Quais Eram As Propostas Dos Inconfidentes Mineiros?

Minas Gerais foi por grande parte do período colonial um importante território, já que nele estavam reunidas as diversas minas de ouro que tanto interessavam aos portugueses. No século XVII, ocorre forte diversos deles se mudam para essa região, visando encontrar enriquecimento nas minas, com isso, aumenta a densidade populacional da região, assim como o número de escravos, já que a maioria dos que vinham até o países eram membros da elite portuguesa e buscavam formas de melhorarem ainda mais suas condições de vida.

Durante muito tempo a exploração de ouro foi rentável tanto para os que exploravam quanto para a Coroa portuguesa, mas em determinado momento essa última começou a se sentir roubada, pois queria lucrar mais a cada ano. Com isso, criou diversas medidas que afetavam de forma direta as elites exploradoras das minas. O que acarretou em uma reação contrária a Coroa, criando um movimento que ficou conhecido como Inconfidência Mineira, ou também, Conjuração Mineira.

Quais Foram as Causas Da Inconfidência Mineira?

Seguindo as regras estabelecidas pela Coroa, qualquer um era livre para explorar as terras brasileiras, desde que de tudo que fosse encontrado, um quinto fosse diretamente a Coroa. Dessa forma ocorria com o ouro explorado, onde as pessoas deveriam dar um quinto do encontrado para os agentes da Coroa no Brasil.

Inconfidentes Mineiros

Inconfidentes Mineiros

A produção do ouro começou a declinar no Brasil por volta do ano de 1770, mas as duas últimas décadas do século XVIII foram bem piores, tal declínio da produção gerava como consequência a diminuição do que era arrecadado para a monarquia portuguesa.

Inicialmente, os líderes portugueses acreditavam que os exploradores estavam simplesmente dando menos ouro do que era pedido, por isso, criaram as Casas de Fundição, onde todos deveriam levar o ouro encontrado, e ele era fundido em barras, sendo separado o quinto devido a Coroa, e também os gastos referentes à fundição do produto. Essa primeira medida incomodou de forma mais violenta as classes menos abastadas, já que muitas pessoas não tinham ouro suficiente para ser transformado em barra e acabavam ficando em débito com seus pagamentos, além disso, a medida também afetava o comércio, pois o ouro em pó era a principal moeda de troca usada na época.

Essa primeira medida não foi eficaz aos olhos de Portugal, pois a arrecadação diminuía a cada ano. Então, surgiram duas novas formas de cobrança: a capitação e a derrama.

A capitação era uma forma de cobrar o tributo de todas as pessoas, tanto aqueles que eram livres como escravos. Nesse momento a elite foi afetada, pois, quem era dono de muitos escravos pagava imposto sobre cada um deles, o que acabava sendo um valor bem maior que o quinto que estavam acostumados. Nesse momento muitas pessoas começam a se revoltar contra as medidas tomadas pelo governo português.

A capitação tinha o intuito de aumentar a arrecadação do ouro, o que acabou acontecendo por um curto período, mas logo muitos começaram a ficar sem ouro disponível para realizar tal pagamento. Com a instituição dessa medida também foi instituída uma cota anual obrigatória, a de 100 arrobas de ouro, caso essa cota não fosse atingida, seria cobrada a derrama.

A derrama consistia em uma cobrança extremamente invasiva e impopular, ela era paga por todos da sociedade, onde os agentes do governo luso invadiam as casas em busca de ouro, realizavam tal tarefa de forma extremamente violenta.

No ano de 1788 o visconde de Barbacena, que era o novo governador da capitania de Minas chegou ao país com a ordem dada pela rainha D. Maria I de aplicar a derrama, além de rever os contratos estabelecidos pela exploração das minas de diamantes existentes na região.

Visconde de Barbacena

Visconde de Barbacena

A política visava aumentar a arrecadação de Portugal, assim como reduzir o contrabando.

Nesse momento, todos estavam sendo afetados de forma negativa, tanto os membros da elite quanto as parcelas mais pobres da população. Com a ameaça da derrama se tornando cada momento mais real, um grupo de moradores, membros da elite de Vila Rica, decidiu se reunir para discutir sobre o que estava acontecendo, e para organizar um movimento de revolta contra isso.

