A Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira foi uma organização de um movimento que visava culminar em uma revolta no século XVIII. O movimento se desenvolveu na Capitania de Minas Gerais, principal fonte de extração de ouro de Portugal no Brasil colônia.
Os inconfidentes, como ficaram conhecidos os participantes do movimento, se tornaram muito importantes para a história do Brasil, principalmente Tiradentes, que se tornou um verdadeiro símbolo de luta e coragem pela libertação do seu povo.
Apesar de ser um movimento digno e correto, a revolta foi abafada pela Coroa portuguesa antes mesmo de chegar a eclodir. O início do movimento se deu por volta do final da década de 1780, e no dia 21 de abril de 1792 ele chegou ao fim.
O Que Levou a Organização Do Movimento: As Causas Da Inconfidência Mineira
Durante o Brasil colônia Portugal via o território apenas como uma fonte de lucro, sem nenhuma preocupação com a sua população ou com o desenvolvimento das terras brasileiras. Somente as terras que eram lucrativas eram bem cuidadas, mas, ao mesmo tempo, a atenção exorbitante da Coroa acabava fazendo com que os moradores de lugares como Minas Gerais, se sentissem ainda mais revoltados em relação ao governo.
No início da exploração do ouro em Minas Gerais tudo corria bem, diversos europeus passaram a viver em suas terras para extrair o ouro ali encontrado, assim como os moradores da região tinham o direito de extrair o ouro, sendo estabelecido que um quinto, ou 20% de tudo que fosse conquistado fosse enviado para a Coroa. Quem extraísse ouro sem pagar o imposto correto aos portugueses podia ser condenado a penas bem duras, alguns até mesmo eram enviados ao degredado (exílio no continente africano).
Inconfidência Mineira
A exploração do ouro na região era intensa, com isso, o ouro começou a diminuir nas minas, no entanto, a cobrança do imposto continuava a mesma, a Coroa Portuguesa começou inclusive a desconfiar de que não estava recebendo o que era seu direito no que estava sendo extraído. A primeira medida para controlar a população foi a criação das Casas de Fundição, todos que extraíssem qualquer quantidade de ouro tinham que ir até uma casa de fundição para que ele fosse fundido em barra após ser retirado o quinto da Coroa, a partir de então, a população também pagava os custos da fundição.
Nesse primeiro momento essa medida afetou principal a parcela mais pobre da população, que não possuía ouro suficiente para ser fundido e se viu obrigado a viver na ilegalidade, mesmo quem não desejava. Mesmo com as Casas de Fundição a quantidade de imposto arrecada começou a diminuir anualmente, reflexo claro de que o ouro estava se esgotando.
Insatisfeito, o governo português então criou uma nova medida para a cobrança do imposto sobre o ouro. Foi estipulada uma quantidade anual do metal para ser arrecadado em cada região de extração do ouro, que era o equivalente a 1.500 kg. Além disso, o quinto parou de vigorar e a cobrança do imposto passou a ser por “cabeça”, ou seja, cada pessoa pagava a mesma quantidade, independente de quanto conseguiu extrair de ouro, sequer participava ou não dessa atividade.
A partir desse momento a cobrança do imposto passa a afetar diretamente a elite presente em Minas Gerais, já que aqueles que detinham mais escravos tinham que pagar um valor mais alto em imposto, pois ele era cobrado por pessoa.
Além da cobrança exorbitante de impostos, a população mineira, principalmente aqueles pertencentes à elite, notaram que a capitania tinha plena condição de existir e progredir sem a interferência dos portugueses, já que esses criavam medidas para que não houvesse o desenvolvimento industrial e econômico da região por si só, pois era bem mais vantajoso para eles haver uma dependência em relação a Portugal.
Qual Era a Ideia Principal Dos Inconfidentes?
Inicia-se um processo de verdadeiro ressentimento e revolta contra a Coroa Portuguesa a partir da década de 1780. O movimento da Inconfidência Mineira era organizado por pessoas influentes na região, como comerciantes, padres, escritores e militares. Um dos nomes mais importantes foi Joaquim José da Silva Xavier, já que ele foi o representa que sofreu a pena mais dura após o fim do movimento, porém, além dele, outros 35 homens foram julgados.
