O Brasil possui uma história muito rica e diversificada, o país possui registros de ocupação humana a cerca de 60 mil anos antes da colonização portuguesa, que ocorreu no ano de 1500.
Uma das formas mais comuns de se contar a história de um local é através dos Museus, que apresentam objetos, histórias e fatos para explicar um pouco como funcionava a sociedade e como foi o desenvolvimento da natureza ao longo dos séculos.
Um estudo realizado no ano de 2011 constatou que o Brasil possuía 3.025 Museus em todo o seu território, tendo com certeza esse número aumentado nos últimos anos. A partir dessa informação, pode surgir uma dúvida: Qual é o museu mais antigo do Brasil? E é exatamente essa instituição que iremos conhecer um pouco mais, logo abaixo:
Qual É O Museu Mais Antigo Do Brasil?
O Museu mais antigo do Brasil é o Museu Nacional, que está vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro. No mês de setembro do ano de 2018 o museu, que era um dos maiores museus de antropologia e de história natural das Américas, sofreu um grave incêndio em sua sede, o que resultou em percas inestimáveis do seu acervo, afetando os registros da formação histórica mundial.
Vamos conhecer abaixo como era o museu antes do incêndio e o que tem sido feito para a recuperação desse grande patrimônio nacional.
Museu Nacional: Um Breve Resumo
O Museu sempre esteve vinculado a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é a instituição científica mais antiga do Brasil. Sua sede está localizada no parque Quinta da Boa Vista, no Palácio de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.
O edifício em que o Museu se localiza por si só já possui uma história extremamente rica, foi residência da família real portuguesa, da família imperial brasileira e ainda foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana. No ano de 1938 o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, anos mais tarde passou a ser sede do Museu Nacional.
Antes disso, o Museu estava localizado no Campo de Santana. Após ser vinculada a Universidade seu acervo aumentou gradativamente, e antes do incêndio, possuía mais de 20 milhões de itens.
Os itens do acervo eram de diversas áreas mostrando registros da antropologia e ciências naturais brasileiras, assim como itens de outras regiões do planeta. A coleção era dividida por áreas, sendo elas: etnologia, arqueologia, antropologia biológica, zoologia, botânica, paleontologia e geologia.
Além do grande acervo de itens históricos, possuía uma das maiores bibliotecas do campo de ciências naturais do Brasil, contando com 470.000 exemplares de livros sobre o assunto, sendo 2.400 deles, obras raras.
Para além das exposições, o museu sempre ofereceu cursos de extensão, especializações e pós-graduação em áreas diversas. Ocorriam várias exposições voltadas ao público geral com atividades educacionais.
O Museu era administra o Horto Botânico ao seu redor, o campus avançado localizada em Santa Teresa e a Estação Biológica de Santa Lúcia, junto do Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Tem como parte dos seus espaços um centro de apoio às pesquisas de campo.
O periódico “Arquivos do Museu Nacional” começou a ser publicado pelos seus administradores no ano de 1876 e existe até os dias atuais, trazendo artigos especializados em ciências naturais.
O incêndio ao museu ocorreu na noite do dia 2 do mês de setembro do ano de 2018, nele foram perdidos verdadeiros tesouros, como registros de dialetos de povos extintos, fósseis, etc. O prédio sede ficou extremamente danificado.
Com o incêndio foi exposto o descaso do governo brasileiro para com a cultura da população, principalmente por meio das redes sociais, onde pessoas do país e do mundo inteiro se manifestaram e se solidarizam com a situação.
No ano de 2019 o Museu Nacional recebeu uma verba de R$ 85,4 milhões de reais para investir nas obras de infraestrutura e recuperação de seu acervo, um pouco mais da metade do dinheiro (R$ 55 milhões) veio do governo, o restante foi obtido através de doações do mundo inteiro.
