O Peru é um país com uma história bastante interessante que tem início com as civilizações pré-incas como a Moche e Nazca que deixaram uma riqueza cultural inestimável. O próprio povo Inca é um marca da história peruana, prova disso é a quantidade impressionante de turistas que visita Macchu Picchu todos os anos. Depois o território foi dominado pelos espanhóis e com muito custo conseguiu sua independência. Acompanhe essa trajetória a seguir.
Povos Pré-Incas
Entre 700 a.C. e 100 a.C. houve o florescimento de culturas litorâneas como os Moche e os Nazca. Dentre as riquezas culturais deixadas pelo povo Moche destacam-se os instrumentos de metal e trabalhos de cerâmica. Por sua vez a cultura de Nazca contribuiu com a humanidade por meio de seu trabalho com têxteis e com as enigmáticas e curiosas Linhas de Nazca.
A queda da hegemonia dessas culturas se deu pelas intempéries que acometiam a região com frequência, em especial enchentes em alguns períodos. Não demorou para que as culturas do interior do território peruano, como os Tiwanaku e os Huari, se tornassem as predominantes.
Queda dos Incas e Ascensão dos Espanhóis no Peru
Os espanhóis chegaram ao Peru no ano de 1531 e encontraram uma nação dominada pelo povo Inca. A civilização inca estendia seus domínios por um longo território que ia desde o norte do atual Equador ao centro do Chile, o centro ficava em Cuzco. Francisco Pizarro, conquistador espanhol, se aproveitou do fato de que o Império Inca estava debilitado por uma guerra civil para capturar e executar o imperador inca Atahualpa em 16 de novembro de 1532 na Batalha de Cajamarca.
A cidade de Cuzco foi reestabelecida em 23 de março de 1534, porém, como uma colônia da Espanha. Houve um período de revolta dos nativos e os espanhóis passaram a usar um sistema que era chamado de encomienda em que os locais precisavam trabalhar para o governo da Espanha recebendo em troca catequização e proteção. A terra pertencia ao rei da Espanha que a arrendava para os desbravadores que usavam a mão de obra indígena para a criação de gado, galinhas e plantação.
Morte de Pizarro e Vice-Reino do Peru
Pizarro que se tornou o governador foi assinado em 1541 por uma facção cujo líder era Diego de Almagro (El Mozo). Com isso o regime colonial foi abalado e se desencadeou uma guerra civil. Para tentar retomar o controle a Espanha criou em 1542 o Vice-Reino do Peru que se estendia por quase todo o território espanhol nas Américas. Em 1717 foi criado o Vice-Reino de Nova Granada e em 1716 o Vice-Reino do Rio da Prata reduzindo o tamanho do Vice-Reino do Peru.
No ano de 1544 a Espanha enviou Blasco Núñez Vela para ser o vice-rei local, no entanto, ele foi assassinado por Gonzalo Pizarro que era irmão do ex-governador Pizarro que também havia sido executado. A Espanha agiu rapidamente e enviou Pedro de la Gasca para ser o novo vice-rei, ele por fim reestabeleceu o controle espanhol ao capturar e executar Gonzalo Pizarro.
O território peruano passou por um processo de reconstrução para se parecer mais com uma vila espanhola e suas cidades passaram a ter nomes cristãos. Lima, fundada por Pizarro em 18 de janeiro de 1535, se tornou a capital do vice-reinado
Roubo de Riquezas e Revoltas Indígenas
Embora a invasão espanhola ao território Inca não tivesse como objetivo um genocídio chegou bem perto. Boa parte das populações indígenas locais foram dizimadas pelos conquistadores espanhóis que aproveitaram para extrair a riqueza de ouro e prata do país. O povo indígena remanescente ainda tentou retomar o controle do seu território, somente durante o século 18 foram realizadas 14 revoltas de grande porte com destaque para a de Juan Santos Atahualpa em 1742 e a de Tupac Amaru de 1780.
A Independência
No dia 28 de julho de 1821, José de San Martín, da Argentina, declarou a independência do Peru. O processo que levou a essa ação foi lento e teve como fomento o crescente desentendimento entre a elite local que era conhecida como elite criolla e a Espanha. Deve-se observar, contudo, que a emancipação peruana apenas fez com que o domínio do povo nativo passasse das mãos do reino espanhol para as mãos da elite local.
A independência veio realmente em dezembro de 1824 quando o general Antonio José de Sucre conseguiu derrotar as tropas espanholas na chamada batalha de Ayacucho. O império espanhol ainda tentou reconquistar o território peruano através da batalha de Callao, porém, em 1879 finalmente reconheceu a independência.
Disputas de Território
A independência dos espanhóis deu origem a um novo desentendimento militar, dessa vez entre o Peru e seus vizinhos pela divisão do território. A principal disputa (guerra do Pacífico de 1879-1883) foi com o Chile que tendo mais força militar derrotou o Peru mesmo com a aliança feita com a Bolívia. O resultado foi a perda do território de Arica pelos peruanos e questões mal resolvidas deixadas por essa guerra até os dias de hoje.
