O que Dom João VI fez pelo Brasil?
Dom João VI, rei do Reino Unido de Portugal e Algarve antes de vir para o Brasil e Reino Unido de Portugal, Algarves e Brasil depois da sua vinda, na verdade tinha um nome de nascença bem grande, é ele João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança. Ele era filho de D. Pedro e de D. Maria, a sua mãe se tornou rainha de Portugal quando ele tinha apenas 10 anos de vida, tendo ficado conhecida na maior parte do tempo pela sua bondade e disposição em ajudar as outras pessoas.
D. Maria no final de sua vida ganhou a fama de ter ficado louca, mas a especulação dos historiadores é que ela tenha ganhado esse título justamente por ser uma pessoa boa, enquanto que os conselheiros e outros homens de poder do reino queriam afastá-la do cargo para poderem fazer o que bem entendiam, independente do bem estar do povo português. Com uma declaração assinada por diversos especialistas ela foi afastada e seu filho mais velho e primeiro na linha de sucessão D. José assumiu o trono.
Poucos anos depois de seu irmão assumir o trono como rei de Portugal e Algarves ele acabou falecendo, ficando então a coroa para o seu irmão mais novo, D. João, que não esperava assumir e nem havia se preparado especificamente para isso durante a sua vida. D. João VI como ficou conhecido quando se tornou rei, casou-se com uma das filhas do rei espanhol da época, que era Carlos IV, o nome dela é Carlota Joaquina e a sua personalidade inspirou muitas obras sobre a sua pessoa.
O governo de D. João VI foi marcado por muitos acontecimentos polêmicos e históricos, mas talvez o que mais tenha influenciado nos rumos da história da Europa, de Portugal e principalmente do Brasil foi a disputa com a França de Napoleão Bonaparte que tinha como um de seus objetivos, derrotar os portugueses e provavelmente anexar o seu território, nesse cenário D. João VI se manteve firme enquanto pôde, mas quando percebeu que não havia mais saída, ele então tomou uma decisão que mudou os rumos da história.
O exército de Napoleão Bonaparte era muito poderoso e isso era incontestável em todo o continente europeu, todo mundo sabia do seu poder militar e da eficiência das suas invasões, batalhas e conquistas, quando o cerco foi se fechando e D. João VI soube que Napoleão Bonaparte estava se aproximando de Portugal com as suas tropas, ele então em um ato desesperado resolveu fugir com o seu núcleo familiar e uma pequena corte para o Brasil, que na época era apenas uma colônia de Portugal.
Com a família real chegando para viver em terras brasileiras, não era mais aceitável que o Brasil fosse considerado mais apenas uma colônia do país, afinal que tipo de rei se presta ao papel de viver em uma colônia (isso era basicamente como eles pensavam naquele tempo), dessa forma o Brasil foi anexado como parte integrante de Portugal e inclusive seu nome foi anexado no nome oficial do reino, nome este que passou a ser Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Essa decisão, era mudança na categoria do Brasil mudou muitas coisas para o nosso país, definiu em grande parte os rumos da história que viria durante e depois da estadia de D. João VI e sua família por aqui e mudou também o cenário da economia brasileira na época. É importante esclarecer que isso para o nosso país foi como se recebesse uma promoção no trabalho, como se subisse de cargo, como se subisse de nível, o que na época abriu muitas portas aos brasileiros.
O Que Mudou Com a Elevação De Status Do Brasil?
Primeiramente, ainda que na teoria da situação, o Brasil deixava de ser apenas um subordinado de Portugal para fazer parte do reino, o que lhe conferia um status muito mais independente, pois antes prestava contas e tinha obrigação de mandar muito dinheiro e pagar impostos exorbitantes para Portugal. É claro que o Brasil ainda mandava muito de suas riquezas e pagavas impostos para a coroa, isso não acabou de um dia para o outro, mas a diferença é que agora os próprios brasileiros ou naturalizados brasileiros podiam fazer as suas transações financeiras, os empresários daqui podiam fazer negócios com outros países, sem precisar de intermédio e autorização do rei de Portugal.
Além do reflexo na economia e no bolso da elite brasileira, o status do Brasil, a maneira como era visto no velho continente (na Europa) mudou um pouco, não completamente, pois o Brasil ainda era visto como um país precário, um local de exploração, onde os nativos eram “selvagens”, mas mudou de certa forma, já que uma família real, que na época para muitos ainda era considerada ungida pelos céus, estava a morar aqui.
Para os brasileiros mais pobres nada mudou efetivamente, as mudanças foram percebidas apenas nos níveis sociais mais altos e nos seus bolsos. Apesar de tudo isso, pouco a pouco, essa elevação foi importante para aumentar a sensação de pertencimento ao Brasil e a noção de nacionalidade brasileira, que antes disso pode-se dizer que era praticamente nula, até porque a “população brasileira” que aqui vivia de forma livre, era formada por portugueses nascidos na Europa ou descendentes de portugueses.
Toda essa euforia de nacionalidade brasileira foi uma das coisas que contribuiu para que se chegasse no momento em que foi declarado o ato de independência, que seria realizado anos mais tarde, pelo o filho de D. João VI, o príncipe regente D. Pedro I que ficou no Brasil após a volta de D. João VI à Portugal. Quando D. João VI voltou a Portugal por pressão dos governantes e conselheiros do reino, a exigência que existia por lá era que o Brasil imediatamente voltasse a sua condição anterior de colônia, mas o nacionalismo já estava muito mais forte por aqui, assim como os interesses econômicos da elite brasileira, com isso muito foi feito até que chegasse no momento da independência.
Para ser bem clara, mais do que qualquer sentimento nacional em relação ao Brasil, a elite temia muito perder os seus privilégios de ser uma extensão do reino e não apenas uma colônia, afinal o retorno para o estado anterior traria novamente a proibição de negociações internacionais, causaria um imenso prejuízo aos ricos, comerciantes e donos de produções agrícolas. Diante de todos esses interesses formou-se alguns grupos para defender a independência ou manutenção do Brasil no estado que se encontrava, aos poucos D. Pedro I foi convencido e concordou que o melhor para nosso país era se tornar um império livre de Portugal.
D. Pedro I se tornou o Imperador e apesar de não ter sido um bom governante, provavelmente teria sido pior se o Brasil tivesse voltada para colônia, na verdade nunca saberemos como as coisas teriam sido se no passado tivessem tomado um rumo diferente. O ponto é que esse este estado permaneceu até a proclamação da república brasileira o que aconteceu no ano de 1889, tendo como porta voz o Marechal Deodoro da Fonseca.
Os rumos que o Brasil tomou depois da vinda da família real foram bem diferentes do que se imaginava que aconteceria para o Brasil, vemos muitas outras colônias ao redor do mundo que só se tornaram independentes já no século XX, talvez hoje vivêssemos em um atraso ainda mais se tivéssemos seguido no caminho colonial, o mais importante de ser retirado daqui é que a grande virada na história do Brasil aconteceu com a decisão de D. João VI de vir morar aqui e elevação de status que ele proporcionou ao Brasil.