Agora que você já conhece um pouco do Museu Nacional, pode ser que queira aprofundar seu conhecimento a cerca da história e do acervo desse local tão importante para a cultura e história brasileira. Acompanhe abaixo:
História do Museu Nacional
Levando em consideração que o Museu foi fundado a mais de 202 anos atrás, ele com certeza carrega consigo uma história rica, passando por várias fases da história do nosso país. Vamos conferir essa história de forma mais detalhada abaixo:
De Museu Real até Museu Nacional
A história do Museu Nacional tem início com a fundação do Museu Real por Dom João VI, no ano de 1818. O Museu foi fundado para estimular o conhecimento científico no Brasil. A sede encontrava-se no Campo de Santana, em um prédio do centro da cidade.
O acervo inicial do museu contava com animais empalhados, materiais botânicos, parte de minerais, obras de arte, máquinas e materiais de numismática. As aves empalhadas vieram da instituição chamada de Casa dos Pássaros, que foi fundada antes do Museu Real.
Diversos naturalistas europeus importantes vieram morar no Brasil e passaram a trabalhar para o museu, como Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius. O acervo do museu cresceu com doações de pessoas como Georg Heinrich von Langsdorff e Auguste de Saint-Hilaire, que ofereceram ao museu exemplares etnológicos e naturais.
A partir do ano de 1844, Dom Pedro II esteve no poder, inicialmente ocorreram reclamações a cerca da falta de recursos destinados ao museu, tais reclamações foram feitas pelo diretor do museu da época.
Assim sendo, no século XIX, ocorrem repasses para o museu que volta seu interesse para as áreas de arqueologia, paleontologia e antropologia, sendo as áreas de preferência do Imperador Pedro II. O Imperador era muito interessado pela ciência, e ele mesmo fez doações de diversos itens que adquiriu em viagens, para o acervo do museu, como peças egípcias, exemplares botânicos e fósseis.
Foi no final do século XIX que o museu tomou forma como o centro mais importante da América do Sul em Ciências Humanas e História Natural.
No ano de 1876 ele foi realocado para o prédio onde antes se encontrava a Casa dos Pássaros, na Quinta da Boa Vista. Nessa época ocorre o auge de sua história, aumentando o seu acervo, o salário dos funcionários e sua estrutura física, o que leva a receber várias exposições internacionais. Nessa época o Museu recebeu o meteorito do Bendegó. No ano de 1892 ele é realocado novamente, dessa vez para o prédio atual, o Palácio de São Cristóvão.
Por volta de 1915 foi notado que havia pouco espaço para armazenamento do acervo, que crescia constantemente. No ano de 1946 ele passa a ser administrado pela Universidade do Brasil (que mais tarde passa a ser chamada de Universidade Federal do Rio de Janeiro), ocupando vários prédios que se localizam no Horto Botânico.
Como Era O Acervo Do Museu?
Já citamos que o museu possui o maior acervo da história natural e da antropologia da América Latina, mas, afinal, o que constava no acervo do museu que era de tanta importância?
Vamos conferir abaixo os itens de maior destaque do acervo do Museu Nacional, separados de acordo com as categorias que se encontravam catalogados no Museu:
Acervo de Geologia
A categoria Geologia possui cerca de 70 mil itens, sendo eles subdivididos em outras quatro categorias, sendo elas: paleontologia, meteorística, petrologia e mineralogia.
Os itens do Museu compunham um dos maiores e mais diversificados acervos geológicos brasileiros, tendo sido tombado como Patrimônio Nacional. Confira peças de todas as categorias:
Meteorística
Antes do incêndio, era a maior coleção da categoria do Brasil, possuindo 62 meteoritos. Os meteoritos são corpos celestes (cometas, asteroides, fragmentos de planetas e satélites naturais), podendo ser sideritos (metálicos), aerólitos (rochosos) ou siderólitos (mistos dos dois primeiros). O museu contava com exemplares de todos os grupos, sendo os destaques:
- Meteorito do Bendegó: O maior meteorito encontrado no Brasil e um dos maiores do mundo, composto por ferro e níquel, pesa 5,36 toneladas e possui mais de dois metros de comprimento. Foi descoberto no ano de 1784 em uma fazendo no sertão da Bahia, em Monte Santo. Quando foi descoberto, uma carreta tentou o levar para Salvador, mas ela desgovernou e caiu no riacho do Bendegó, a peça permaneceu no local por mais de 100 anos. No ano de 1888 foi levado para o Museu Nacional
- Meteorito Angra dos Reis: Caiu na baía da Ilha Grande, no ano de 1869, e caracteriza-se por ser um aerólito acondrito (ou angritos), pertencente as mais antigas rochas do Sistema Solar.
