Atualmente, um dos maiores parques urbanos do país, a Quinta da Boa Vista, serviu de residência para a família real entre os anos de 1808 e 1889 (proclamação da República). O parque está localizado na Avenida Pedro II, s/n no bairro de São Cristóvão e conta com aproximadamente 155 mil m2.
Quem visita esse parque se sente numa verdadeira viagem no tempo ao ter a chance de avistar o palácio em que a Princesa Isabel nasceu, o portão fabuloso dado como presente pelo Duque de Northumberland a Dom Pedro I e a Imperatriz D. Leopoldina além das construções originais como o Templo de Apolo. Continue lendo para conhecer um pouco mais da história que acompanha a Quinta da Boa Vista.
História da Quinta da Boa Vista
Inicialmente, entre os séculos 16 e 17, a área em que está localizada a Quinta da Boa Vista era uma fazenda de propriedade dos jesuítas. A ordem de religiosos foi expulsa do local que se tornou então uma propriedade privada. No ano de 1803 o traficante de escravos Elias Antônio Lopes construiu um casarão em cima de uma colina tendo uma excelente visão da Baía de Guanabara, o que deu origem ao nome do local, Quinta da Boa Vista.
O casarão da Quinta, entre os anos de 1803 e 1809, foi conhecido como Paço de São Cristóvão, no período entre os anos de 1810 e 1821 recebeu a alcunha de Palácio Real e durante os anos de 1822 e 1889 foi conhecido como Palácio Imperial. Nos dias de hoje essa construção é conhecida como Palácio de São Cristóvão.
Quando a família real chegou ao Brasil precisava de uma residência oficial e o traficante de escravos resolveu doar a sua propriedade como um gesto de boa vontade. Elias foi bastante esperto, pois sendo a Quinta da Boa Vista a melhor propriedade local certamente seria a escolha de Dom João VI, ao se antecipar recebeu outra propriedade em troca, muitos simplesmente perderam suas casas para os nobres portugueses.
Mudanças Estruturais da Quinta da Boa Vista
A família real resolveu fazer algumas reformas no casarão da Quinta da Boa Vista para que se tornasse adequado aos seus desejos. A mudança mais significativa na propriedade começou a ser feita durante a lua de mel de D. Pedro I e Maria Leopoldina e se prolongou até o ano de 1821. O arquiteto inglês John Johnston foi o responsável por conduzir a reforma.
Nessa época foi instalado o monumental portão dado como presente de casamento a D. Pedro I e a Imperatriz Leopoldina pelo general Hugh Percy, 2.° Duque de Northumberland. Uma curiosidade é que esse portão, atualmente, compõe a entrada do zoológico da Quinta da Boa Vista. Analisando a reforma é possível encontrar grande semelhança entre o palácio da Quinta e o Palácio da Ajuda, em Lisboa, cuja construção ficou inacabada pela invasão francesa ao território português.
Reforma Pós-Independência
No ano de 1822 o Brasil se tornou independente de Portugal e a Quinta da Boa Vista novamente passou por uma reforma. O arquiteto português Manuel da Costa (1822-1826) deu início a reformulação do Paço Imperial tendo sido substituído pelo arquiteto francês Pedro José Pézerát (1826-1831) que recebeu o crédito pela adoção do estilo neoclássico.
Nessa reforma o casarão ganhou um torreão no lado sul, já havia um no lado norte. Também foi nessa reforma que se deu a construção de mais um pavimento em cima dos dois já existentes. Em 1847 o arquiteto brasileiro Manuel Araújo de Porto Alegre prosseguiu no projeto de reforma para trazer mais uniformidade para a fachada. O arquiteto alemão Theodore Marx (1857 e 1868) prosseguiu nesse projeto.
No período entre os anos de 1857 e 1861 o pintor italiano Mario Bragaldi foi o responsável pela decoração de alguns dos aposentos da Quinta. O Imperador Dom Pedro II contratou o francês Auguste François Marie Glaziou para a elaboração de um projeto paisagístico que até hoje é um dos grandes atrativos do parque com destaque para a Alameda das Sapucaias, lagos, pontes e cascatas.
Museu Nacional
O Palácio Imperial, em que a realeza morou, se tornou o imponente Museu Nacional de História Natural ajudando a contar a história do nosso país. Infelizmente no dia 02 de setembro de 2018 a construção passou por um grave incêndio que destruiu parte de sua fachada e estrutura além de consumir os registros da história natural brasileira. A previsão para a reinauguração do Museu Nacional é o ano de 2022 como comemoração aos 200 anos da independência do Brasil.