Quem Eram Os Líderes Do Movimento?

Nas primeiras reuniões o grupo decidiu que deveriam fazer um levante em Minas e que esse deveria ocorrer no dia da cobrança da derrama, pois esperavam que houvesse grande revolta por parte de toda a sociedade, unindo todos contra a Coroa Portuguesa.

Havia três grupos dentre os articuladores do movimento, sendo eles:

  • Pessoas que estavam descontentes com as medidas tomadas pela metrópole já que elas os afetavam de maneira bem direta, sendo os nomes principais: José da Silva de Oliveira Rolim, Carlos Corrêa de Toledo, Inácio José de Alvarenga Peixoto, José Álvares Maciel e Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes).
    Joaquim José da Silva Xavier

    Joaquim José da Silva Xavier

    A maioria deles iriam ter seus negócios afetados pelas novas medidas, alguns deles eram contra o absolutismo. Tiradentes era encarregado de patrulhar as cargas que saiam das minas, o que poderia ser considerado contrabando.

  • Pessoas que tinham sido influenciadas pelas ideias iluministas, considerados intelectuais: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Luís Vieira da Silva.
  • Pessoas que tinham dívidas altas com a Coroa e que acreditavam que com essa revolta não iriam precisar pagar: Domingos de Abreu Vieira, João Rodrigues de Macedo, Joaquim Silvério dos Reis.

Quais Eram as Propostas Dos Inconfidentes Mineiros?

O movimento se inspirou em grande parte na independência dos Estados Unidos, tendo como suas principais propostas à instalação de uma república em Minas Gerais que fosse independente de Portugal, esperando que São Paulo e o Rio de Janeiro aderissem o movimento depois, a fundação de uma Universidade em Vila Rica, fazer da cidade de São João Dei Rei a nova sede da capitania, e o perdão de todas as dividas com a fazenda real.

O movimento tinha ideias liberais, porém, era extremamente limitado em relação à igualdade, já que foi arquitetado principalmente pela elite do país. Entre outras medidas, desejavam estimular a exploração do minério de ferro e a indústria, assim como criar novas escolas, hospitais e casas de amparo para os mais pobres, mas vale ressaltar que nem de longe essa era a principal preocupação dos líderes da Inconfidência.

A maior questão levantada foi à escravidão, parte dos membros dos articuladores do movimento eram a favor de que a mesma fosse abolida, já que ela não era compatível com um governo republicano, porém, aqueles que usavam a mão de obra escrava não queriam abrir mão desse serviço “fácil”, usando como argumento contrário o fato de que os negros libertados poderiam se revoltar contra os brancos. No final, o movimento decidiu por manter a escravidão.

Também foi criada uma nova bandeira para Minas Gerais, que continha um triângulo elaborado com outros triângulos, em vermelho e azul, e a frase “Libertas Quae Sera Tamen” que traduzida quer dizer “Liberdade, ainda que tardia”. A bandeira atual do estado de Minas Gerais foi inspirada na criada pelos inconfidentes.

Libertas Quae Sera Tamen

Libertas Quae Sera Tamen

Qual Foi O Fim Do Movimento?

Apesar de terem arquitetado um bom plano, os inconfidentes foram delatados por um de seus membros: Joaquim Silvério dos Reis, que o fez para que fosse garantido a ele o fim das suas dívidas com a Coroa. Assim, a derrama foi suspendida, para evitar a revolta iminente, e foi determinada a prisão de todos os acusados.

Alguns dos membros não foram delatados, como Freire de Andrade, os outros foram capturados e levados ao Rio de Janeiro, onde ocorreu um processo que durou três anos, todos negaram a sua participação na revolta, exceto Tiradentes, que assumiu toda a responsabilidade pelo movimento.

No final do processo todos eles foram condenados à morte, porém, no dia seguinte a decisão foi revogada, permanecendo somente para Tiradentes. Os outros foram enviados a exílio, na África ou em conventos portugueses.

Tiradentes foi executado no dia 21 de abril de 1792, foi esquartejado e suas partes foram expostas nas estradas que os inconfidentes percorreram, sendo a cabeça exposta no centro de Vila Rica, para servir de exemplo para próximas revoltas.

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Curiosidades

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