- Meteorito Santa Luzia: É o segundo maior já encontrado no país, com 1,36 metros de comprimento e pesando 1,9 toneladas. É composto por ferro e níquel, e foi encontrado no ano de 1922, em Luziânia, Goiás.
- Meteorito Patos de Minas: Outro siderito, encontrado em Patos de Minas no ano de 1925, pesa cerca de 200 kg.
- Estrutura de Widmanstatten: Fragmentos de meteoritos que formavam os padrões de cristais de ferro e níquel dentro do interior de sideritos octaedritos.
- Exemplares estrangeiros: Brenham (siderólito), Carlton (siderito), Glen Rose (siderito) e Krasnojarsk (siderólito palasito).
Petrologia e Mineralogia
Era um dos seus acervos mais antigos, pois foi com rochas que se iniciou a sua coleção. Essa área do Museu era extremamente didática, com diversos núcleos de grande importância histórica.
- Coleção de Werner: Compunha núcleo original do acervo do museu, com 3.326 peças, quase todas as espécies mineiras conhecidas até o ano de 1793.
- Coleção José Bonifácio de Andrada e Silva: Coleção particular do estudioso que ele reuniu ao longo dos seus anos de estudos.
- Exemplares de Quartzo: Várias peças de quartzo, como cristais de rochas, quartzo rosa, ametista, quartzo hematoide, lepidolita, biotita e moscovita.
- Cristal equinoide: Uma calcedônia proveniente da coleção da Imperatriz Leopoldina.
- Rochas: Exemplares ígneos, metamórficos e sedimentares. Itens coletados durante a primeira expedição de geólogos do Museu Nacional à Antártida. Amostra de calcário pisolítico da Bacia de São Jose de Itaboraí. Amostra de petróleo do Poço do Lobato (primeiro poço a produzir petróleo no Brasil).
Paleontologia
Seu acervo contava com 56 mil exemplares paleontológicos e mais de 18.900 registros, sendo um dos mais importantes da América Latina. Era subdivido por paleobotânica, paleovertebrados e paleoinvertebrados, sendo composto em sua maioria por fósseis tanto de plantas como de animais, reconstituições e réplicas. Vários itens foram coletados no início do surgimento da paleontologia.
- Paleobotânica: Possuía mais de quatro mil exemplares, sendo a maioria de fósseis vegetais da Era Paleozoica, e idade Neopaleozoica, que foram extraídos das bacias dos rios Paraná, Chapda do Araripe e Parnaíba. Havia uma amostra do primeira vegetal fóssil coletado no país (um tronco do período Permiano).
- Paleoinvertebrados: De maior volume, possuía 46 mil exemplares e 10 mil registros, sendo a maioria vindo do Brasil e uma parte de países da América do Norte e da Europa. Contava com fósseis de artrópodes (besouros, mosquitos, carunchos, aranhas, caranguejos, libélulas, abelhas, etc), braquiópodes (exemplares coletados em 1870), equinodermes (ouriços de várias espécies) e moluscos. Um das coleções estrangeira de maior destaque era a coleção de fósseis da Bacia de Paris.
- Paleovertebrados: Contava com dez mil espécimes e sete mil registros, com exemplares da fauna fóssil de várias eras, principalmente da Mesozoica e Cenozoica. Os fósseis de peixes eram, em sua maioria, datados do Cretáceo. Havia um conjunto de fósseis de tartarugas também desse período, contando com o registro mais antigo da família Bothremydidae. Registros de fósseis de pterossauros, a maioria da Chapada do Araripe, diversos fragmentos de esqueletos, e exemplares de grande porte. O museu contava com uma coleção de fósseis e reconstituições de esqueletos, como de terapsídeos, Santanaraptor, um crânio de Lambeosaurus, dentre outros. Havia um conjunto de exemplares da mega-fauna brasileira, do Pleistoceno, e diversos fósseis de aves.
