma uma geração de pessoas que aceita tudo que lhes é dado de maneira mastigada, uma geração que não questiona, que não pesquisa, que não procura por conhecimento ou evolução intelectual, e isso vem acontecido por muito tempo no Brasil, uma consequência disso é a situação atual do nosso país e os governantes que foram colocados no poder.
Quando olhamos esse impacto do conhecimento e da educação em grande escala, em um ponto que chega a afetar um país e toda uma nação, causando problemas enraizados a muitos anos e que culmina com grandes mentirosos no poder, o que pode quebrar um país, como vem acontecendo com o Brasil, percebemos porque é tão importante a conservação da história e da cultura, porque é preciso entender da onde viemos e pelo que passamos, para que as pessoas tenham plena consciência de quais erros não cometer novamente, no Brasil o que acontece é quase o contrário, inclusive o brasileiro tem a fama de esquecer fácil, levando o nosso povo a cometer erros semelhantes repetidas vezes.
Quando falamos em conservação da história e cultura, vemos a importância que tem os museus no mundo de hoje em dia, como um exemplo muito importante poderíamos citar o memorial e os espaços de homenagens às vítimas do nazismo que existem na Alemanha. Os alemães hoje sempre dizem que é muito importante não se esquecerem dos horrores do passado, para que a nação alemã nunca mais chegue perto de cometer os mesmos erros e causar tantas coisas ruins novamente. Na Alemanha inclusive é crime qualquer tipo de exaltação ao Nazismo, que eles consideram o pior período de toda a sua história e um dos piores períodos de toda a história humana.
No mundo todo os museus seguem sendo uma das atividades de entretenimento mais procuradas pelos cidadãos e pelos turistas, os museus são muito valorizados e mantidos como lugares com grande importância social, apesar de aqui no Brasil as coisas não funcionarem exatamente dessa maneira, temos alguns museus de conteúdo riquíssimo, temos algumas instituições de grande importância não somente no nosso país, mas também no mundo. Aqui vamos falar um pouco mais sobre o chamado Museu Real, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Museu Real – Rio de Janeiro
O Museu Real foi criado no ano de 1818, em um decreto que se tornou oficial no dia 6 de junho. A sua criação está inserida em um contexto histórico, o qual era tendência na época na Europa a criação de museus e instituições para que pudessem ser exibidos e catalogados itens relacionados às ciências naturais. Inclusive desde o século XVIII já vinham sendo construídos muitos espaços de história natural, jardins para conservações de espécies e para fins arquitetônicos, jardins botânicos, laboratórios e instituições de pesquisa relacionadas ao mundo natural.
Como o Brasil foi uma colônia de Portugal, um país que também foi muito influenciado por essas tendências de estudo, a coroa portuguesa resolveu implantar um local que pudesse ser dedicado à essa finalidade também aqui no país. Em Portugal nesta época foram criadas algumas instituições de ensino especificamente voltadas ao estudo dos recursos naturais e do meio ambiente, que eram considerados fundamentais para a evolução da nação portuguesa e para o desenvolvimento da economia.
O Brasil no campo das ciências naturais era um museu a céu aberto, era um campo ainda inexplorado aos pesquisadores naturalistas, porque sabia-se que aqui havia muita diversidade de fauna, de flora e de recursos naturais, minerais, etc, mas não sabia-se exatamente o tamanho da biodiversidade, quais eram as espécies com potencial de uso medicinal, quais espécies que tinham potencial na indústria dos tecidos, entre outros campos e isso os pesquisadores queriam se aprofundar mais, por isso a partir do final do século XVIII começaram a acontecer muitas expedições para estudo no Brasil.
No ano de 1796 foi criado um jardim botânico no Brasil, no estado de Belém do Pará, mas o Brasil já havia um local dedicado aos estudos da natureza que ficava na cidade do Rio de Janeiro. Esse lugar era chamado de a Casa dos Pássaros e ele tinha um grupo de animais, vivos e em estado empalhado, além disso, também contava com um acervo de minerais, esse local foi fechado no ano de 1813, no entanto, devemos lembrar que no ano de 1808 a família real portuguesa chegou ao Brasil, com isso era necessário para saciar a curiosidade e para o status da família real que no Brasil houvessem instituições de estudo e conservação de descobertas na área de ciências naturais, com isso muitas pesquisas passaram a ser realizadas e se estabeleceu o surgimento do Museu Real no ano de 1818.
O Museu Real tinha como seus objetivos iniciais abrigar um acervo que contava com peças indígenas que datavam desde a época do descobrimento, objetos de arte, objetos naturais, além disso, no local foi instalado o Gabinete de Física e Matemática que não tinha espaço mais para funcionar na cidade de Lisboa. Um dos trabalhos mais importantes que aconteciam no local era o estudo dos efeitos de uso dos produtos naturais de maneira prática, inclusive, a trabalho do Museu Real foi integrado com o trabalho do pessoal do Jardim botânico carioca, para que fossem estudadas as espécies que cresciam ali.
No ano de 1819, em 19 de fevereiro o Museu Real passou a abrigar também o núcleo “Inspetor dos Estabelecimentos Literários e Científicos do Reino”, aumentando assim as áreas de atuação que eram implementadas ali. No mesmo ano houve mais um passo para aumentar a importância do Museu Real para a população, foi deliberado que a entrada do grande público no local seria permitida nas quintas feiras, com o museu se tornando aberto ao púbico, ele passou a promover um papel social de educação ao povo carioca e brasileiro, que naquela época não contava com espaços para conhecimento cientifico, foi um grande passo que se levado adiante e aplicado com mais vigor, poderia ter trazido aos brasileiros uma cultura mais curiosa e de interesse pela ciência e pelos estudos.
Uma ação que foi fundamental para o aumento do acervo existente no Museu Real, foi que durante a administração de José Bonifácio de Andrade e Silva ele fez acordos, dando apoio e incentivos do governo aos pesquisadores, cientistas e naturalistas que vinham da Europa para o Brasil estudar, com isso esses homens da ciência davam parte dos seus achados e das suas coleções pessoais para o Museu Real, uma grande patrocinadora e apoiadora do museu nesta época foi a Imperatriz Leopoldina. O ponto que podemos adicionar aqui é que faltou um melhor gerenciamento do local, uma vez que muitas peças importantes foram levadas embora do Brasil por estrangeiros, peças que hoje valem milhões de dólares, de euros, mas na época, não havia uma administração eficiente quanto ao nosso patrimônio, o que nos fez perder artigos importantes e valiosíssimos da história natural brasileira.