A fronteira com o Equador gerou desavenças em 1941 quando houve uma troca de bens para acabar com a proeminente Guerra Equatoriana-Peruana. No ano de 1981 novamente houve um desentendimento militar e em 1995 outra vez uma disputa, a Guerra do Cenepa. Finalmente em 1998 as duas nações assinaram um acordo de paz que fez a demarcação de territórios.
Reconstrução do Peru
Após ter passado pela Guerra do Pacífico e ter perdido uma região com importantes jazidas de nitrato, o Peru, precisava se reconstruir. O presidente Nicolás de Piérola foi um dos responsáveis pelo processo de reconstrução e um dos representantes do que fico conhecido como “República Aristocrática” haja vista que quase todos os presidentes eram da elite.
No começo do século 20 foram criados os primeiros partidos políticos peruanos com liderança de Raúl Haya de la Torre (fundador da Aliança Popular Revolucionária Americana – APRA) e José Carlos Mariátegui (criador do Partido Comunista Peruano). Claramente duas forças políticas opostas. O último faleceu ainda jovem e o primeiro se tornou presidente duas vezes conseguindo evitar golpes militares.
Golpe Militar
No dia 29 de outubro de 1948, o General Manuel Odría, tornou-se presidente destituindo o titular da cadeira no momento, Bustamante y Rivero, aplicando um golpe militar. Esse período ficou conhecido como Ochenio e se caracterizou por um governo com pautas de direita, mas sem deixar de descambar para o populismo. Ao contrário do esperado Odría permitiu que eleições fossem realizadas, ganhou o pleito de 1956 o candidato de direita Manuel Prado Ugarteche.
No ano de 1962, na nova eleição, foi observado uma possível fraude e isso fez com que fosse instalada uma junta militar sob o comando de Ricardo Perez Godoy. Seguiu-se um governo de transição de Godoy e novas eleições foram convocadas em 1963. O vencedor foi Fernando Belaúnde Terry da Frente Nacional da Mocidade Democrática.
A história peruana é marcada por diversos golpes de estado com destaque para o mais recente que se deu entre os anos de 1968 e 1980 que teve como ação inicial a deposição de Belaúnde por Juan Velasco Alvarado Geral. Em 1975, Velasco, foi substituído por Francisco Morales Bermúdez. Em 1979 foi criada uma Assembleia Constitucional sob o comando de Víctor Raúl Haya de la Torre.
Democracia
Na década de 1980, Fernando Belaúnde Terry, foi novamente eleito presidente e começou o processo de redemocratização abrindo alguns jornais que haviam sido fechados pelo regime ditatorial. Uma das marcas do governo de Belaúnde foi o apoio para a Argentina na Guerra das Malvinas contra a Inglaterra em 1982 e a tentativa de dar fim a acordos do Peru com os Estados Unidos.
A popularidade de Belaúnde que começou nas alturas acabou sofrendo uma queda abrupta devido ao insucesso em conseguir estabelecer a paz entre a Argentina e a Inglaterra, a herança de problemas econômicos do governo militar anterior e a chegada do “El Niño” entre 1982 e 1983 que acarretou em enchentes e outras intempéries. A resposta do povo nas urnas foi a eleição de Alan García do Aliança Revolucionária Popular Americana (APRA) em 1985.
O governo de García sofreu com a hiperinflação e uma das soluções foi substituir a moeda corrente que era chamada de Sol pelo Inti em 1985. Os problemas econômicos contribuíram para a eclosão da violência no Peru. No ano de 1990 o povo peruano elegeu o até então desconhecido Alberto Fujimori. A inflação caiu drasticamente nesse governo, contudo, aumentou a distância entre os mais ricos e os mais pobres.
Autogolpe
No dia 5 de abril de 1992, Fujimori, dissolveu o Congresso aplicando o que foi chamado de autogolpe. A partir de uma revisão da constituição ele convocou novas eleições congressionais e deu início a um processo de privatização de empresas nacionais. Esse governo teve como marca o combate aos insurgentes como os do grupo Sandero Luminoso. Os excessos do uso de força e os verdadeiros massacres realizados por esse governo ficaram marcados na história.
Renúncia de Fujimori e Novos Caminhos
Mesmo sendo bastante questionável do ponto de vista legal, Fujimori, se candidatou a um terceiro governo e saiu vitorioso em 2000. No entanto, provas de que se governo utilizava práticas de suborno fez com que a situação se tornasse insustentável e assim ele renunciou. Houve um governo provisório de Valentín Paniagua que foi substituído pelo presidente eleito nas eleições de 2001, Alejandro Toledo, líder da oposição a Fujimori.
Com dificuldades, Toledo, suspendeu algumas liberdades civis e deu poder aos militares para o reestabelecimento da ordem em 12 regiões. Em 2006, o ex-presidente Alan García venceu as eleições. No dia 28 de julho de 2011 foi a vez de Ollanta Humala assumir a presidência.