A mitologia amazônica é extremamente complexa, sofrendo a influência de vários povos nativos e, depois, dos colonizadores e das culturas afro. Porém, algumas histórias míticas são, se não idênticas, muito parecidas entre os povos originários, sendo perpetuadas até os dias atuais. Estes mitos servem para explicar conceitos morais, balizar costumes e elucidar conhecimentos complicados ou muito abrangentes, como o início do mundo, da sociedade, da própria cultura, etc.
Os mitos diferenciam-se das lendas justamente neste ponto. Possuem um caráter educativo, que ilustra os conhecimentos através de histórias baseadas em fatos reais, mas às quais são adicionados elementos fantásticos como justificativa para certos desfechos. São também racionalizações, ainda que fantasiosas, do inexplicável, daquilo que o homem não pode controlar, como as coincidências e as fatalidades.
A mitologia amazônica segue exatamente estes preceitos, porém, com uma variedade grande de versões para cada mito, mas que sempre propagados pela oralidade.Um dos mais conhecidos mitos amazônicos fala de um espírito protetor das matas, que possui a forma física de uma criança, mas com os pés voltados para trás. Seu nome mais popular é Curupira. Esta história se encaixa perfeitamente para explicar os maus dias de caça, mas também para ensinar o respeito à mata e aos animais que nela habitam. Bem como, serve para proteger o ciclo de vida das presas dos povos amazônicos, dando chance de procriação dos animais que eles consomem.
O Curupira ataca os caçadores que caçam por diversão, que matam as fêmeas grávidas ou os filhotes.Outra fábula importante da mitologia amazônica diz respeito à dominação do fogo pelo homem. É um mito que muito se assemelha ao de Prometeu, da Grécia Antiga. Na história amazônica, Japu (ou Japuaçu) é enviado ao céu pelo pajé de sua tribo, na qual todos estavam sofrendo com o frio e a escuridão, para roubar um pouco do fogo celestial, que era guardado pelo raio.
Apesar de conseguir, Japu não saiu impune, seu rosto foi desfigurado pelo fogo, e acabou por se tornar um pássaro. Esse mito ilustra bem como os primeiros usos de fogo pelo homem estavam ligados às labaredas criadas pelos raios, e ainda instrui sobre o cuidado que devemos ter ao manejar o fogo junto com o perigo que os raios representam.Mas a mitologia amazônica é muito mais rica.
Histórias sobre a criação da noite e do dia, sobre os primeiros legisladores e sobre as características dos entes da selva, como animais e plantas, existem aos montes entre os povos descendentes das culturas indígenas originárias. O que se pode dizer é que a mitologia da Amazônia é tão ou mais complexa do que as mitologias antigas (de Roma e Grécia) nas quais se baseiam os conhecimentos e as culturas ocidentais.