- Luiza e antropologia biológica: O Museu possuía vários exemplares relacionados ao processo evolutivo do homem. Um dos destaques eram os remanescentes esqueléticos de mais de oitenta indivíduos pertencente à pré-história, alguns com mais de dez mil anos. Luiza era o exemplar mais famoso da coleção, sendo o mais antigo fóssil humano das Américas, com idade de cerca de 11.500 a 13.000 anos atrás.
Acervo De Arqueologia
O Museu Nacional continha em seu acervo de arqueologia mais de 100.000 objetos, sendo eles bem diversos de forma cultural, com peças das Américas, África e Europa. Os grupos e arqueologia eram: arqueologia egípcia, arqueologia mediterrânea, arqueologia pré-colombiana e arqueologia brasileira.
Arqueologia Egípcia
Diferente das outras áreas, a quantidade de itens não era tão extensa, apesar disso, era a maior da América Latina e a mais antiga também, com cerca de 700 itens. A maioria dos itens entrou para o acervo do museu em 1826, quando uma coleção de antiguidades egípcias foi encomendada pelo presidente da Argentina, mas acabou sendo trazida ao Brasil e arrematada em um leilão por Dom Pedro I. Os principais exemplares eram:
- Sarcófago da cantora de Ámon: Possuía conservado dentro dele a múmia da cantora Sha-Amun-en-su.
- Sarcófagos do Terceiro Período Intermediário: Pertencentes aos sacerdotes de Ámon, Hori, Harsiese e Pestjef. Contava ainda com outras seis múmias humanas, sendo quatro adultos e duas crianças (a de maior destaque era a “princesa Kherima”, que possui somente oito similares no mundo, essa múmia inspirou o filme “O Segredo da Múmia”).
- Estelas: A vasta coleção datava principalmente da Época Baixa e do Período Intermediário. As de maior destaque eram as de Haunefer e Raia, além dessas, um dos exemplares tem autoria atribuída ao imperador Tibério.
- Shabtis: Diversas estatuetas que representavam servidores funerários.
Arqueologia Mediterrânea
Reunia uma exposição de cerca de 750 peças das civilizações grega, etrusca, romana e italiota, a maior exposição do gênero na América Latina. A maior parte da coleção era pertencente a imperatriz Teresa Cristina, que veio para o Brasil no ano de 1843, quando chegou aqui criou um intercâmbio com um estudioso italiano, onde ela recebia peças de outras civilizações e enviava peças indígenas. Os destaques do acervo eram:
- Peças de Pompéia: Um conjunto de quatro afrescos, que foram feitos no século I, adornando o Templo de Ísis. Peças de uso do cotidiano dos moradores da cidade, como vasilhames, espelhos, amuletos, lamparinas, etc.
- Cerâmica: Uma coleção rica de cerâmica de diversas culturas, havendo exemplares de cíatos, ascos, enócoas, crateras, taças, vasos gregos e cerâmicas italiotas.
- Esculturas: O maior destaque ficava por conta de um conjunto de Tânagras, estatuetas criadas no século IV a.C., de origem grega. Havia diversas miniaturas em bronze, e vários fragmentos militares.
Arqueologia pré-Colombiana
O acervo possuía cerca de 1.800 peças da era pré-colombiana, além de algumas múmias andinas. O acervo foi quase todo constituído pelas coleções da família imperial brasileira. Grande parte da coleção era composta por cerâmicas, produtos têxteis plumárias e produtos metalúrgicos, sendo possível, a partir desses objetos, conhecer o cotidiano e a organização social desses povos. As culturas de maior destaque são:
- Nazca: Povo que viveu no Peru a partir do século III. A coleção continha vários fragmentos de tecido com pinturas de animais, figuras humanas e seres fantásticos.
