A Visão Política de Maquiavel

Inclusive os sociólogos modernos concordam entre si ao afirmar que Nicolau Maquiavel comentou grande parte do próprio raciocínio político na Obra “O Príncipe”, matéria indispensável em dezenas de áreas acadêmicas diferentes. O autor procurou tratar de informações sobre como os governantes deveriam agir no sentido de avançar o reinado e os tipos de virtudes necessárias para se chegar às conquistas.

“Os Fins Justificam o Meio”

Não se pode ignorar o fato de que não se sabe ao certo se foi mesmo Maquiavel que afirmou a frase, no entanto grande parte do senso comum acredita que o pensador italiano cunhou a mensagem. As palavras afirmam que os reis devem fazer tudo no sentido de se chegar os objetivos, ou seja, manter o poder.

Críticos enxergam alto nível de desumanidade, em principal para o povo, que na época morria em massa por causa da estratégia militar tratada por nobres. Ignorar as virtudes dos meios é não merecer os fins, acreditam os críticos do italiano.

Geopolítica da Itália de Maquiavel

No período final da Idade Média e início do Renascimento a Itália estava em situação ruim no campo político. O país estava sendo invadido por poderosas nações estrangeiras, como França e Espanha.

Em Roma, o corrupto Alexander Borgia ganhou a eleição papal por meio de suborno e se apropriou das riquezas da Igreja para benefício dos próprios familiares. Na região de Florença, a outrora poderosa família Médici, patrona das artes e projetos cívicos, estava em declínio, perdendo e ganhando força nas últimas décadas.

Partes da Itália se tornaram Repúblicas, como Genova, mas outras cidades, Veneza, por exemplo, caíram nas mãos dos ditadores. Não houve monarquia hereditária para governar o país, ou mesmo existia governo centralizado.

Cada cidade italiana era pequena nação em si, governadas por famílias oligárquicas que eliminavam os concorrentes dos negócios com crueldade em excesso de forma a inspirar as ordens da máfia italiana moderna. Itália começou a se dividir e não poderia se unificar ou defender a península contra os agressores.

Foi um mau momento para ser italiano da plebe! Nicolau Maquiavel nasceu nesse tempo instável, no ano de 1469. Ele serviu em cargos governamentais menores, banido ou aprisionado por vezes na carreira. Por sinal, escreveu a obra “O Príncipe” enquanto esteve em reclusão fechada. Escrituras regadas a altas doses de vinho.

No auge da vida política era espécie de conselheiro político da família Borgia. O chefe da família, Alexandre Borgia, foi o Papa, filho mais velho era Cesare Borgia, um jovem guerreiro sanguinário, cujo nome era sinônimo de traição, assassinato e obsessão por poder.

Nicolau Maquiavel e “O Príncipe”: Pensamento Político e Teoria do Governo Eficaz

Maquiavel, desiludido com a briga ineficaz e lutas entre as cidades italianas viu a eficácia dos membros da família Borgia em manter o poder. Ele formulou a teoria de governo eficaz em um tratado conhecido como “O Príncipe”.

Afirmou que bons governantes devem aprender a agir “sem bondade”, dispostos a pôr de lado as questões éticas de justiça, honestidade e bondade no sentido de manter a estabilidade do Estado.

A ideia era chocante aos contemporâneos que herdaram os ideais medievais sobre a realeza divina, na qual o rei foi designado por Deus ao propósito expresso de servir como espécie de líder vice-celestial na Terra em defesa do direito e das leis.

Na crença popular medieval o rei era o avatar da virtude humana com autoridade natural sobre os seres inferiores na hierarquia cosmológica. Por outro lado, Maquiavel argumenta que os reis bem sucedidos não eram os únicos que agiram de acordo com ditames da lei, a justiça ou consciência, mas àqueles dispostos a fazer o que for necessário para preservar a herança no topo do poder, por consequência manter ordem ao Estado.

Esse título, “O Príncipe”, na verdade, representa escárnio sutil da ideia de que os governantes devem ser nobres no caráter. A implicação do título é que o líder idealizado representa mero conto de fadas. Maquiavel foi excomungado por defender os pontos de vista. Os argumentos causaram profundo efeito sobre as atitudes do Renascimento em relação ao governo.

Na literatura, como drama renascentista, o líder se tornou um vilão estereotipado que parece ser bom na frente de todos os companheiros, quando na verdade usa os meios para conquistar o fim, no caso, não perder as guerras e permanecer no poder com baixo risco de rebelião por parte das massas.

Inclusão de Borgia no Príncipe: Maquiavel

“Maquiavélico” se tornou sinônimo de traição, dissimulação, ambição e crueldade. O trecho a seguir pode valer no campo histórico. Ele aparece pela primeira vez na propaganda alemã, cerca de cem anos depois da vida de Maquiavel. Trata do relato do conselho ao Cesare Borgia em sufocar a rebelião da Duquesa de Sforza com rapidez.

“Meu príncipe, aconselho você a tratar com Caterina Sforza sob a bandeira branca. Os soldados estão na fortaleza e demoram meses para erradicar os rebeldes. Quanto mais se luta maiores são as chances de tropas leais e treinadas serem abatidas. A batalha deve ser encerrada. Portanto, o meu conselho é este. Tratar com Sforza sob uma bandeira branca e ao pretexto de paz. Uma vez que ela é prisioneira, tire as roupas finas e coloque na gaiola de ferro para desfile na frente das tropas rebeldes, estupre diante os olhos de todos antes de matar. As forças inimigas reconhecem quando o líder é capturado e humilhado”.

Na prática a única certeza paralela entre a obra original e os registros contemporâneos é que Caterina Sforza foi rebelde e Cesare Borgia teve êxito em reconquistar o distrito. No entanto, apesar da passagem ser apócrifa de origem, não captura a essência da política maquiavélica, mas sim aos olhos e ideais dos contemporâneos que revisaram “O Príncipe”.

O duque de Sforza tinha acabado de morrer. Rebeldes em Compagna se levantaram contra os governantes de Borgia sob a duquesa viúva, Caterina Sforza. As forças rebeldes lutaram durante três meses de combates sangrentos e devastaram a paisagem. Cesare Borgia perguntou Maquiavel o que fazer. O pensador aconselhou terminar a Guerra de modo rápido.

Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier

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Categoria(s) do artigo:
Filósofos

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