O Que Aconteceu Após A Inconfidência Mineira?

A Inconfidência Mineira foi um movimento de caráter revolucionário e separatista organizado no final do século XVIII. Também chamada de Conjuração Mineira, esse foi um dos movimentos mais importantes na capitania de Minas Gerais, possuindo um alto grau de relevância histórica para o Brasil, sendo um de seus representantes Tiradentes, nome muito conhecido por todos os brasileiros. Apesar da importância, a revolta foi descoberta pela Coroa Portuguesa antes que realmente ocorresse.

O Que Levou a Organização Da Inconfidência Mineira?

A capitania de Minas Gerais, atual estado de mesmo nome, era a mais rica do Brasil durante o período colonial, devido a suas diversas minas tanto de ouro como de diamante. Após essas serem descobertas, a Coroa Portuguesa focou muito na exploração dessas minas, fazendo com que a capitania crescesse, e aparentemente, prosperasse.

Claro que a capitania de Minas Gerais recebia mais atenção da Coroa, já que era dela que essa tirava a maioria dos seus lucros no Brasil. O foco na exploração intensa acabou fazendo com que as minas começassem a se desgastar e muitas delas foram extintas, o que fez com que a relação entre os habitantes da capitania e a Coroa entrassem em desacordo na sua relação.

Algumas revoltas foram organizadas antes da Inconfidência, como a Revolta de Vila Rica, que foi organizada pelos descendentes de portugueses que viviam na cidade de Vila Rica e estavam em desacordo com as medidas adotadas pela Coroa no local, principalmente pelos altos impostos que eram cobrados. Essa revolta não tinha o caráter separatista, mas sim, a intenção de que esses impostos fossem reduzidos.

O século XVIII traz consigo muita insatisfação por parte dos moradores de Minas Gerais, e a partir da segunda metade dele a Coroa passa a cobrar impostos mais altos e começa uma política fiscal mais rígida. Até então, a Coroa cobrava um quinto do que as pessoas extraiam do ouro, depois, foram criadas as Casas de Fundição, onde o ouro era fundido em barras, e além do quinto, as pessoas também tinham que pagar as despesas para a fundição do seu ouro.

Mas o ápice ocorre quando Portugal determina que o pagamento não fosse mais feito pelo quinto, mas sim, por uma cota pré-estabelecida, sendo essa paga por “cabeça”, determinando também uma quantidade anual que deveria ser alcançada na arrecadação, e, se caso ela não fosse, seria permitido aos soldados portugueses presentes no Brasil invadissem as casas das pessoas atrás de ouro, esse método era chamado de derrama.

O pagamento feito por pessoa acabou afetando diretamente a elite que possuía escravos e tinha que pagar certa quantidade de imposto por cada um deles. No começo o valor anual foi atingido, mas com o passar dos anos e com as minas de ouro e diamantes sendo cada vez menos rentáveis, essa meta não era mais alcançada e começou a ameaça da realização da derrama.

A Organização Da Inconfidência Mineira

Inconfidência Mineira

Inconfidência Mineira

Esse movimento foi organizado pelos membros da elite da capitania de Minas Gerais, eles possuíam ofícios diversos, dentre eles haviam médicos, engenheiros, militares, poetas, padres, comerciantes, dentre outros. Todos eles tinham algo em comum, pertenciam às classes mais abastadas da sociedade, sendo o de piores condições financeiras Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, que tinha como trabalho o monitoramento da estrada entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro.

A insatisfação da população em relação à cobrança de impostos já vinha sendo alimentada há muitos anos na capitania de Minas Gerais, no entanto, por volta de 1780 ela estava em seu índice mais alto, e começou a fervilhar na cabeça dos participantes do movimento uma ideia separatista, o que os livraria por completo das cobranças da Coroa.

A ideia central era reduzir os impostos cobrados sobre o ouro e o diamante extraído, o meio para isso ser alcançado era separar Minas Gerais do restante do Brasil colônia, criando ali uma República. Era fato para eles de que Minas Gerais tinha condições de se manter economicamente sem a Coroa a controlando. O movimento, no geral, defendia os interesses da elite, tinha a ideia de criar Universidades na capitania, mas não tinha intenção de acabar com a escravidão, fato que foi amplamente discutido por eles, mas acabou não sendo mencionado em suas reivindicações.

