Na América do Sul encontramos países que são ricos em cultura e tradições bem diferentes do Brasil, é o caso da Bolívia, país que está localizado no centro-oeste do continente, e que possui uma diversidade cultural impressionante.
Há vários fatos curiosos sobre a Bolívia, dois deles podem chamar a atenção de algumas pessoas, sendo eles: o fato do país ter “duas” capitais, e o fato de serem 38 línguas serem consideradas oficiais (a título de comparação, o Brasil possui somente duas línguas oficiais: o português e libras).
Conhecendo Um Pouco Sobre a Bolívia
O território atual da Bolívia já foi parte do Império Inca, o maior da América do Sul antes da colonização pelos europeus. No século XVI os espanhóis chegam ao local, conquistando e colonizando toda a região. Durante o período colonial o país era chamado de Alto Peru ou Charcas, e era administrado pelo Vice-Reino do Peru.
No ano de 1809 o país declara independência da Espanha, porém, passa por 16 anos de guerra até conseguir estabelecer a república no território, no ano de 1825, por Simón Bolívar. A instabilidade política no país se tornou desde então algo constante, passando por ditaduras e diversos problemas econômicos. Atualmente é uma república democrática, e seu presidente é Evo Morales, que se encontra no poder desde o ano de 2006.
O país é considerado em desenvolvimento, possuindo um Índice de Desenvolvimento Humano médio, e altos índices de pobreza. A sua economia é baseada na agricultura, silvicultura, pesca, mineração, alguns bens de produção, em especial tecidos, metais e petróleo refinados. Sua maior riqueza está nos minerais.
A Capital Constitucional da Bolívia é Sucre, mas a sede do governo está localizada em La Paz. Vamos conhecer um pouco sobre essas duas cidades abaixo:
Capital Constitucional: Sucre
A cidade do Sucre está localizada no departamento de Chuquisaca, sendo a sua capital, assim como a capital do país. É a quinta cidade mais populosa da Bolívia. É chamada de capital boliviana de jure, ou seja, a sua capital instituída legalmente. É uma das cidades mais altas da América do Sul, possuindo 2.810 metros de altitude.
Sucre foi fundada no ano de 1538, sob o nome de Ciudad de la Plata de la Nueva Toledo. No ano de 1559 foi instituído nela a Audiência de Charcas, pelo rei Filipe II, possuindo a partir de então, autoridade sobre diversos territórios, inclusive parte do que hoje é o Peru, Chile e a Argentina.
No ano de 1609 foi fundada a sua primeira arquidiocese, e no ano de 1624 a primeira universidade, a Universidade de São Francisco de Xavier. Até meados do século XVIII a cidade era o centro da região, sendo um importante tanto judicialmente quanto pela religião e cultura. O nome Sucre foi atualizado para fazer homenagem ao líder evolucionário Antônio José de Sucre.
Nesse período a economia do país girava em torno das minas de Potosí, quando ocorre o declínio das mesmas, a sede do governo se muda daquela região, indo para La Paz no ano de 1898.
No ano de 1991 o centro histórico do Sucre foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Sendo um importante centro de turismo, cultural e patrimonial do país.
Sede do Governo: La Paz
A cidade de La Paz é a terceira maior do país, possuindo mais de 2 milhões de habitantes. É capital do departamento de La Paz, e se encontra no oeste do país, a 3.700 metros de altitude.
A cidade foi fundada no ano de 1548, inicialmente em um território pertencente a uma comunidade Inca. Após três dias da sua fundação, ela foi transferida para a sua localidade atual, sendo considerado que a sua área era um bom local para o desenvolvimento urbano, principalmente pelo seu clima e relevo, e também pelo rio Choqueyapu, que cruzava a cidade e era rico em ouro.
Seu desenvolvimento foi contínuo, a cidade estava na rota comercial entre Lima, capital do vice-reino do Peru, e as minas de Potosí. A cidade era governada pela Espanha, e ocorreram diversas revoltas a favor da sua independência.
Passou a ser sede do governo no ano de 1899, sendo essa mudança uma controvérsia no país, já que os conservadores queriam manter a sede do governo em Sucre. Em 2007 ocorreu uma votação para decidir a opinião pública sobre as “duas” capitais do país, nela era necessário responder se o governo deveria se manter em La Paz ou retornar para o Sucre, sendo decidido pela maioria dos votos a permanência em La Paz.
