Se você gosta de arte, mas não estudou sobre o assunto, certamente, em algum momento, se deparando com a referência de “Arte Conceitual” parou para pensar o que poderia ser essa “tipologia”, que características definem algo com esse conceito.
A primeira boa notícia é que você não está sozinho nessa falta de compreensão. A Arte Conceitual no Brasil é uma expressão artística que não é bem compreendida. O problema começa de dentro para fora, pois alguns artistas, assim como críticos de arte, tendem a tratar o conceito como a única forma de Arte Contemporânea. Como se fosse uma expressão artística acessível apenas a um grupo e fechada aos demais. Todas ideias e conceitos que não exprimem verdadeiramente o significado de Arte Conceitual.
O Conceito De Arte Conceitual
Usando de total simplicidade, aliás, o que tem muito a ver com a Arte Conceitual, trata-se de uma forma de expressão artística entre outras tantas. É uma forma que um artista plástico tem, entre outras, de expressar o seu trabalho, a sua arte.
Discussão Sobre A Arte Conceitual
Apesar de muito associada a arte contemporânea, há muito tempo inciaram-se as discussões que levaram ao surgimento da Arte Conceitual. O ponto de partida foi o trabalho de Marcel Duchamp, estamos falando da metade do século XX, quando novos artistas e ideias foram surgindo.
Na década de 1960, por exemplo, podemos destacar a Arte Conceitual do grupo chamado Fluxus, que fez sucesso no mundo todo, ajudando a expandir essa nova maneira de expressão artística.
Artistas brasileiros também se interessaram pelo conceito, podemos citar vários exemplos: Tunga, Carlos Fajardo, Artur bairro, José Rezende, Baravelli, Waltércio Caldas e Mira Schendel.
Voltando ao termo Arte Conceitual, é dito que a sua popularização se deu no ano de 1967, graças a publicação da revista norte-americana “Art Forum”. Nas suas páginas, ela mostrou um texto feito pelo artista minimalista Sol Le Witt. O artigo falava justamente sobre o significado de Arte Conceitual, feito com detalhes sobre reflexões que já haviam sido feitos sobre o argumento, além do desenvolvimento de ideias, deixando de lado a obra de arte como material.
Sobre essa última referência, a arte não material, em resumo, o autor falou os pensamentos e reflexões de um artista da Arte Conceitual eram mais importantes que o objeto produzido em si.
Exemplificando de forma simples o que disse o autor do artigo, um quadro todo coberto de tinta vermelha não pode ser visto como uma pintura na qual foi usada uma única cor, mas pode ter sido o caminho que o artista usou para demonstrar a violência do mundo ou sua angústia anterior.
Sobre A Arte Conceitual
Com o exemplo do quadro pintado de vermelho fica mais fácil entender o conceito, saber o que é a Arte Conceitual. É através dessas obras que os artistas querem fazer uma reflexão. São palavras que não são ditas, mas que podem ser vistas, através de traços. Quem observa uma obra conceitual tem a “missão” de captar a reflexão do artista responsável pela obra.
O que faz do público uma parte fundamental para o artista que elabora Arte Conceitual. Pois ele deixa de ser um observador passivo e precisa “mergulhar” na obra e entendê-la, “decifrar” o que foi “dito” pelo artista.
Na Arte Conceitual não dá para resumir uma obra em “pintura de qualidade” ou “bem composta”, exige-se mais do observador, maior reflexão e não dizer se é “ruim ou boa”, mas decifrá-la. É um tipo de arte que pode ignorar completamente detalhes considerados importantes na composição de uma pintura, por exemplo, como o estudo das cores.
Entendendo A Arte Conceitual
Não é fácil compreender a Arte Conceitual, pois ela exige mais que atenção as técnicas, que podem nem existir. É mais uma reflexão profunda do que qualquer outra coisa.
Se um pintor que se dedicava a expressão figurativa tinha que ser um grande conhecedor das técnicas e formas para conseguir desenvolver o seu trabalho, fazer um retrato que fosse fiel ao modelo, o artista conceitual pode dispensar esses conhecimentos, mas precisa se aprofundar em outras matérias. Precisa ser um grande conhecedor da cultua, da história, da filosofia e ter o maior número de informações sobre o contexto que ele está inserido e que gostaria de criar. Somente conhecendo tudo isso em detalhes que ele será capaz de fazer obras visuais consistentes, que façam que observador consiga refletir sobre elas.
Todo esse esforço é considerado de extrema importância para o artista que deseja trabalhar com Arte Conceitual. Se observa que ele não é adequado, quando o mesmo não é capaz de fazer reflexões sobre a própria obra.
Aliás, essa falta de capacidade de descrever a própria obra com consistência faz com que a Arte Conceitual seja associada a uma produção artística pobre, que não merece nenhum tipo de crédito. É para evitar esses conceitos equivocados que é necessário que artistas que se interessem por esse tipo de arte busquem o conhecimento necessário. O estudo é fundamental. É comum que produtores de Arte Conceitual acabem desenvolvendo pesquisas de doutorado e mestrado de artes, pois precisam acumular conhecimentos.
Os Artistas Conceituais Modernos
A Arte Conceitual permite que diversas produções sejam feitas com esse tipo de expressão artística. Arte, fotografia, vídeos, performances, instalações, Land Art e internet art. O artista tem a sua disposição várias formas de expressar a sua arte conceitual, assim como é provocado o tempo todo para desenvolver as mais diversas formas de expressão. Mas, a Arte Conceitual também permite que o artista transite, ele pode sim, aplicá-la em arte tradicional, como gravuras, pinturas e esculturas. É uma produção que não conhece limites e que aceita bem as inter-relações entre o que é tradicional e o que é novo, contemporâneo. Aliás, por conta dessa associação, que é muito comum que esse tipo de arte ganhe um novo nome: Neo Conceitualismo.
O Neo Conceitualismo é um conceito novo que faz referência principal as pré concepções, que são consideradas inimigas de quem quer criar livremente, principalmente, do artista plástico. Seria uma forma de deixar que esse artista faça a sua arte sem compromisso com nenhum tipo de regra.
No meio dos anos 60 surgiu um movimento que valoriza a ideia por trás da arte, botando-a acima de sua forma ou aparência. Com esse movimento foi questionada a necessidade de se expressar a arte visualmente e, com isso, surgiram inúmeras possiblidades para se criar arte fora dos padrões tradicionais.
Alguns meios comuns utilizados na arte conceitual são as fotografias e os textos escritos, mas também há vídeos e inúmeros outros meios. Muitas vezes, mais de um deles é empregado, como no trabalho de Joseph Kosuth, “One and Three Chairs”, que mostra uma cadeira e sua definição conforme um dicionário.
Toda arte que não era a tradicional, como pinturas e esculturas, era classificada como arte conceitual nos anos 60. Hoje, a arte conceitual é aquela vai além da arte material, representando uma ideia na qual o artista utiliza sua obra para disseminar e nos fazer refletir sobre a ideia proposta na obra.
A arte conceitual não é nada mais do que uma vertente do surrealismo. Na qual o artista imagina e o público tenta decifrar. Uma evolução do surreal ao extremo.