Eles defendiam que após a proclamação da República seriam organizadas eleições anuais, queriam incentivar a produção econômica da capitania e também planejavam organizar uma milícia nacional composta pelos participantes de Minas Gerais.

Com a possibilidade da derrama comandada pelo Visconde de Barbacena ocorre o estopim do movimento, que tinha a intenção de criar uma revolta popular para o dia que tal derrama seria programada, eles acreditavam que a população iria se juntar a eles em meio a esse caos iminente. A ideia era criar a primeira revolta em Vila Rica, e que depois ela se espalharia por toda a capitania, forçando a Coroa a conceder a sua separação.

O Fim E O Que Aconteceu Após a Inconfidência Mineira

Apesar da ideia da revolta ser promissora e de ter sido organizada por anos, um de seus membros, Joaquim Silvério dos Reis, decidiu que era ainda mais promissor, para ele, denunciar a revolta para a Coroa. Ele fez isso para que as dívidas que ele acumulava com a Coroa Portuguesa, que eram muitas, fossem perdoadas. Além dele, o Visconde de Barbacena recebeu mais cinco denúncias da possível revolta.

Joaquim Silvério dos Reis

Joaquim Silvério dos Reis

Essas denúncias ocorreram no dia 18 do mês de maio do ano de 1789, e levaram ao fim da Inconfidência Mineira, assim como a prisão de diversos dos seus membros. Após saber da organização, a derrama foi adiada e diversos membros da revolta foram levados a interrogatório.

Os julgamentos dos membros levaram cerca de três anos, e as condenações foram diversas, a maioria dos participantes foram condenados ao degredo, que é o exílio permanente para outro continente, outros a prisão perpétua e alguns deles a morte pela forca.

Apenas um dia após a leitura a sentença, a Rainha de Portugal, d. Maria, perdoou todos os condenados, exceto Tiradentes, que foi enforcado no dia 21 do mês de abril do ano de 1792.

Muitos apontam que somente Tiradentes foi o único condenado à morte, pois ele era o único dos membros do grupo que não pertencia realmente a elite, outros acreditam que a motivação foi o fato de que ele era um grande propagandista de tal movimento.

Fato é que a morte de Tiradentes tinha mesmo um caráter de aviso para aqueles que pensassem em criar uma nova revolta: a sua cabeça foi colocada em exposição em meio à praça central de Vila Rica, seus membros foram arrancados e pregados nas estradas onde os membros do movimento passavam para as suas reuniões, suas terras foram salgadas para que nada mais pudesse nascer ali, e seus parentes foram todos declarados infames. A cabeça dele foi roubada apenas um dia depois de ser colocada em exposição, e nunca mais foi encontrada.

Tiradentes

Tiradentes

Apesar de não ter realmente se deflagrado, a Inconfidência Mineira foi importante para mostrar o desejo dos colonos de se organizar contra a Coroa, mostrando que a insatisfação não era única, e ela acabou por incentivando outros movimentos, como a Conjuração Baiana.

A bandeira que havia sido idealizada pelos inconfidentes foi adotada pelo estado de Minas Gerais. Tiradentes se tornou um mártir da Independência, um verdadeiro símbolo, considerado um dos percursores da ideia de uma República no Brasil, movimento que ganharia muito mais força nas décadas seguintes. O Dia Nacional da Liberdade, 12 de novembro, é uma referência a data de batismo de Tiradentes.

No período após o movimento a Coroa continuou cobrando impostos exorbitantes da capitania de Minas Gerais, mas logo foi notado que as minas já não tinham tanto produto para ser extraído, se tornando de conhecimento da Coroa que suas cotas eram inalcançáveis. Após um tempo deu início a industrialização da economia, o que levou a atenção de Portugal para outros setores.

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Categoria(s) do artigo:
História

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