Você é o tipo de pessoa que gosta de visitar museus nos locais para onde viaja? Se sim já deve ter se perguntado como surgiu a ideia de ter num local único a reunião de objetos pertencentes a coleções científicas, arqueológicas, históricas, etnográficas entre outras. Atualmente o museu é entendido como um local para apreciar a arte e descobrir mais sobre outras culturas. Continue lendo para saber mais sobre a origem do conceito e do primeiro museu do mundo.
Museus Pré-Históricos
Algumas escavações arqueológicas descobriram o que pode ser definido como tipos de museus pré-históricos que remontam ao século II a.C., na Mesopotâmia, incluindo o que se acredita ser câmaras mortuárias. Os povos pré-históricos, ao que tudo indica, tinham a necessidade de reunir cópias de inscrições antigas e objetos com o objetivo de transmitir conhecimento para o seu povo no que seria uma espécie de escola daquela época.
Reunião de Coleções no Egito
O hábito de estabelecer coleções a partir da reunião de objetos com algum significado cultural era bastante recorrente no Egito Antigo. Fazia parte do rito de passagem dos faraós terem seus tesouros depositados em suas câmaras mortuárias, inclusive boa parte desses objetos compõem coleções disponíveis em museus do mundo todo. O povo egípcio também se dedicava a reunir objetos com finalidade de estudo para discutir conhecimentos relativos a mitologia, religião entre outros temas.
O Mouseion Grego
Uma das bases de origem do conceito de museu moderno é o mouseion grego, espaço que era uma combinação de templo e instituição de estudo, dedicado as nove filhas de Zeus com Mnemosine (divindade da memória). As obras que estavam dispostas dentro desses espaços tinham muito mais uma função de agradar as divindades do que de serem apreciadas pelo homem.
Ao lado do mouseion estavam espaços conhecidos como thesaurus que eram destinados a abrigar os ex-votos trazidos para as divindades. Foi o acúmulo de ex-votos que contribuiu para a origem dos núcleos museológicos a partir dos quais eram realizadas a triagem, classificação e posterior segurança dos objetos.
Os Museus em Roma
Fenômeno bastante semelhante ao ocorrido na Grécia se deu em Roma, a diferença é que os tesouros não eram depositados somente em templos, mas também em jardins, teatros, banhos públicos entre outros espaços. Também era comum que as famílias adquirissem estátuas e quadros para ornamentar a decoração das suas casas.
Mouseion de Alexandria: O Primeiro Museu da História
A primeira vez em que o termo mouseion foi usado para designar um espaço dedicado ao conhecimento enciclopédico se deu no século II a.C. em Alexandria. Nesse local havia objetos e obras de artes que foram recolhidos em tumbas, templos e santuários com a finalidade de gerar debate e aprofundar o conhecimento daqueles que passavam por lá. Nesse local eram discutidos temas relativos as áreas de conhecimento que existiam na época como astronomia, religião, zoologia, filosofia, mitologia entre outras.
O edifício era consagrado às musas e por ele passavam os mais importantes sábios, filósofos e artistas da época. Nesse museu estava localizada a Biblioteca de Alexandria que acabou sendo destruída. Dessa forma se pode entender esse museu como o protótipo de museu da Antiguidade. O espaço era destinado a arquivo, biblioteca e museu.
Igrejas: Os Museus da Idade Média
A Igreja teve grande relevância durante a Idade Média e seus espaços repletos de verdadeiras coleções eclesiásticas podem ser considerados como os museus da época. As obras de arte, manuscritos e relíquias sagradas depositadas nesses locais eram utilizados com caráter pedagógico. Era recorrente que nesse período a Igreja financiasse artistas para que produzissem obras de arte com temática religiosa.
Renascimento: Coleções Principescas
Foi durante o Renascimento que surgiu o conceito de coleções privadas que nessa época eram chamadas de coleções principescas por serem de propriedade das famílias reais. Colecionar obras de arte se tornou a base para a intensificação da rivalidade entre as famílias reais de toda a Europa.
O conceito de museu passa a ser alterado nessa fase da história em especial pela descoberta de culturas clássicas como a grega e a romana. O colecionismo passa a ter outro viés. A família Médici, nobre italiana, era uma das mais importantes financiadoras da arte tendo contratado o arquiteto e artista Vasari para delinear um novo conceito de museu, algo bem mais próximo do que existe hoje em dia.