- Moche: civilização que habitou o Peru, a partir do século VIII, tal povo construiu grandes templos e pirâmides. A coleção contava com cerâmicas de alta qualidade e trabalhos de ourivesaria.
- Huari: Civilização que habitou o Peru a partir do século V. A coleção continha vários vasos antropomorfos e tecidos.
- Lambayeque: Povo que viveu no Peru por volta do século VIII. A coleção possuía objetos metalúrgicos e cerâmicos.
- Chimu: Viveu no vale do rio Moche a partir do século X. Há várias cerâmicas antropomorfas e zoomorfas, além de tecidos.
- Chancay: Cultura que viveu no período Intermediário e Tardio. Há várias cerâmicas e exemplares de tecelagem sofisticada.
- Inca: Maior Império da América pré-colombiana se estabeleceu em quase todo o continente americano a partir do século XIII. A Coleção contava com vários objetos de decoração, miniaturas de seres humanas e animais feitos com ligas metálicas e trajes típicos usados em rituais.
- Múmias andinas: O museu continha exemplares conservados naturalmente e também preservados a partir dos costumes funerários dos povos andinos.
Arqueologia Brasileira
O Museu reunia mais de 90.000 artefatos produzidos pelos povos que habitaram o território do nosso país, sendo a maior coleção do estilo no mundo. A coleção foi sistematizada a partir do ano de 1867, e crescia a cada ano. Reuniam em sua coleção artefatos de pedra e madeira dos primeiros habitantes do território brasileiro, diversas peças de uso cotidiano dos povos sambaqueiros, como pratos, chocalhos, vasos, amuletos, etc. As coleções eram separadas em culturas, confira as de maior destaque:
- Marajoara: cultura desenvolvida na Ilha do Marajó no século V até o século XV, sendo a mais complexa socialmente no Brasil pré-colonial. O acervo continha diversas cerâmicas, como urnas funerárias, recipientes usados em rituais e diversos vasos.
- Santarém: Desenvolvida no rio do Tapajós no século X, essa cultura era representada por cerâmicas produzidas em um estilo considerado particular, demonstrando técnicas artísticas avançadas. Além disso, continha algumas estatuetas de pedra.
- Konduri: desenvolvida entre os rios Nhamundá e Trombetas, no século XII, representada na coleção por cerâmicas decorativas.
- Cultura do Rio Trombetas: produziram diversos artefatos em pedra esculpida.
- Miracanguera: povo que habitou a margem esquerda do rio Amazonas, entre os séculos IX a VX, possuindo diversas peças cerimoniais de cerâmica conservadas na coleção do museu.
- Maracá: Cultura desenvolvida na região atual do Amapá, sendo representada no museu por suas urnas funerárias bem típicas, com figuras humanas em posição hierática.
- Tupi-Guarani: Tal cultura habitava o litoral quando os portugueses desembarcaram no território brasileiro. A coleção continha itens de rituais, assim como de uso cotidiano.
- Múmias indígenas: O museu continha os únicos registros de múmias indígenas brasileiras. Consistia em três múmias, sendo uma mulher adulta e duas crianças.
Acervo de Etnologia
Essa parte do acervo continha mais de 40.000 itens, mostrando a cultura material de povos do mundo todo, sendo o maior deles a etnologia indígena brasileira, mas contando também com etnologia africana, afro-brasileira e culturas diversas do Oceano Pacífico. Havia vários registros documentais e sonoros das línguas indígenas brasileiras. Alguns dos itens do acervo eram:
Etnologia Brasileira
- Cestaria: O museu possuía mais de 900 artefatos do núcleo cestaria, expondo peças como máscaras, armas, peneiras, estojos, bolsas, balaios, cestos, redes, esteiras, dentre outros, vindos de diversos povos, tais como: Timbiras, Macus, Tapirapés, Mamaindês, Tarianas, dentre outros. Uma das peças mais raras era o escudo trançado dos Tucanos, além do cesto Baquité dos Nambiquaras.