Línguas Oficiais da Bolívia
A Bolívia é o país com maior número de línguas oficiais do mundo, a Constituição Política do Estado da Bolívia, que se tornou vigente no dia 7 do mês de fevereiro do ano de 2009, traz no Artigo 5, como idiomas oficiais do país o castelhano e todos os idiomas das nações e povos indígenas:
Artigo 5.
I. São idiomas oficiais do Estado o castelhano e todos os idiomas das nações e povos indígenas originários campesinos, que são o aymara, araona, baure, bésiro, canichana, cavineño, cayubaba, chácobo, chimán, ese ejja, guaraní, guarasuawe, guarayu, itonama, leco, machajuyai-kallawaya, machineri, maropa, mojeño-trinitario, mojeño-ignaciano, moré, mosetén, movima, pacawara, puquina, quechua, sirionó, tacana, tapiete, toromona, uruchipaya, weenhayek, yaminawa, yuki, yuracaré e zamuco.
No total, o país conta com 38 idiomas oficiais, sendo que é obrigatório que cada departamento e também o governo nacional faça uso de ao menos dois idiomas, sendo um o castelhano e outro varia de acordo com a região e necessidades.
Bolívia no Mapa
Os idiomas mais falados no país são o espanhol, quéchua, aimará e guarani, e no total da população, 47% fala ao menos uma língua indígena, 33% da população é bilíngue, e cerca de 11% fala somente uma língua indígena (sem conhecimento do espanhol).
As línguas são faladas de acordo com a região, na parte subandina do país os idiomas proeminentes são o aimará, o quéchua e o chipava, já na região oriental dos Llanos há maior variação entre as demais línguas indígenas, sendo que algumas delas estão em extinção.
Segue a lista dos idiomas do país e a quantidade de falantes de cada um deles:
- Araona: possui 81 falantes;
- Ayoreo: possui 771 falantes;
- Bauré: possui 13 falantes;
- Canichana: possui 3 falantes;
- Cavineño: possui 1.180 falantes;
- Cayubaba: possui 2 falantes;
- Chácobo: possui 550 falantes;
- Chimane: possui 4.000 falantes;
- Chiquitano: possui 5.855 falantes;
- Chiriguanos: possui 33670 falantes;
- Esse Ejja: possui 225 falantes;
- Guarayao: possui 5.900 falantes;
- Itonama: possui 10 falantes;
- Leco: possui 50 falantes;
- Machineri: possui 140 falantes;
- Maropa: possui 10 falantes;
- Moré: possui 76 falantes;
- Moseté: possui 750 falantes;
- Movima: possui 1.450 falantes;
- Pacahuara: possui 18 falantes;
- Sirionó: possui 400 falantes;
- Takana: possui 1.180 falantes;
- Toromona: possui entre 25 a 200 falantes;
- Yaminahua: possui 137 falantes;
- Yuqui: possui 125 falantes;
- Yuaracará: possui 2.675 falantes;
- Tapieté: possui 70 falantes;
- Weenhayek: possui 1.800 falantes;
- Chipaya: possui 1.000 falantes;
- Uru: possui 2 falantes.
Conheça Mais Sobre as Principais Línguas:
- Espanhol: cerca de 49% da população do país fala somente o espanhol, o restante tem conhecimento também de outras línguas. Apesar de ser a língua dos colonizadores do país, a Bolívia conseguiu manter muito das línguas maternas que existiam no local antes da chegada dos europeus.
- Quíchua: Um pouco mais de dois milhões da população boliviana fala o quíchua, que é uma língua que existe no território desde o período dos Incas. No país existe uma crescente onda de valorização da língua, porém, o ensino da mesma se torna complicado, a partir do momento em que há pouquíssimos registros escritos dela, sendo uma linguagem oral, tal quais as demais línguas indígenas.
- Aimará: Há no país cerca de 1,2 milhões de falantes do aimará, sendo muito comum em La Paz. O povo aimará tem recebido apoio do governo para que se desenvolva melhor, e assim, a língua persevere.
- Guarani: língua falada pelos grupos indígenas do país, que possui cerca de 65 mil habitantes, no país.
