Quilombo com maior atuação reivindicativa em toda a época colonial do país. Situada na capitania de Pernambuco, de modo preciso na serra da Barrica, local que na atualidade pertence à zona municipal União dos Palmares, em Alagoas.
O auge do quilombo aconteceu por volta da segunda metade do século XVII, período emblemático em que as guerras contra capitães do mato estavam intensas. A resistência durou de modo oficial por mais de um ano. Acabou virando espécie de mito e símbolo moderno afrodescendente contra escravidão e “segregação social – discriminação racial”, como já diria a banda Ponto de Equilíbrio.
Antecedentes: Quilombo dos Palmares
As primeiras notas históricas sobre o movimento quilombola remota da década de 1580, quando os portugueses ainda não tinham conseguido expulsar franceses e holandeses dos limites geográficos brasileiros. Porém, os engenhos já trabalhavam a todo o vapor e junto com eles as primeiras fugas de afrodescendentes escravizados nas Capitanias da Bahia e de Pernambuco, isso tudo no período denominado União Ibérica.
No final do século XVI o quilombo ocupou área considerada vasta em cobertura de palmeiras, região que se estendeu de Santo Agostinho até o rio São Francisco. No século seguinte a território foi reduzidos para Sirinhaém e Uma (Pernambuco); São Francisco até Penedo, em Alagoas.
Apogeu dos Quilombos dos Palmares
Em plena época das invasões da Holanda em terras nacionais e por causa das intensas perturbações promovidas em cada itinerário exercido dentro dos engenhos a revolta cresceu entre os afrodescendentes, que passar a formar mocambos, considerados núcleos de povoamentos. Vale ressaltar quatro zonas: Macaco, Subupira, Tabocas e Zumbi.
Características do Quilombo dos Palmares
Mesmo com os relatos na histórica representa tarefa difícil delimitar o número de habitantes dentro dos Palmares. Porém, a estimativa aceita é que no ano de 1670 existiam cerca de vinte mil habitantes.
A população vivia à base de agricultura, coleta de frutas, pescas e caça. Quase todas as mulheres praticavam artesanatos comercializados com regiões vizinhas. O crescimento aconteceu em níveis significativos ao passo dos colonos alugarem terras para plantar em troca de armas e munição à luta contra a elite dominante do nordeste brasileiro colonial.
Quanto à organização política dos Palmares as informações históricas também são escassas e duvidosas. Parte dos pensadores aponta que na região se formou autêntico Estado sob a ótica e dos reinos africanos.
Certos mocambos eram governados por oligarcas e chefes supremos. Outra doutrina aceita nos livros de história está na descentralização do poder das diferentes etnias que formavam a estrutura quilombola, ou seja, a liderança acontecia de modo natural conforme a evolução e prestígios das forças militares dos candidatos a líderes.
Não se por ignora o fato de que Ganga Zumba e o sobrinho (Zumbi) foram lideranças que ficaram conhecidas para a eternidade. Porém, existem pensadores que apontam outros nomes destaques consideráveis que não ganharam o mesmo espaço na história das lutas. Vale ressaltar ainda que conjuntos de trabalhos compulsórios também aconteceram dentro dos quilombos.
Repressão Contra Quilombos dos Palmares
O governo português ficou sem inimigo real após a expulsão dos holandeses e pode se concentrar nos problemas dos Palmares. Senhores do engenho perceberam que a mão-de-obra estava ficando escassa e prejudicada de maneira direta na produção açucareira da região. Com o aumento do preço de escravos capturados na África os portugueses se concentrarem em atacar os Palmares e recapturar parte dos integrantes.
Porém, o cenário não estava favorável aos portugueses no campo interno. Com a desatenção do passado os Palmares conquistaram prosperidade e causaram receio ao próprio governo colonial que para não correr o risco de sofrer golpes resolveu atacar a região em massa. Nas cartas que a Coroa Portuguesa recebia ficava evidente que os quilombos estão mais preparados do que os próprios holandeses.
Para erradicar de modo completo o Quilombo dos Palmares o governo organizou 18 expedições que começaram o trabalho desde antes do ápice da disputa entre portugueses e holandeses na primeira metade do século XVII.
Fernão Carrilho liderou o último quartel; Capturou e oferece a Ganga Zumba um tratado de paz no ano de 1677. De acordo com os termos a coroa oferecia liberdade aos nascidos nos quilombolas e nas terras inférteis de Cocaú. A maioria do corpo militar afrodescendente rejeitou o acordo.
Ascensão de Zumbi dos Palmares
De fato, nem mesmo o Quilombo dos Palmares escapou das constantes brigas entre irmãos por conta do poder. Como não aconteceu acordo entre o poder e reprimidos, Ganga Zumba foi envenenado. O irmão Ganga Zona assumiu a liderança – ele era aliado dos portugueses.
A população nos Palmares não ficou de braços cruzados observando a ascensão de Portugal após a dolorosa morte de Ganga Zumba. Milhares de dissidentes se estabeleceram nas regiões e retomaram o poder com a liderança de Zumbi, que virou o rei dos Palmares.
Com Zumbi no poder o movimento passa pela fase mais conhecida na história. O romantismo aumentou junto com a violência. O novo rei aboliu a estratégia de defesa e convivência passiva com o poder para atuar na forma de guerrilha, com táticas de ataques surpresas no engenho em virtude de planos que estabeleciam liberdade aos afrodescendentes. A mudança estratégica trouxe maior número de suplementos, munições e armas a serem usadas para futuros ataques.
Depois de diversas tentativas de contar o avanço de Zumbi, Caetano de Melo e Castro, governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, contratou os serviços de Domingos Jorge Velho e do Capitão-mor Bernardo de Melo no sentido de erradicar a ameaça das revoltas e fugas que atrapalham a ordem produtiva ao império português.
O líder Zumbi foi morto em emboscada. A cabeça cortada foi conduzida até Recife no sentido de ser mostrada em praça pública e servir como exemplo aos escravos. Com a morte dele o movimento enfraqueceu e se desfez no ano de 1710.
Escravidão no Quilombo: Parte dos pensadores aponta que mesmo contra a escravidão os líderes quilombolas aplicava regime escravo de modo interno sob a ótica do conservadorismo africano, com diversos níveis sociais: Reis, generais e escravos.
Porém, a forma de escravizar era diferente dos portugueses. Parte das regras era acultura os escravos recém-libertos e diferenciar os que chegaram à região por próprios meios ou que chegaram via incursões de resgates.
Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier