Qual Museu Pegou Fogo no Rio de Janeiro?

A noite de 2 de setembro de 2018 foi uma das mais trágicas da história do nosso país, pois foi quando ocorreu um grande incêndio no Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. Esse museu, que foi a residência da família real portuguesa, abrigava um grande acervo histórico e científico composto por peças colecionadas ao longo dos últimos 200 anos. Havia em torno de vinte milhões de itens de catálogo.

O acervo e a estrutura do museu ficaram bastante comprometidos após o incêndio. Houve desabamento de parte da cobertura além do aparecimento de rachaduras e queda de parte das lajes internas. Continue lendo para saber mais sobre esse devastador incêndio que queimou boa parte do acervo histórico do país.

Deficiências na Segurança Contra Incêndios

No dia 15 de setembro, o Ministério da Transparência e a Controladoria-Geral da União (CGU), chegaram a conclusão de que o Museu Nacional apresentava graves deficiências na sua segurança contra incêndios sendo crucial que fosse atualizada a vistoria do Corpo de Bombeiros.

O museu informou à CGU que tinha fechado uma parceria com o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e que o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro realizaria a visita técnica necessária. É válido mencionar que em 2004 já se havia dado o alerta de que esse museu corria grande risco de sofrer com um incêndio. As instalações elétricas do edifício estavam comprometidas.

Entre 2013 e 2017 os repasses do governo federal ao Museu Nacional caíram pela metade, algo que contribuiu significativamente para as dificuldades de manter a estrutura conservada. Para se ter uma ideia o museu tinha fios elétricos expostos e paredes com a tinta descascando. No ano fatídico do incêndio, 2018, somente R$ 71 mil haviam sido repassados para o museu. Em junho de 2018 o Museu completava 200 anos.

O Incêndio no Museu Nacional

O incêndio no Museu Nacional ocorreu no dia 02 de setembro de 2018 logo que o horário de visitação foi encerrado. As chamas atingiram os três andares da edificação e os bombeiros foram chamados às 19h30 tendo chegado rapidamente ao local. Contudo, às 21h o foco já estava fora de controle gerando explosões e labaredas de grandes proporções.

Inicialmente havia bombeiros de quatro quartéis lutando contra as chamas, esse número precisou ser ampliado para bombeiros de doze quartéis. Uma equipe especializada do corpo de bombeiros entrou no museu por volta das 21h15 com o objetivo de bloquear o fogo na parte de dentro do edifício e avaliar os estragos.

Foram mais de 80 bombeiros trabalhando para tentar o incêndio, as chamas só foram controladas depois de mais de seis horas. A principal dificuldade da brigada foi a de não ter acesso a hidrantes próximos precisando fazer a captação num lago das proximidades cujo transporte era feito por meio de caminhões-pipa.

Muitos dos funcionários do museu assistiram a luta contra as chamas no Museu Nacional sabendo que haveria uma grande extensão de estragos já que muito do que estava dentro do edifício tinha grande potencial para propagar o fogo. O fabuloso acervo do Museu Nacional estava comprometido.

Perdas Causadas Pelo Incêndio do Museu Nacional

As duas principais consequências para o Museu Nacional foram a destruição do acervo e os danos na estrutura dessa edificação com dois séculos de idade.

Perda do Acervo

O incêndio atingiu seriamente os três andares da edificação levando a destruição do acervo e ao desabamento do teto. De acordo com Luiz Fernando Dias Duarte, vice-diretor do museu, foram perdidos o Trono do Rei Daomé, a coleção da Imperatriz Teresa Cristina e os afrescos de Pompeia. Também se perderam outros itens de valor inestimável como os acervos linguísticos e o fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil que recebeu o nome de Luzia.

Também compunham o acervo do Museu Nacional coleções de paleontologia incluindo o Maxakalisaurus topai (dinossauro encontrado no estado de Minas Gerais e o primeiro a ser montado no Brasil de grande porte) e artefatos de cultura africana, indígena e afro-brasileira. Havia até mesmo objetos raros da Tribo Tikuna e itens polinésios. O museu estava sob a administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro tendo caráter científico e acadêmico.

O trabalho realizado por aproximadamente 90 pesquisadores das áreas de antropologia e história natural foi perdido no incêndio. O arquivo histórico foi completamente destruído além de duas exposições que estavam na parte da frente do edifício principal. Parte do acervo não estava no prédio consumido pelas chamas não tendo sido afetada. O Zoológico do Rio de Janeiro, que fica perto do Museu Nacional, não foi atingido e não houve vítimas.

A Questão Estrutural

Parte da área interna do Museu Nacional foi interditada após o incêndio devido o risco de desabamento. Um dos riscos era que as estátuas presentes na parte de cima do edifício desabassem. Ao todo eram 23 estátuas e uma delas já havia se chocado com o chão. Também existia o risco de que as paredes divisórias caíssem levando o edifício a desabar. Adornos e revestimentos podiam se soltar da fachada representando mais um risco.

Após a verificação de que as estátuas estavam mais estáveis se permitiu a remoção de detritos. No entanto, o resfriamento da edificação criava um novo risco potencial de queda de partes internas. Outra questão que a Defesa Civil precisou considerar foi a de que não se podia simplesmente remover os detritos sem uma avaliação, afinal alguns podiam ter grande valor histórico. Dessa forma os detritos foram encaminhados para outro local para que pudessem ser avaliados por especialistas eliminando o risco de perda.

Investigação do Incêndio

A investigação da Polícia Federal (PF) concluiu que a causa do incêndio foi um sobreaquecimento consequência de um curto circuito de um ar condicionado que havia sido mal instalado. A investigação para determinar as causas do incêndio usou tecnologia avançada de escaneamento em três dimensões do prédio com laser instalado na parte da frente do Palácio São Cristóvão e scanner.

Máquinas e drones foram utilizados para criar uma maquete tridimensional do edifício e a partir de imagens de câmeras de segurança se tornou possível identificar o ponto inicial do incêndio. Finalmente coube a perícia fazer uma análise das condições das instalações elétricas do museu chegando a conclusão de que estavam bem comprometidas.

Uma triste página da história da cultura brasileira!

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Curiosidades

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