A revolta piorou quando a Coroa estabeleceu que pudesse ser realizada a derrama, que consistia em uma cobrança compulsória caso a cota anual não fosse atingida, se chegasse o momento dela ser cobrada, os militares portugueses iriam invadir as casas e retirar os bens das pessoas até chegar ao valor estabelecido pela Coroa.
A ideia principal do grupo era transformar a capitania de Minas Gerais em uma República independente do restante do Brasil, no entanto, eles acreditam que a partir do seu movimento outras regiões iriam seguir seus passos e assim o Brasil por completo seria liberto do seu regime colonial. Os moldes da República que seriam estabelecidos seguiam o que havia sido feito nos Estados Unidos.
Apesar de haver uma reivindicação principal, os inconfidentes tinham uma lista de objetivos que era bem clara em diversos pontos, havendo divergência entre eles somente na questão da escravidão. O grupo ficou dividido em relação aos que achavam certo manter a escravidão e os que desejavam a abolir, sendo que o primeiro se sobressaiu e eles acabaram não estabelecendo nenhuma reivindicação em relação à escravidão.
Ideia Principal Dos Inconfidentes
As outras reivindicações incluíam ainda a realização de eleições anualmente, a formação de uma milícia nacional que seria composta por cidadãos de Minas Gerais e que iria fiscalizar a região, a criação de diversos incentivos para o desenvolvimento industrial em manufaturas em Minas Gerais, que iria diversificar a sua produção e fazer crescer a economia e também a criação de uma Universidade em Minas Gerais.
Os inconfidentes entraram em contato com apoio internacional, tanto nos Estados Unidos como na França, onde crescia o Movimento Iluminista e que inspirou grande parte das decisões tomadas por eles. Receberam algumas respostas, porém, o apoio internacional não ocorreu oficialmente.
Os inconfidentes passaram alguns anos planejando a sua revolta, e no ano de 1892, após anos em que a população vinha acumulando uma dívida para com a Coroa, foi determinado que fossem finalmente cobrar a derrama. A ideia dos inconfidentes foi de que a revolta deveria ser instigada para ocorrer no dia da cobrança da derrama, eles acreditavam que esse seria um momento de tensão e medo, mas, que ao ser encorajado, toda a população iria se revoltar contra os portugueses.
O Fim Da Inconfidência Mineira E Suas Consequências
O movimento não chegou ao ponto de se deflagrado, na época, o Visconde de Barbacena é que comandava a capitania de Minas Gerais, e ele recebeu seis denúncias da possível revolta, então, ele suspendeu a cobrança da derrama e determinou que todos fossem investigados. O principal delator foi Joaquim Silvério dos Reis, ele estava envolvido na Inconfidência Mineira, no entanto, tinha muitas dívidas com a Coroa, e a partir da denuncia, elas foram perdoadas. A partir do seu relato foi possível conhecer todos os planos dos inconfidentes e os impedir.
Foram presos inúmeros envolvidos, e o julgamento de todos durou cerca de três anos. A leitura da sentença foi feita por 18 horas seguidas. As condenações variaram entre degredo, prisão perpétua e pena de morte na forca. Apenas um dia após a leitura da sentença, D. Maria, a então Rainha de Portugal, determinou que as sentenças a forca fossem revogadas, dando o perdão a todos os presos, exceto para Tiradentes.
A condenação de Tiradentes foi usada como um exemplo para aqueles que desejavam se revoltar contra Portugal, sua morte foi feita em praça pública como se fosse um espetáculo, e seus restos mortais foram expostos também nas ruas e praças. A sua cabeça foi exposta no centro de Vila Rica (essa foi roubada apenas um dia após a exposição e nunca foi encontrada). Além disso, sua família foi considerada infame e suas terras foram salgadas para que nada mais pudesse ser produzido ali.