Vasari projetou a Galeria de Uffizi (galeria de ofícios), um dos mais importantes edifícios de museu do mundo. Essa galeria conta com um número significativo de salas dedicadas para diferentes escolas e estilos apresentados em ordem cronológica. Nessa galeria estão reunidas obras do século XII ao século XVIII, é tida como a melhor coleção de obras renascentistas do mundo. Conta com obras de Leonardo da Vinci, Giovanni Battista Pittoni, Caravaggio, Michelangelo, Cimabue, Rafael, Peter Paul Rubens entre outros.
Gabinetes de Curiosidades
Os Gabinetes de Curiosidades também surgiram no período do Renascimento como sendo um espaço dedicado à observação de científica e artística. Basicamente eram gabinetes em que se reuniam espécies diferentes para que interagissem entre si oferecendo a possibilidade de maior entendimento a seu respeito.
Eram expostas nesses gabinetes espécies oriundas de explorações ou ainda novas ferramentas sobre as quais ainda não se sabia muita coisa. Esses gabinetes da mesma forma que as coleções principescas não estavam abertos a observação do público ficando restritos somente aos seus donos.
Coleções Públicas
A partir da metade do século XVIII surgiram as primeiras coleções públicas disponibilizadas para a visitação do público. Esse movimento se deu em especial pelo fato de que várias coleções privadas passaram para as mãos dos Estados. Em Paris, o governo, abriu para visitação pública uma exposição com cerca de 100 telas no Palácio de Luxemburgo.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX os Gabinetes de Curiosidades foram deixando de existir e em seu lugar surgiram instituições oficiais e as coleções privadas. Os objetos de arte e história considerados como mais relevantes foram sendo distribuídos para museus que começaram a ser fundados como uma forma de aproximá-los do público. Assim que começaram a surgir os grandes museus nacionais.
Museu Moderno
O museu moderno é um pouco distinto dos conceitos anteriores de museu porque passa a assumir novas funções como a de classificar, restaurar e zelar pela manutenção dos objetos que expõem. Além disso, essas instituições passam também a realizar pesquisas. Um bom exemplo do conceito de museu moderno é o Museu Britânico, em Londres (1753) que se originou a partir de uma doação realizada para a nação. O espaço passou a se manter a partir da cobrança de ingressos.
Nesse momento histórico se intensificou o pensamento enciclopedista e sociedades científicas surgiram. Os principais museus foram fundados em grandes centros urbanos e neles eram realizados trabalhos profundos de análise e classificação. Mais do que um espaço para exibição de obras de arte, os museus, passaram a ser um espaço para produção de conhecimento.
Museu do Novo Mundo: O Modelo Criado Pelos Estados Unidos
Os Estados Unidos criaram um novo modelo de museu que se baseia no mecenato, um incentivo para que as ciências possam ser apresentadas de tal forma que se tornem de fácil compreensão do grande público. O principal exemplo desse modelo museológico é o Smithsonian Institution (1846) que foi criado em Washington como uma forma de legado do James Smithson. Atualmente esse é o maior complexo de museu do mundo contando com 19 museus e 9 centros de pesquisa.
Esse tipo de museu permitiu criar novas formas de expor os objetos de arte como os animais empalhados que são inseridos num cenário que imita seus habitats naturais. O conceito de criação de acervo foi criado nessa fase. O Museu de História Natural de Nova Iorque é um dos que mais utiliza esse recurso.
Museus no Brasil
A primeira experiência museológica de que se tem relato no Brasil é o das coleções de Maurício de Nassau, do Palácio de Vrijburg, levadas para Pernambuco no século XVII. No século XVIII foram criados os jardins botânicos além da Casa dos Pássaros no Rio de Janeiro em que Francisco Xavier Cardoso Silveira taxidermizava animais da nossa fauna criando verdadeiras coleções que eram enviadas para a Europa. Esse espaço se tornou depois o Museu Real ou Museu Nacional (1818) sendo o primeiro museu com viés científico do país criado por D. João VI.
A chegada da família real trouxe para o Brasil o modelo europeu de museus e também coleções que iriam dar origem ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (1937). Destacam-se como importantes museus criados nesse período o Paraense Emílio Goeldi, no Pará (1866) e Museu Paulista de São Paulo (1894). Os primeiros museus brasileiros tinham como foco a exploração de ciências humanas e naturais.
O Museu Histórico Nacional
O Museu Histórico Nacional foi criado em 1922 e foi o primeiro destinado ao nacionalismo. O objetivo desse espaço era por meio da arte e da história ajudar a traçar a identidade nacional. O foco das coleções era demonstrar de forma documental como a nação brasileira surgiu e se desenvolveu. Foi essencial para incentivar a criação de outros museus com esse caráter em todo o país.
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