Obras de Berthe Morisot

Berthe Morisot foi uma pintora francesa e uma grande representante do movimento impressionista.

Biografia

O seu nome completo era Berthe Marie Pauline Morisot, tendo nascido em Bourges, no dia 14 do mês de janeiro do ano de 1841. Sua família era bastante influente na sua cidade, seu pai, Edmé Tiburce Moristo, era administrador da região, além de ter se formado em arquitetura, já a sua mãe era Marie-Joséphine Cornélie Thoomas, sendo ela sobrinha neta de Jean-Honoré Fragoard, um importante pintor do movimento Rococó. Completando sua família havia ainda duas irmãs, Edma e Yves, e um irmão, Tiburce.

Era uma prática comum das famílias da cidade em que eles viviam que as filhas fizessem aulas de arte, então, tanto Berthe como as irmãs tiveram aulas com dois ótimos pintores da época: Joseph Guichard e Geoffroy-Alphonse Chocarne.

Inicialmente nas aulas as jovens aprenderam a produzir desenhos de parentes. Por volta dos seus 16 anos, Berthe foi apresentada ao Museu do Louvre, junto da irmã, que igual a ela, desenvolveu grande apreço pela arte. Após essa visitada elas aprenderam a observar os quadros de grandes pintores, e a os reproduzir.

Berthe e sua irmã Edma desenvolveram a mesma relação com a arte, o que acabou as deixando muito próximas, porém, Edma se casou com um oficial naval e eles se mudaram para Cherbourg, então ela assumiu a vida do lar, teve filhos, e a pintura acabou não sendo mais protagonista em sua vida. Apesar do afastamento, as duas mantinham uma relação por cartas, onde ambas demonstravam sentir muita saudade uma da outra, e Berthe por repetidas vezes se queixava do afastamento da irmã.

Já a irmã Yves se casou com Theodore Gobilliard, que era inspetor tributário. O pintor Edgar Degas a teve como musa no quadro pintado no ano de 1866 “Mrs Theodore Gobilliard” tal obra está exposta nos dias de hoje em Nova York, no museu Metropolitan Museum of Art.

Edgar Degas

Mesmo com a irmã abandonando a arte, Berthe seguiu firme em sua paixão, ela se registrou como copista no Museu do Louvre, e lá conseguiu se relacionar com vários professores de arte e artistas, como Camille Corot, que se tornou seu grande amigo e a influenciou a experimentar o método de praticar pintura ao ar livre, no ano de 1860.

No ano de 1863 estudou com Achille Oudinot, e no ano de 1864 aprendeu sobre esculturas com Aimé Millet.

Ela se casou com Eugène Manet no ano de 1874, ele era irmão do seu amigo pintor Édouard Manet. Com o marido teve uma filha, no ano de 1878, chamada Julie Manet, que se tornou musa de sua mãe e também de outros artistas do impressionismo. Seu marido faleceu no ano de 1892.

Ela faleceu no dia 2 do mês de março do ano de 1895, em Paris, após contrair uma pneumonia enquanto cuidava da sua filha, que também estava com a doença. Foi sepultada no Cemitério de Passy, em Paris.

Morisot e Manet

Édouard Manet foi um grande amigo de Berthe, eles se conheceram no ano de 1868, e a partir de então desenvolveram uma relação de afeição mútua. Muitas vezes ele é considerado como seu mestre, porém, sabe-se que ele apreciava muito o estilo dela de pintura, inclusive, o usando como inspiração para algumas de suas obras, além disso, foi Morisot que o persuadiu a pintar ao livre e o introduziu no grupo de pintores impressionista. Berthe serviu como musa para um total de 13 obras de Manet.

Inicialmente, Manet não via Morisot como artista, e sim como uma ótima modelo para seus quadros, já que ele considerava a beleza da mesma inspiradora. Quando ele a convida para posar para alguns de seus quadros, ela aceita prontamente, apesar de essa não ser uma conduta comum entre as mulheres consideradas de respeito, principalmente as que faziam parte de famílias tradicionais e importantes.

Contrariando a tradição, Morisot passa horas no ateliê de Manet, pintando diversos quadros a retratando. A relação dos dois passa a incomodar a família de Berthe, que esperava que ela se casasse como era o comum na época, e tal relação poderia prejudicar a sua imagem e ela não conseguiria arranjar um “bom casamento”.

Quando Morisot se casa com o irmão de Manet os seus pais se acalmam, e tal casamento foi fundamental para que a ligação entre os dois artistas se mantivesse viva. Em uma carta escrita por Manet, ele fala sobre a beleza da jovem e de seus talentos artísticos, mas lamenta o fato de ela ser mulher.

Retrato de Berthe Morisot

O casamento de Berthe com Eugène Manet demonstra uma forte quebra das questões relacionadas ao papel da mulher e do homem na época. Após o casamento, Berthe seguiu em sua carreira, mantendo uma vida pública, já o seu marido gerenciava os rendimentos da artista e cuidava tanto da carreira da esposa como da filha do casal. Em um dos quadros de Morisot, “Eugène Manet et sa fille dans le jardin à Bougival”, ela retrata o seu marido cuidando da filha do casal, atividade que era comumente vista como sendo feminina e maternal.

Importância Para O Impressionismo

O impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na França, no final do século XIX, formado por artistas que rejeitavam as convenções impostos pela arte acadêmica da época. As obras de tal movimento se caracterizam por captar a cor e sombra das paisagens assim como as impressões que eram possíveis de se perceber da luminosidade, para chegar a tal ponto, eles costumam pintar o quadro em diferentes horários do dia.

Para o movimento era importante que a tinta conseguisse passar as impressões sensoriais de movimento, som, luz e cor, tudo isso por meio de cores claras e pinceladas que eram mais leves e distintas. Para isso eles estudavam sobre os efeitos ópticos e para a melhor representação, costumavam pintar ao ar livre, pintando figuras sem contornos nítidos, com sombras coloridas.

A primeira exposição de obras de Berthe Morisot ocorreu no ano de 1864, no Salão de Paris, quando ela tinha 23 anos. Nessa exposição ela apresentou dois quadros que retratavam paisagens, e recebeu diversas críticas positivas, o que acarretou na possibilidade dela expor com regularidade no salão.

Quando começaram a serem expostas diversas obras impressionistas, no ano de 1873, ela participou tanto da primeira exposição como das seguintes, faltando apenas na do ano de 1878, que foi o ano de nascimento de sua filha.

A carreira da artista mudou de rumo no ano de 1872, quando ela começou a ter um período mais madura, mudando a sua forma de pintar. Durand-Ruel, um grande comerciante de arte, comprou cerca de 22 quadros da artista nessa época, sendo ele um de seus principais patrocinadores.

No ano de 1877 ela foi descrita por um crítico de arte que escrevia para o Le Temps como a “verdadeira impressionista do grupo”, falando em relação às outras obras que eram expostas no Salão de Paris, e na exposição do ano de 1880, diversos críticos consideraram as obras da artista as melhores dentre as demais.

Berthe assinava seus quadros com seu nome de solteira, sem usar seu nome de casada ou um pseudônimo, demonstrando como ela queria se marcar como artista. Ela foi à mulher de maior destaque entre os impressionistas, e esteve presente em quase todas as suas exposições, apesar disso, ela não recebe tanto reconhecimento como os demais artistas, e isso se deve principalmente ao fato dela ser mulher. Quando há menções sobre o impressionismo, poucas vezes Morisot é lembrada, apesar dela ter sido uma das percursoras do movimento e ter sido um destaque em sua época.