- Cerâmica: Várias cerâmicas de diversas formas, ornamentações, estilos, origens e funções, abarcando recipientes como potes, panelas, pratos suportes, vasilhas, cachimbos, etc, produzidos por povos como: Bororós, Assurini, Aparaí, Uaurás, dentre outros.
- Instrumentos musicais: Os instrumentos musicais eram usados principalmente em rituais, dentre os exemplares havia: buzinas, trombetas, flautas, apitos, bastões de ritmo, chocalhos, arcos musicais e apitos, sendo eles confeccionados em barro, madeira, cabaças, cascos de animais, ossos, sementes, taquaras, couro, etc.
- Arte plumária: De várias origens, há objetos confeccionas com penas de aves, fibras e conchas, sendo eles objetos ornamentais, usados em rituais ou celebrações. Dentre os itens do acervo havia cocares, aros, capacetes, testeiras, cintos, máscaras e outros.
- Armas e armadilhas: Exemplares de várias armas de guerra e caça, como lanças, arcos e flechas, dardos, espadas de madeira, propulsores de flechas e zarabatanas.
- Núcleos menores: bolsas, sacolas, redes, camisas, vestes, canoas e adornos corporais.
Etnologia Africana E Afro-Brasileira
O Museu Nacional continha cerca de 700 objetos dessas culturas, abrangendo exemplares de povos de diferentes regiões do continente africano, além de objetos de povos africanos que vieram para o Brasil, por meio da escravidão, sendo a maioria deles recolhidos de terreiros e prisões. Os destaques da coleção são:
- Instrumentos musicais: flautas, tambores, chocalhos e
- Peças do Reino de Daomé: Foram dadas a Dom João VI pelo rei Adandozan. O conjunto conta com diversas peças, sendo a principal o trono de Daomé.
- Máscaras de rituais: Conservava máscaras de rituais de várias sociedades, como os Iorubás e os Ecóis.
- Itens da religiosidade afro-brasileira: Durante o período de escravidão no Brasil, os terreiros de candomblé comumente eram invadidos e tinham os objetos confiscados, ficando todos em depósitos policiais. Eles foram recolhidos por Ladislau Neto, um ex-diretor do museu.
Culturas do Pacífico
Uma das coleções mais antigas do Museu Nacional, com origem na coleção de Dom Pedro I. O acervo abrangia objetos de uso cotidiano, armas de caça e guerra e artefatos religiosos. Os povos com artefatos de maior destaque são:
- Polinésia: A maioria dos objetos veio das Ilhas de Cook, sendo eles: conjuntos de machado de pedra e miniaturas de embarcações no geral, que eram usados pelos nativos das ilhas.
- Nova Zelândia: Coleção composta por armas de guerra e caça e outras ferramentas usadas pelos habitantes da região.
- Nova Guiné: Objetos como brincos, machados, adornos, cigarreiras, lanças, armas e bumerangues.
- Costa do Pacífico: Em sua maioria, objetos cerimoniais.
- Ilhas Aleutas: Os objetos de maior destaque são dois casacos de esquimós, um feito com pele de plumas, e outro feito com intestino de foca.
O Que Causou O Incêndio?
O incêndio que destruiu a maior parte do acervo do museu mais importante do Brasil foi causado por um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado.
O Museu vinha passando por problemas financeiros desde 2014, quando seu orçamento, que é vindo do governo, começou a serem reduzidos (passando de 520 mil reais anuais para 54 mil), com isso, os problemas de má infraestrutura começaram a se agravar.
Reconstrução do Museu Nacional
Grande parte do acervo do Museu foi perdida para sempre, mas isso não quer dizer que ele não será reconstruído. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Fundação Vale, iniciaram um protocolo para a reconstrução do local.
Os recursos para a reconstrução vieram da iniciativa privada dessas empresas, sendo também aprovadas emendas positivas para auxiliar em tal reconstrução.
O acervo do museu foi destruído em 90%, tendo como previsão de reinauguração de parte do prédio o ano de 2022, ano em que ele completará 204 anos.